8. O Grupo 12

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DOMINIQUE

Consegui uma folga da escola naquela noite para ir até em casa, dei a desculpa de que meu pai estava passando mal. Ele queria me mostrar algo que havia chegado, disse que era perfeito para o plano, então eu fui.

No dia seguinte os alunos chegariam, inclusive a princesa Anna, e ele falou que poderíamos usar o que havia chegado na recepção.

— Dom, Dom, que bom que chegou. — Meu pai estava sozinho, significava que era algo sério. — Sei que já temos algumas coisas traçadas, mas falta algo para a recepção e acho que encontrei.

— O que?

— Vamos sentar.

Fomos até a mesa da cozinha, que era onde tínhamos essas conversas mais sérias.

Ele abriu seu notebook.

— Eu consegui um áudio da princesa.

Assim que ele disse isso, eu sorri. Finalmente teríamos uma prova concreta de quem era a verdadeira princesa Anna.

— Coloque os fones. — ele disse e eu coloquei.

Ele soltou o áudio, e assim que ouvi o primeiro som, eu tomei um susto. Era um grito, um grito agonizante, um gemido de dor, seguido de uma respiração forte e outros gritos ainda piores. Eu pausei e tirei o fone rapidamente, percebendo o que eu estava ouvindo.

— Isso é o que eu acho que é? — perguntei ao meu pai.

— Sim, áudio de tortura. Todos sabemos que 3 anos atrás a princesa foi sequestrada e passou mais dois meses desaparecida. É de se imaginar que eles tenham feito tudo quanto é de ruim com ela.

Eu lembrava desse ocorrido, a princesa foi levada por rebeldes e sumiu por semanas, ninguém nunca revelou claramente tudo que aconteceu com ela, haviam apenas especulações, alguns diziam que ela apenas ficou trancafiada em algum lugar com pouca comida e água, outros diziam que ela foi torturada e abusada enquanto esteve lá, eu particularmente nunca havia acreditado nessa última versão, porque se tivesse sido de fato assim, Anna estaria traumatizada demais para ainda querer assumir o poder.

Todos os rebeldes ficaram ansiosos torcendo para que, se a princesa conseguisse retornar de onde estava, ela estivesse com medo o suficiente para não querer mais o trono. No entanto, quando isso aconteceu, tudo que saiu para a mídia foi que ela estava bem, não houve pronunciamento da princesa, e ninguém falou sobre o assunto, agiram simplesmente como se nada tivesse acontecido. Nunca vi Anna falar sobre isso..

Mas ali eu finalmente tinha uma prova do que aconteceu. Não foi um cárcere tranquilo, houve tortura. Os gritos dela não deixavam negar.

— Com quem você conseguiu isso, pai?

— Eu consegui de um amigo, que tem um amigo no grupo 12.

— O grupo 12. — repeti. — Achei que havíamos decidido não nos associarmos ao grupo 12, muitas pessoas o consideram terroristas. Nós não somos como eles.

— Mas lutamos pelo mesmo objetivo. Há vários grupos que sabem quão perto estamos dos nobres, que somos mais discretos, estão dispostos a nos ajudar. Eu não concordo com o tipo de ação do grupo 12, nunca seria capaz de fazer isso com uma menina de 15 anos, não importa quão ruim ela seja.

— Vão achar que somos iguais a eles.

— Mas não somos, e é isso que importa. Você disse que a recepção é feita no auditório, há ótimos alto falantes lá, eu pensei que você poderia encontrar uma forma de soltar esse áudio no local. Seria uma ótima maneira de começar, fazer a princesinha lembrar dos piores momentos de sua vida, e ainda fazer isso em público.

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora