42. Vestido Amarelo

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DOMINIQUE

Os dias se passaram e mais e mais festas vieram. Anna não falou comigo naqueles dias e aquilo foi bom, eu precisava pensar, precisava refletir o que fazer.

Aqueles foram os piores dias que já tive, meu pai não parava de me ligar, eu vivia só fugindo dos meus amigos, e a cada festa Anna aparecia com um vestido mais bonito que o outro, sempre florido, sempre deslumbrante. Eu a via me encarando de longe, mas não chegava a se aproximar.

Também evitei bastante a cozinha, eu sabia que minha mãe ia perguntar se eu já havia me decidido, e eu não havia. Como poderia me decidir? Como poderia abandonar minha família? Era minha família, e escolher não ser mais um rebelde implicaria estar distante de todos. E se Anna chegasse ao poder e a história se repetisse? E se ela fosse como sua bisavó?

No entanto sempre que eu a olhava não era isso que eu via. Eu via a Flor, aquela garota bonita e gentil da praia, com mais força do que todas as pessoas que eu conhecia.

— Você pode parar de fugir de mim? — Natacha entrou na minha sala naquela manhã.

— Nat, eu tenho muito trabalho a fazer hoje. — falei guardando alguns papéis na estante atrás da mesa.

— Dom, o que foi? É a Anna? — eu sentei na minha cadeira e não a respondi.

— É melhor você sair daqui. Não é bom que nos vejam juntos.

— Não é bom que Anna nos veja juntos. É isso que quer dizer, não é? Você me desmentiu, falou que temos nada.

— Como você sabe disso?

— Não sabia, mas agora sei. Eu dei um jeito dela sair do seu pé e você foi lá e estragou. O que? Não está apaixonado, está? Porque seria cômico que você, com o coração duro que tem quando se trata de mulher, vai se apaixonar logo por Anna. — ela disse parecendo com raiva, mas quem ficou com raiva fui eu.

— Natacha, você pode parar de falar besteiras e sair do meu escritório? Eu tenho o que fazer.

Ela me encarou parecendo ofendida.

— Afonso e os meninos não estão gostando nada disso. Estamos atrasando a terceira etapa, dê nossas ordens ou vamos começar a agir sem você.

Ela disse e saiu da sala batendo pé. Eu baixei minha cabeça, eu não queria trair minha família, eu não queria aquilo. O que eu diria para o meu avô? O que eu deveria fazer?

— Dominique. — César entrou na sala. — Você está bem?

Eu suspirei.

— Você precisa de algo?

— Preciso saber se você está bem, Anna está tentando te dar espaço. Acredito que esteja passando por algo nesses últimos dias. Eu só que quero que você saiba que eu e os outros estamos aqui para o que você precisar.

— Eu estou bem, mas obrigado. — falei torcendo para ele se virar e ir embora.

— Hoje é a festa da Anna, gostaria que escolhesse mais alguns guardas de confiança seus para ficar de olho nela. Você está certo, eles adoram festas, principalmente quando são importantes para ela.

— Não se preocupe, não vou permitir que nada aconteça a ela.

— Eu sei que não, eu já vou indo, mas antes... Saiba que, seja o que for que você estiver passando, se você conversar com a Anna vai melhorar.

— Você parece ter certeza.

— Eu tenho.

Ele disse e também saiu do escritório.

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora