52. Salvar Camellia

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DOMINIQUE

Saí de mais uma entrevista absorto em pensamentos. Desde o ataque, o diretor não parava de me colocar para dar mais e mais entrevistas. Todos estavam ansiosos para saber se a escola estava segura, e o diretor queria que eu certificasse a todos disso.

E sempre perguntavam de Anna, por algum motivo minha opinião era importante, talvez fosse pelo fato de Anna ter falado tanto naquela entrevista para me defender. Eu sempre escolhia não falar nada.

Desde que ela havia saído da redes sociais, e ela saiu, como eu bem sabia que aconteceria, as pessoas criavam seus próprios rumores, sua aprovação estava mais baixa do que nunca, ninguém a queria por perto.

Eu estava deitado na cama pensando essas coisas.

Naquela noite Anna havia decidido ir embora, ela não havia me dito, mas alguém soube e me avisou. No entanto ela havia desistido, algo aconteceu e ela desistiu de frente para a saída. Eu tentava descobrir o que poderia, mesmo com tudo, mantê-la na escola. A mesma pergunta eu me fazia sobre Gabriella. Não fazia sentido ela ainda estar aqui, qualquer pessoa iria querer ir para casa.

Não conseguia imaginar o que mais poderia ser feito que fizesse Anna desistir. Aquilo fez eu me perguntar: o que seria suficiente para fazer Anna desistir?

Levantei da cama e peguei meu notebook. Abri a rede social dela, estava inativa, mas continuava lá. A primeira foto que postou foi de seu assessor e secretário. Praticamente não havia foto dela, apenas de seus amigos e familiares. Vi uma foto da minha mãe, nossa, ela estava bonita, eu nunca a tinha visto assim, com um sorriso tão grande no rosto. Não consegui não sorrir olhando para sua expressão alegre. A descrição dizia:

"A senhora chefe é mais perfeita cozinheira dessa escola, com um sorriso e gentileza que faz bem a qualquer um. Se algum dia visitar a Herdeiros, não deixe de conhecer a pessoa mais amorosa desse lugar, Justina, cozinheira chefe."

Minha mãe era realmente uma pessoa amorosa, não tanto comigo, mas eu a via ser assim com os outros. Há muitos anos, eu não convivia com ela, mas lembrava claramente de como era carinhosa e amável. Ela e meu pai formavam um ótimo casal antes que ele tomasse certas decisões na vida e ela fosse incapaz de compreendê-lo. Eu sentia sua falta, mas não podia abrir mão do meu propósito.

Havia ali também várias fotos de Gabriella em diferentes poses, ela era uma jovem realmente vaidosa e bem humorada. Bom, não era assim que a víamos pelos corredores naqueles dias.

Estranhei não encontrar nenhuma foto de Thomas, eles pareciam próximos. Talvez não fossem tanto assim.

Pensei por alguns segundos. Não, ela havia postado fotos de todos os seus guardas, e de todos que trabalhavam para ela, além de seus amigos na escola, como Gabriella e Duke, então por que não havia de Thomas, já que eles pareciam se dar bem?

Cheguei a uma conclusão: Anna não queria parecer próxima de Thomas. E aquilo fez sentido, a maior parte das vezes que eles se encontravam era fora da vista do outros da escola. As pessoas rebaixavam ele, mas Anna não parecia se importar com isso. Então só poderia haver um motivo: James Hawkbat. Era claro para todos que James e Thomas não se davam bem. E James não gostava de ninguém que se aproximasse da Anna. Esteve falando mal de Duke pela escola e foi me confrontar naquele dia no hospital. Talvez Thomas não quisesse problemas com o primo.

Mas não, não era apenas aquilo, eu sabia. Era sobre o seu tio também, sobre aquele dia em que eu vi os dois conversando.

"Você acha que eu não sei de suas artimanhas? Das pessoas com que anda falando? Parece esquecer que o único motivo de você ainda estar vivo sou eu. Mas não duvide de mim, ao primeiro erro eu tiro você dessa escola e sumo com você."

Depois disso ele disse para Thomas ficar longe de Anna ou ele ia dar um jeito nele. Aquilo era ódio puro. Naquele dia Thomas também me deu uma informação importante, eles queriam Camellia.

De repente alguma coisa na minha cabeça fez sentido, não totalmente, mas eu começava a ligar os pontos. Tantas coisas haviam acontecido nos últimos dias que eu não pude sentar e pensar sobre as pessoas que pareciam fora do jogo.

Thomas Hawkbat sabia muitas coisas sobre a família do rei, ele era astuto, era fácil perceber isso, e era exatamente por isso que Jotta não se livrava dele. Então aquilo só podia significar uma coisa.

A família Hawkbat estava no grupo 12.

Thomas não foi levado só por causa de Anna, mas era isso que eles queriam que pensássemos, por isso Gabriella foi junto. Não era alguém necessário, porque Jotta já planejava matar Alice, mas ainda assim foi feito porque Thomas sabia demais sobre a família Hawkbat, sobre James.

Fechei o notebook. Naquele momento tudo fez sentido. Thomas e Gabriella não foram levados por causa de Anna, aquele ataque não foi por causa de Anna, foi por causa de Thomas. A família Hawkbat já queria se livrar dele há muito tempo, isso ficou claro na conversa que ouvi entre ele e o rei, mas não sabiam como fazer isso sem levar a culpa. O grupo 12 fez isso por eles, e para disfarçar levaram Gabriella para a Anna parecer a culpada. No dia do ataque Jotta me ligou para ter certeza que eu havia caído na sua enganação. Isso explicava porque o grupo sempre tinha bastante dinheiro. Hemero estava financiando o maior grupo de terroristas de Camellia.

Aquilo geraria a maior guerra que nosso mundo já conheceu.

Minha mente fez uma pausa e então uma lembrança veio à minha mente.

HRC. A Sigla que achei no escritório de Jotta. Ela significava Hemero Reina Camellia. Thomas havia dito que eles queriam Camellia, e iriam fazer isso através do grupo 12.

Aquilo não seria rápido, seria feito com calma, já estava sendo feito há anos, e quando a família Cruz menos esperasse, já teria sido posta para fora do poder. A não ser que descobrissem isso logo, mas se descobrissem logo haveria guerra. Das duas maneiras era ruim. Ninguém imaginava o que estava acontecendo. Eu precisava falar com Anna.

Precisava salvar Camellia.

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora