46. Temos Um Acordo

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DOMINIQUE

— É perigoso, Anna, não enquanto eu não terminar todo o trabalho de restauração da segurança. Se quer ar livre podemos ir a uma varanda.

— Tudo bem.

Eu percebi que nunca havia feito aquela pergunta a Anna, não sabia se me responderia com honestidade, mas ao menos tentaria. Afinal, fazia sentido a primeira pergunta feita a ela naquele coletiva. Se era tão boa quanto aparentava ser, por que permitia que outras pessoas se machucassem? Talvez com aquela resposta eu pudesse dar um novo rumo às minhas próximas ações. Fomos até umas das varandas laterais da escola, justamente a que tinha vista para o jardim.

— Aviso desde já, talvez não me entenda, e afirmo que se entender não será totalmente.

— Apenas me responda.

Ela suspirou.

— Eu não explico isso a todos, e peço que mantenha entre nós, estou lhe contando porque confio em você.

— Ande logo, Anna.

— Tudo bem. Desde que nasci eu tenho essa sensação, essa sensação de certeza do meu lugar. Não sei se você já sentiu isso. — Não, eu nunca havia sentido aquilo. — Não por mérito, mas por vontade de Deus.

— E lá vamos nós.

— E lá vamos nós. Não vou poder lhe explicar isso se não tiver o coração aberto.

— Vai me dizer que Deus quer que você seja rainha? Que ele quer que todas essas pessoas morram para que você seja rainha? — falei com desdém e raiva.

Aquilo não podia ser verdade. Eu havia lhe dado o benefício da dúvida e mais uma vez batia de frente com uma porta fechada.

— Você já ouviu Deus? — ela perguntou e eu ri. — Dominique, você já ouviu Deus?

— Isso é impossível.

— Você ao menos acredita Nele? — abri a boca para responder, mas ela falou antes. — Não precisa dizer, sei que acredita.

— Você não sabe de nada.

— Sei, eu sei sim. Eu conheço você.

— Você acha que me conhece. Anna...

— A Flor da praia. — ela disse de repente e eu parei de falar. — Você nunca percebeu verdadeiramente o que aconteceu naquele dia? Conhecemos um ao outro na essência de quem somos, no coração.

— Eu não sei por que ainda perco tempo, até mais, Anna. — eu me virei.

— Por que você não me ouve?

— Porque nada que você fala tem sentindo! — exclamei. — Você foi bem hoje na entrevista, mas agora me diz que o motivo pelo qual você não renuncia, pelo qual tanta pessoas morrem, é porque essa é a vontade de Deus? Você espera que eu acredite nisso? Porque se eu acreditar, então Deus não é muito justo. Tem certeza que é Deus que você anda ouvindo?

— Você ainda não o conhece.

— E dessa maneira nem pretendo conhecer.

— Ele ama você.

Que droga. Por que ela não conseguia falar algo que fazia sentido? Eu queria... Eu queria...

— Anna, por que não para de falar essas besteiras? Droga, e o pior que você parece realmente acreditar nisso. — balancei a cabeça. — Você tinha me deixado confuso, mas agora parece que tudo volta a minha cabeça. Você não responde a mídia, não é porque eles não entenderiam, é porque não pode falar a verdade, que você quer poder, e assim que o tiver...

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora