DOMINIQUE
— A gente pode parar em um lavabo? — ela perguntou. — Meus guardas vão se assustar se me virem chegando no quarto com as mãos sujas de sangue.
— Tudo bem.
Eu a levei a um dos banheiros sociais. Sempre calma, ela sempre parecia calma. O cara que Afonso contratou já devia estar em posição, só precisávamos dobrar mais alguns corredores. Ela saiu do banheiro e nós seguimos caminho.
Ela estava realmente bonita naquela noite, sem maquiagem, lembrava-me a menina da praia. Flor. Por um instante pude imaginar que estávamos lá novamente.
— O que eu posso fazer? — ela perguntou de repente.
— Como assim? — falei confuso.
— Eu andei pensando em você nos últimos dias. — ela soltou isso. — Desde o ataque no palácio, na verdade, mas principalmente desde que cheguei aqui. Parece chateado comigo desde de que descobriu quem eu era. Antes eu achava que era porque menti meu nome para você, mas você também mentiu para mim, então não poderia ser isso. Mas então eu comecei a notar seu olhar, um olhar que recebo desde que me entendo por gente. Você não concorda que eu seja a Rainha de Camellia, não é?
Eu fui pego de surpresa por ela notar sem nenhuma palavra qual era minha opinião.
— Alteza... — comecei.
— Se soubesse que eu era a Anna desde o começo, provavelmente não teria me ajudado. Mas Deus permitiu que você não me reconhecesse na praia, porque eu precisava de você lá. Apenas me confirme, eu estou certa, não é?
— Sim, você está. — fui sincero. Era tão difícil mentir para ela.
— Que bom que é sincero comigo neste momento. Eu estava querendo falar sobre isso com você.
Estávamos prestes a dobrar do corredor em que o plano daria sequência, mas agi por instinto e orientei que dobrássemos em outro. Eu não podia deixar aquela conversa acabar bem ali, sem uma conclusão.
— Só há dois motivos para que tenha essa opinião. Você pensa que sou má pessoa, e quanto a isso não tenho opinião e nada posso fazer que não seja pedir a Deus que lhe revele a verdade. Ou você pensa que sou incapaz, e quanto a isso posso lhe perguntar: O que você julga que posso fazer para melhorar?
— É melhor não falarmos sobre isso, alteza.
— É mais fácil para você, não é? - ela parou de andar e eu respirei fundo. — Acho que já sei o motivo. Você não deixa claro para os meu guardas a raiva que tem de mim. Poderia facilmente ser um rebelde, mas não acho que seja.
Ela me encarou por alguns segundos, esperando minha resposta. Se ela queria minha resposta, ela teria minha resposta.
— Você engana a todos. — falei. — Mas não a mim, Anna. Eu não sei qual sua pretensão para com esse país, mas sei que não é boa.
— Você não quer que eu seja rainha, e não posso te julgar por isso, porque você não o único. E não importa se eu me defender, você não vai acreditar em mim, não vai acreditar que as minhas intenções com Camellia são as melhores possíveis. Eu tenho fé de que a vontade de Deus será feita, e tanto você quanto eu vamos descobrir a verdade em algum momento. No entanto, por agora, eu sei uma verdade, uma sobre você. Acho que não é um rebelde, porque sei que tem um bom coração, e sei que Deus guarda você, ainda não entendi direito para que, mas sei disso desde que te vi pela primeira vez. Você é bom, Dominique, e eu realmente tinha esperanças de sermos amigos, mas você já tem as suas concepções.
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Flor De Um Reinado: Convertei-vos
RomanceLIVRO 1 FLOR DE UM REINADO acontece em um mundo paralelo ao nosso, onde não há república, ou seja, o regime de governo de todos os países é a monarquia hereditária. A primeira protagonista é Anna Cruz, princesa de Camellia. Anna é uma menina muito...