32. O Número 1008

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DOMINIQUE

— Antes de mais nada eu devo avisar que às oito horas da noite de hoje, que é quando eu completo 24 horas de desaparecimento, a escola designa uma quantidade considerável de policiais a minha busca. Devo avisar também que não demora muito para que cheguem aqui.

— Está dizendo que não vai ligar para a escola e se justificar? — ele sorriu. — Vai deixar que descubram que está aqui?

— Isso não é problema para mim.

— Você brinca com o fogo, Reis.

— Não. — respondi. — Eu brinco com cálculos. Eles me dizem que eu estar vivo ainda é um capricho seu.

Ouvi o gatilho de uma arma sendo puxado atrás de mim. Não me virei, sabia que era Tílio.

— Tem toda razão. — ele disse. — Matar você era bem mais simples, colocariam um idiota no seu lugar e teríamos passe livre à escola.

— E estaríamos chamando atenção antes da hora. — Jotta se levantou — A maior proteção da princesa naquela escola é Dominique, qualquer rebelde sabe disso, qualquer pessoa, arriscaríamos que ela voltasse à capital, e isso é algo que não pode acontecer.

Fixei aquela informação na minha mente. Por que ela não podia voltar para a capital?

— Você tem que raciocinar, velho. — ele serviu um copo de uísque para mim.

— Sei que já estou farto dessa espera toda. — ele guardou a arma e sentou novamente.

— Meu pai sabia que tudo deveria ser feito no seu tempo. Vamos lá, Dominique! Por que reluta tanto? Estamos do mesmo lado.

Eu nada disse. Ele sentou de novo. Peguei o copo de uísque e me encostei na parede, ficando mais distante dos dois.

— O que quer, rapaz? Uma negociação? — perguntou o tio.

Eu virei para ele.

— Se o motivo pelo qual não aceito não é medo, com certeza não é por dinheiro que eu vou aceitar.

— Ele quer garantia. — falou Jotta e me encarou. — Quer uma garantia de que não vamos machucá-la.

— Você está errado. — falei. — Eu não quero nada. Podemos querer a mesma coisa, mas você e eu somos pessoas bem diferentes. Eu tenho um princípio, qual o seu?

— Proteger Camellia.

Eu ri.

— Parece que ele não acredita em você, Jotta. — Tílio debochou.

— Vocês têm algum plano, que eu ainda não sei qual é, mas pretendo descobrir, e tenho certeza de que não envolve proteger Camellia.

— Dominique, eu não quero matar você. — disse Jotta.

— Pode acreditar que eu também não tenho nenhum desejo de morrer. No entanto, está nas suas mãos, não é? Qual risco você vai correr? Matar-me e arriscar que Anna volte para a capital ou deixar-me vivo e arriscar nunca conseguir ter acesso a Anna?

— Bem que me disseram que vocês estavam próximos. — ele disse. — Você fala dela como se fossem amigos.

A porta abriu e aquela mulher mais uma vez entrou.

— Baby, eles chegaram. — ela anunciou.

— Certo.

Ele se levantou junto com o tio.

— Tenho que resolver algumas coisas agora, Dominique, você fica aqui. Retornamos daqui a pouco.

Eles saíram e eu me sentei no sofá. Eu tinha que pensar no que diria quando retornasse à escola, não seria possível mentir, eu tinha que dizer que estava ali, do contrário, ficaria bem mais fácil descobrirem minha mentira.

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora