55. Por Isso Eu Corri.

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ANNA

Thomas estava se tornando uma lembrança. Os dias foram passando, aos poucos a escola voltava ao normal, as festas continuavam, as pessoas iam parando de falar no assunto, e Thomas se tornava uma lembrança. Ninguém acreditava que ele voltaria vivo, mas eu sabia que ainda estava, sabia que ainda estava sofrendo.

A verdade é que eu não voltei a Camellia, e nem sabia quando faria isso, sabia que faria em algum momento, mas ver Gabriella melhorar era algo que estava me mantendo na escola. Acostumamo-nos a fazer tudo juntas, eu e ela, sentávamos sozinhas em uma mesa no refeitório, fazíamos duplas na aulas e dormíamos no mesmo quarto, ela ainda não conseguia dormir sozinha, então meu quarto era praticamente nosso.

Gabriella ainda estava longe de superar o que lhe aconteceu, mas é certo que não era mais aquela menina assustada da primeira semana. Ela ainda não conseguia ficar muito perto de homens, mas o convívio com meus guardas começava a mudar aquilo, ela se sentia segura na presença deles, no entanto era Cedric quem ainda sofria. Gabi ainda não estava pronta para estar perto dele novamente, e pedia que fosse paciente com ela. Mais ou menos uma semana depois da nossa primeira conversa, ela começou a terapia, rezávamos o terço todas as noites e íamos a missa todo domingo. Sempre dormíamos tarde, a cada noite ela desabafava para mim.

Quando resolveu voltar às atividades da escola, o que aconteceu mais ou menos duas semanas depois da nossa primeira conversa, ela pediu que eu a acompanhasse, e assim nós fizemos, andando sempre juntas pelos corredores de um canto a outro. Ela ainda não era capaz de se pronunciar sobre o assunto, mas ninguém iria julgá-la por isso.

A situação complicada era com os pais de Gabriella, no entanto; eles não queriam aquela amizade, não queriam que continuássemos próximas. Já haviam mandando Gabriella voltar para Tulipa várias vezes, mas ela não obedecia. O rei Jorge chegou até mesmo a falar com meu pai, que pediu que eu desistisse daquilo e voltasse para casa, falei a ele que não demoraria muito mais para que aquilo acontecesse, Gabi já estava bem melhor.

Ela não falava mais de estar com medo de ficar perto de mim, por mais que aquilo me atormentasse. Eu havia explicado a ela um pouco do por que eles a levaram. Naquele dia, quando fazia um mês da morte de Alice, Gabriella fez o seu primeiro pronunciamento sobre o ocorrido nas redes sociais, pedindo desculpas por não ter conseguido falar antes, que estava tentando superar aquilo e que tinha fé de que conseguiria. Depois disso fomos à capela rezar uma missa por Alice.

Foi naquele dia também que vi Gabriella rir pela primeira vez em muito tempo. Eu acabei fazendo uma piada, que ela completou e soltamos uma boa gargalhada, e logo depois disso ela estava cheia de lágrimas nos olhos.

— Que saudade de rir. — ela disse.

Eu sabia que Gabriella aos poucos encontraria sua essência novamente, aquilo não me deixava preocupada.

Uma outra coisa muito importante que houve durante aqueles dias foi Dominique. Ele estava a todo vapor tentando descobrir onde estava Thomas, agora ele trabalhava junto com o chefe de polícia de Santa Rosa. Os meus guardas acabaram assumindo algumas funções na escola para que ele pudesse se concentrar em tantas coisas. Ele estava preocupado, eu estava preocupada. Pelo menos James estava me dando realmente tempo para pensar, não voltou a tocar no assunto depois da sua proposta de casamento.

Eu me mantive distante Dominique. A verdade é que naquele momento nós dois estávamos cheios de coisas na cabeça. Mas eu o observava de longe e sabia de coisas suas através dos meus guardas, como o último final de semana em que ele fez uma viagem a Dorotéia para visitar um antigo mentor. Ele provavelmente estava precisando de conselhos, esperava que os tivesse conseguido.

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora