58. Sinto Algo Pulsar

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DOMINIQUE

Enterrei meu avô e, com isso, senti que enterrei parte de mim, uma parte que eu já estava disposto a deixar para trás. Meu pai esteve presente, bem como o meu tio, que não parava de fazer perguntas sobre a visita de Anna a nossa casa.

Pedi aos meus amigos que não viessem, eu não queria ter que lidar com eles logo. Eu não estava triste; não, eu já pedia aquilo por meu avô há bastante tempo, eu não queria que ele continuasse a sofrer, eu só queria que ele fosse em paz, e ele foi. Meu avô e sua mulher não era rebeldes, eles era inocentes e foram acusados injustamente, foram torturados. Ela morreu e ele ficou tetraplégico por toda a vida. Ele era jovem, tinha dois filhos pequenos e se viu diante da maior desgraça de sua vida, por isso sentiu raiva e dor até o momento se sua morte. Mas não naquele momento, não antes de morrer. Ele pode me abraçar pela primeira vez e disse que estava tudo bem.

E quem estava no meio disso tudo? Anna. Aquela flor, era isso que ela era, era uma flor, assim como falei quando nos conhecemos. Era um menina linda. Quando olhei para ela naquele beco, vi a mesma menina que eu vi sair de dentro do mar, e entendi porque Anna falou que naquele dia nós nos conhecemos em essência, em coração. E foi realmente isso, naquele dia eu soube que Anna era boa e forte, mas minha cegueira me impediu de perceber isso.

E agora que a ficha havia caído eu tinha muitos problemas para resolver, o primeiro deles consistia no fato de que ninguém podia saber que eu havia mudado de lado. Isso devia acontecer por dois motivos: o primeiro era que aquilo era uma proteção para Anna, enquanto eu fingisse ser um rebelde, poderia saber melhor do grupo 12 e do meu tio. Se descobrissem que havia mudado de lado, tentariam me matar e encontrariam alguma forma de me tirar da escola. O motivo número dois é que eu ainda pretendia destruir aquele grupo, e desmascarar James antes que pudesse prejudicar Camellia, isso aconteceria por dentro e não por fora. Tinha um ponto muito importante naquilo tudo, o mais importante, eu tinha que achar Thomas Hawkbat e aquilo seria o meu principal foco nos próximos dias, eu ia encontrar aquele nobre.

Mas antes de qualquer coisa, havia uma pessoa com quem eu queria muito falar, para quem eu queria muito contar o que havia acontecido. Fui até a cozinha assim que saí do quarto de Anna, fui ver minha mãe.

— Ei — ela disse assim que me viu. — Como Anna está? Soube que ela foi baleada.

— Ela está bem, está se recuperando. Eu posso falar com você?

— Sim, sim, vamos para o meu escritório.

Ela lavou as mãos e fomos para seu escritório. Assim que sentamos um de frente para o outro, eu comecei a falar.

— Veja bem, eu tenho uma coisa importante para dizer.

Ela respirou fundo.

— Não precisa falar mais nada, eu já entendi o que veio me dizer. Consigo ver nos seus olhos.

Ela escancarou um sorriso enquanto a primeira lágrima saia.

— Você estava certa.

— Agora me diga uma novidade — ela brincou. — O que aconteceu?

— Ela levou aquele tiro por mim.

— Mas é claro, está apaixonada e é corajosa. Tenho que agradecê-la por isso.

— Anna é uma boa pessoa.

— Melhor que todos nós.

— Ela deve ser a rainha, é a melhor pessoa para isso. E eu descobri que meu propósito de vida está ligado a ela, e tudo isso tem a ver com Deus. Eu ainda não sei bem como tudo isso se liga, mas sei que devo protegê-la, devo ficar ao seu lado. Eu não vou saber lhe explicar isso muito bem, mas é apenas o que eu sinto que devo fazer, é o meu instinto mais forte.

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora