12. Uma Gota Sequer

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DOMINIQUE

Tentei fazer tudo que eu tinha para fazer de forma despercebida, mas rápida. Como era o primeiro dia do ano letivo, haviam muito olhos ociosos, principalmente dos novos guardas que chegavam e ainda não confiavam totalmente na segurança da escola.

— Fiquei sabendo que certa pessoa vai ter uma surpresa hoje. — Natacha comentou comigo quando cruzamos em um corredor da área dos empregados.

— Não é bom ficarmos nos falando assim, você sabe, principalmente hoje.

— Relaxa, é tão comum os guardas terem casos com empregadas. Essa é a única coisa de que vão desconfiar. Agora me diz, o que arranjou?

— Na sala das empregadas tem uma TV, não é?

— Sim, todo ano assistimos à iniciação.

— Então não se preocupe, você vai ver.

— Ah, Dom, você não vai me deixar com curiosidade, vai?

Eu sorri.

— Aguarde, Natacha.

Ela sorriu e deu um tapa de leve no meu ombro.

— O que acha que ir ao meu quarto hoje à noite? — perguntei. — De forma discreta.

— Eu já estou lá. — sorriu.

Ela dobrou o corredor e eu segui meu caminho em direção ao escritório. Depois do que aconteceria naquela noite, eu tinha que provar que agi normalmente, que fiz meu trabalho como sempre. Assim que entrei lá, César Mesquita me esperava.

— Boa noite. — ele disse e apertamos as mãos.

— Boa noite, é bom revê-lo. Sente-se. — apontei a cadeira a minha frente e sentei atrás da mesa.

— É bom revê-lo também, dada as circunstâncias do nosso último encontro. Que bom que você conseguiu escapar.

— Foi difícil, mas nada com que nós já não tenhamos lidado antes.

— É, você entendeu um pouco de como é trabalhar no palácio, é lidar frequentemente com o que aconteceu naquele dia. E eu soube do que fez, com Anna, e com Ben. Queria agradecê-lo eu mesmo. É muito importante para mim que os dois tenham ficado bem, principalmente Anna.

— Isso já não é mais apenas trabalho para você, não é? — notei. Era importante que eu tivesse certo nível de proximidade de César.

Ele sorriu.

— Acho que consigo deixar isso bem claro. Acredito que nesta terra tenho um missão, dada a mim pelo próprio Deus, e é proteger aquele menina.

Eu sentia que havia algo estranho na relação dos dois. Como ele poderia se submeter dessa forma a uma princesa? Como se fosse o centro da sua vida, como se acreditasse que Deus queria que ele a servisse. Que tipo de alienação era aquela?

— De toda forma, Daniel, não é todo guarda que eu acredito que possa confiar, mas depois do que Anna me falou sobre você, sei que é de confiança, e isso é importante porque você está à frente dessa escola, e acredito que há pessoas aqui que querem fazer mal a ela.

— Farei tudo que estiver ao meu alcance para que nada aconteça a ela.

— E por isso eu queria te passar os protocolos. Naquele dia nossa reunião foi interrompida e hoje, é claro, à noite é cheia para nós dois, por isso eu queria que nos encontrássemos amanhã para falarmos disso. Como fica para você?

— Meus dias sempre são cheios, mas você me diz o horário e eu me organizo para dar certo.

— Ótimo. — ele se levantou. — Eu já vou indo, então.

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora