21. Flor de Lis

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ANNA

Na hora do jantar todos pareciam mais tensos, provavelmente por causa do susto daquela tarde. Eu ficava tão grata por saber que era apenas uma simulação, eu amava César por isso.

Entrei no salão de jantar um pouco atrasada, mas não fui sentar com Gabriella como sempre, procurei a mesa em que Thomas estava. Percebi que estava um pouco mais distante sentado com outros nobres e fui até lá. Percebi o olhar curioso de Gabriella sobre mim, mas apenas sorri para ela.

— Ah, não. - ele reclamou quando o parei ao seu lado.

— Eu não quero pedir que acredite em mim. — falei. — Quero pedir que me dê apenas uma chance.

— Por que se importa tanto?

— Porque eu gostei de você.

— Depois de tudo que eu te disse hoje à tarde? Parece suspeito.

Eu ri.

— Você não é primeira pessoa que pensa que eu sou falsa, e tudo bem. É só que... eu sou assim, é quem eu sou, eu não sei ser de outra forma. Quero mostrar a você quem sou de verdade.

— Você está me dizendo que a princesa mais rica, com maior poder, e ainda por cima com uma beleza estonteante é justamente a mais humilde? A mais recatada? Isso não faz o menor sentido. É logicamente impossível.

— Eu não estou aqui para te convencer que sou uma pessoal incrível. Deus sabe dos meus pecados, tenho segredos também, defeitos que só à beça. Eu só não sou... eu só não sou aquilo que você disse.

— Cínica?

— Sim. Eu não sou falsa, mas também não deixo tudo às claras para todos. É minha maneira de ser prudente.

— Princesa Anna, o que você quer comigo?

— Quero que sejamos amigos.

— Por que?

— Porque você deixa claro que não gosta de mim, significa que não é falso comigo.

— E acha que vou gostar de você?

— Acho que podemos ser amigos.

Ele riu sarcástico.

— E porque eu iria querer me tornar amigo de uma pessoa que vive ameaçada de morte? Que prudência há nisso? Parece então que você consegue pensar só em você.

Ele tirou meu chão, estava certo. Eu abaixei a cabeça.

— Você tem completa razão, desculpe. — levantei da mesa.

— Princesa Anna, eu estou apenas provocando você. — ele disse.

— Tudo bem, você está certo.

Eu me afastei. Vi Gabriella olhando para mim, todos estavam, na verdade, eu levantei no meio da refeição. Não queria ir até ela naquele momento, então apenas saí do salão.

— Anna. — meus guardas logo me pararam.

— O que houve? — perguntou Timóteo.

Eu suspirei.

— Estou... eu estou, olha... — bufei.

— Você está com... raiva? — Jacob estranhou.

Eu apenas saí andando e eles me seguiram. A vontade de chorar veio, mas, como sempre, eu me contive.

— Anna, o que aconteceu?

— Eu não queria que vocês fossem meus guardas. Eu achei que Ben morreria naquele mar, e pensei que Diogo havia morrido naquela noite, e nem consigo mais contar nos dedos quantas vezes César já quase morreu. Eu não quero isso, não quero vocês sejam meus guardas, eu queria...queria demitir vocês. Eu não quero ser protegida por ninguém, minha mãe estava certa, Thomas está certo, eu não posso ter amigos, eu não posso ter pessoas próximas a mim, é egoísmo. Eu já vi tantas pessoas morrerem para que eu ficasse bem. Por que minha vida importa mais que a dos outros? Por que vocês têm que arriscar a vida de vocês para que eu fique bem? Eu não queria que fosse assim.

Flor De Um Reinado: Convertei-vosOnde histórias criam vida. Descubra agora