Flor De Um Reinado: Convertei-vos

13. Senhora Chefe

ANNA

Assim que cheguei ao grande auditório com Gabriella, quis sentar logo na frente. Era a primeira vez que eu participaria da iniciação pessoalmente e não só pela TV, eu estava realmente animada.

— Ano passado Maryam Porter fez a apresentação de abertura. Estou ansiosa para saber quem trarão esse ano, talvez alguém da Peônia, adoro os cantores de lá.

— Eu vi a apresentação ano passado pela TV, achei incrível. Depois vão passar aquele vídeo grande, não é?

— Sim, e vou ter oportunidade de ver sua entrevista, não consegui ver.

— Eu vi a sua, e ri muito. É sempre muito divertido entrevistar você, aposto.

— Eu adoro fazer as pessoas rirem.

— E é por isso que você é tão adorada.

— Anna, Deus moldou você como a amiga perfeita para mim, adoro receber elogios.

Eu ri.

— Então não vou hesitar em dá-los.

Foi então que meu olhar se focou nos guardas que estavam próximos ao palco, especialmente em Dominique que estava ali, ele não me olhava nenhum pouco amigável. Mas eu simplesmente não resisti ao impulso de acenar, na esperança de que seu jeito frio fosse apenas coisa da minha cabeça. Ele, no entanto, fingiu não ver meu aceno e me ignorou.

— Para quem você está acenando? — Gabriella perguntou e se virou na direção do meu olhar. — Ah, o guarda bonitão. Anna, acho que isso é o mais saidinha que já vi você ficar.

— Não estou saidinha. — reclamei sorrindo.

Ela apenas riu. A iniciação começou com as boas vindas dos diretores e logo depois a apresentação de Severin Horstman, da Begônia, foi uma bela apresentação. Depois disso, como todo ano, foi colocado o longo vídeo repassando todas as entrevistas. Eu estava tão feliz por estar ali, esperava que desse tudo certo.

Depois de um pequeno discurso, os diretores chamaram o conselho de príncipes e princesas da escola, James era o presidente, como eu já bem sabia. Minha surpresa foi quando anunciaram que eu também faria parte daquele conselho, papai não havia me avisado. Acho que deveria pressupor que eu já sabia. Levantei do meu lugar e caminhei para o palco.

Quando subi lá em cima, alguém apareceu com um microfone para mim, agradeci e logo me pus a falar. No entanto antes que eu pudesse dizer uma frase inteira sequer, um som estridente soou pelo alto falante, depois disso algo que eu não podia esperar aconteceu.

Pelo auditório inteiro era possível ouvir minha voz, meu grito, meus gritos. Eu fiquei parada ali em cima por longos segundos sem saber o que fazer, com aquelas lembranças. Todos poderiam apenas supor o que estava acontecendo naquele áudio, mas eu sabia exatamente o que estava acontecendo. Por que as pessoas eram tão cruéis?

— Por favor... — minha voz soou em tamanho desespero — Por favor, não... não... não...

Eu fechei os olhos, respirei fundo, como aquilo doía. Por que uma lembrança doía tanto? Não deveria doer assim, era passado, eu não estava mais lá, eu havia sobrevivido, graças ao meu Pai, ao meu Senhor. Eu não precisava mais ter medo, eu sabia disso.

Quando o áudio finalmente foi desligado, eu sabia que alguém deveria cortar o silêncio, e eu jamais seria a garota que fugiria, não fui ensinada dessa forma. Com minha força, eu era capaz de vencer qualquer situação difícil.

— Isso... — comecei a dizer. — Isso foi realmente terrível. Eu sinto muito por vocês terem ouvido essa gravação. — fiquei alguns segundos calada, pensando nas próximas coisas que eu deveria falar. Dei alguns passos para trás. — Está tudo bem agora? — perguntei a alguém que estava no backstage, ele assentiu. — Que bom, é preciso que tenhamos cuidado com essas coisas. Eu sinto muito, sinto muito mesmo. — percebi que algumas pessoas ali estavam mais assustadas que eu. Era hora de continuar. — Bem... Como eu dizia antes, eu não esperava que como acabei de chegar, já estaria no conselho, mas fico contente pela escolha, vai ser uma honra fazer parte desse grupo de príncipes e princesas que eu tanto admiro. Farei de tudo para acrescentar de forma positiva a essa escola. Muito obrigada mesmo. — sorri discretamente.