30. Nossos Próprios Objetivos

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DOMINIQUE

Eu saí da minha casa naquela noite e me dirigi rumo à escola, porém, antes mesmo que eu pudesse sair da minha rua, três carros pararam na minha frente fechando a minha passagem, dali saíram vários homens armados. Coloquei a mão na arma, mas sabia que não ia dar em nada, eu era apenas um.

— Saia do carro desarmado. — disse um deles.

Sem outra opção, eu apenas saí do carro com as mãos à vista.

— Eu não quero problemas. — falei.

— Muito menos nós. Você vem com a gente.

Eu não precisava perguntar para saber quem queria encontrar comigo. Era Jotta. Entrei no carro junto com eles, rapidamente tirei o uniforma da escola, não poderiam associar um ao outro.

Demorou um pouco até que chegássemos à casa onde eles estavam, era uma mansão, eu nunca tinha vindo até ali, mas sabia que não era ali que ficavam.

Eu desci do carro, eles me serviram uma garrafa de cerveja e me deixaram esperando em um poltrona confortável. Não entendia bem qual era a intenção deles, mas me deixaram esperando um tempo. Já era madrugada quando finalmente alguém apareceu, e ainda não foi nenhum dos dois, mas uma mulher bastante bonita.

— Sr.Reis? — ela chamou.

— Sim? — perguntei.

— O chefe está lhe esperando em seu escritório.

— E é você que vai me levar até lá? — perguntei.

Ela apenas sorriu e saiu andando, eu a segui pelo corredor. Entramos em um grande escritório no último andar da casa. Jotta estava atrás de uma mesa, Tílio bebia confortavelmente em um sofá. Havia outros dois caras ali, mas Jotta fez sinal para eles que se retiraram.

— Dominique Reis. — Jotta se levantou e apertou minha mão. — Já estava na hora de nos conhecermos pessoalmente.

Eu seria cordial com eles enquanto fossem cordiais comigo, e enquanto pensava no que deveria fazer.

— Eu preferiria que não.

— Seu tio já deve ter falado da nossa proposta.

— Sim, e acredito que já devem saber a minha resposta.

— Como das outras vezes, não, imagino.

— Isso. Posso ir agora?

— Não, dessa vez não vou aceitar que negue tão facilmente.

— E o que vai fazer?

— Você vai passar um dia conosco, vamos conversar com calma.

— Eu devo retornar à escola.

— Você já faz isso há anos, aposto que vai achar uma boa desculpa para sua ausência quando retornar. Agora sente-se, há algumas coisas que quero saber de você.

Eu permaneci em pé. Ele sorriu.

— Dominique, eu não entendo porque resiste tanto a se juntar a nós.

— E eu não entendo porque insiste tanto que eu entre pra esse grupo. Vocês já não têm tudo que precisam?

— Não temos o que mais precisamos, você. Você é o chefe da guarda daquela escola, e faz seu trabalho bem, por isso muitos grupos rebeldes não têm sucesso lá dentro, apenas o seu, porque você permite.

— Se eu deixar que todos os grupos rebeldes entrem, então o meu disfarce cai e o objetivo do meu grupo morre.

— É claro, você tem toda razão. Ainda assim, os métodos do seu grupo são fracos. Os do meu não. Se nos uníssemos, conseguiríamos sucesso em nosso objetivo, que é fazer com que Camellia nunca mais tenha uma rainha mulher.

-— Eu não quero matá-la.

— Está aí uma coisa que não consigo entender. Matá-la resolveria tudo para você.

— Tiveram dois meses para fazer isso e ainda assim não fizeram. Também não consigo entender isso.

— Temos nossos próprios objetivos. — ele olhou para o tio. — De toda forma, também não planejamos matá-la, queremos apenas amedrontá-la.

— Você realmente não espera que eu acredite nisso, não é?

— Tivemos dois meses para fazer isso e não fizemos, que prova maior eu teria te dar?

— Por quê?

— Nosso objetivo vai além de apenas eliminá-la, estamos lidando com algo grande, Dominique. Nós dois não queremos que ela governe em Camellia e nós dois não queremos que ela morra. Por que não nos unimos?

— Ainda assim, acredito que o modo como querem machucá-la não é o modo como eu quero machucá-la.

— Podemos conversar sobre isso. Se se juntar a nós, Dominique, vamos trabalhar juntos. Você é um dos sujeitos mais inteligentes que já conheci, vai ser bacana ter alguém como você na minha equipe. Anos atrás ninguém nunca sonharia que um rebelde pudesse se tornar o chefe da guarda da Herdeiros, mas você conseguiu, não só isso como tem a confiança dela e a de César Mesquita. Se nos unirmos, Anna irá renunciar nas próximas semanas.

— Não sei se vou concordar com seus métodos.

— O que? Está com pena dela? Não sabe que aquele menina é uma cobra igual sua bisavó? Ela se diz cristã, mas na hora de matar, é como todos nós, é pior que todos nós. Eu tenho nojo de gente assim.

— Anna nunca matou ninguém.

— Isso é o que você pensa. Foi ela quem matou meu pai.

Fiquei surpreso com aquela informação. Isso nunca foi a público, todos diziam que o assassino de Micael foi César, que o matou no resgate da princesa. Eu deveria acreditar naquilo? Que outros segredos ela guardava?

— Então isso se trata de vingança.

— Em parte. E eu não quero mais você no meu caminho.

— Está dizendo que...

— É isso, Reis, você deve me dar seu sim antes que eu te libere para retornar à escola, ou isso, ou não sairá daqui vivo. 

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora