ANNA
Durante toda a última semana, eu não consegui dormir. As vezes em que fechei os olhos e adormeci, não demorou muito para que meus pesadelos me despertassem. Mas não foi assim naquele dia, acordei muitas horas depois da minha conversa com Dominique, já estava amanhecendo. Tive sonhos ruins, mas nenhum que me despertasse. Eu me sentia descansada.
Aquilo não acontecia há muito tempo, anos eu diria. Eu não tinha sonos longos se Tereza não tivesse dedo nisso. Eu sentei na cama e lembrei de Dominique, de seu abraço. Apenas ele era capaz de me passar sensações que nunca acreditaria poder sentir. Com o rosto em seu peito, eu senti que poderia respirar por uns instantes. Um dos meus sonhos foi com ele, mas eu não lembrava bem, apenas vi seu rosto, vi seu sorriso.
Tomei um banho e troquei de roupa, era dia de carmesim. Assim que terminei de me arrumar, abri a porta para dar bom dia ao meus guardas. Logo vi expressões que não via em seus rostos há um tempo: sorrisos.
— Eu já não te vejo dormir bem assim há muito tempo. — comentou Valter.
— Eu não durmo bem assim há muito tempo.
— Ainda quero entender que tipo de mágica Dominique fez. — disse Diogo. — Nem nos seus melhores dias você dorme assim.
— Eu ainda não entendo direito também. — falei.
Mais tarde naquela manhã nós fomos para a missa, Giselle estava lá. Quando a dispensei de trabalhar para mim, ela disse que ficava contente em ao menos participar das missas ao meu lado.
Depois disso tomei meu café da manhã no quarto. Eu não ia para o salão porque sabia que Cedric e os irmãos Bankole iriam querer sentar junto comigo, e eu não queria isso. Eu devia aprender com meus erros.
Foi então que César entrou no quarto com uma cara nada boa.
— Anna, princípe James está lá fora, quer falar com você. — Suspirei. — Posso dizer que você está indisposta. — ele sussurrou.
— Não, tudo bem. Diga que pode entrar. Eu vou para a varanda.
Fui sentar nas cadeiras lá fora para esperar James.
— Princesa Anna. — ele se aproximou.
— Sente-se. — eu convidei apontando para a cadeira na minha frente.
— Obrigado. — ele sentou. — Eu vim ver como você está. Imagino que esteja passando por dias difíceis.
— Sim. — concordei. — Obrigada pela visita.
— É claro. Não poderia deixar uma amiga sozinha em tempos como esse. Sinto sua falta nas aulas. Eu sei que não sou uma pessoa muito boa, tenho inúmeros defeitos e nem sempre me expresso da melhor forma, mas me deixa triste te ver assim, espero que retorne logo às aulas.
Eu tentei não demonstrar que estava analisando suas falas. James estava querendo alguma coisa.
— James, ninguém me quer mais aqui.
— São um bando de medrosos, seu lugar é aqui. Você vai ser rainha, em que outro lugar deveria estar?
— Eles estão certos em temer, James. Veja Alice, Gabriella e o destino incerto de Thomas.
— Meu primo vai ficar bem, tenho certeza.
— Então por que não voltou com Gabriella? Porque ninguém fala nada sobre ele?
— Eu não sei. — ele disse e suspirou. — Essas pessoas se machucaram por serem seus amigos, mas você tem um destino a cumprir, nasceu como a princesa herdeira. Os outros têm apenas que aceitar isso.
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Flor De Um Reinado: Convertei-vos
RomanceLIVRO 1 FLOR DE UM REINADO acontece em um mundo paralelo ao nosso, onde não há república, ou seja, o regime de governo de todos os países é a monarquia hereditária. A primeira protagonista é Anna Cruz, princesa de Camellia. Anna é uma menina muito...