49 - Sequestro

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Narrador

A luz incomodou, mesmo não sendo a luz forte do sol. Ele encarou as coisas ao seu redor e viu que estava na enfermaria da comunidade de Agnes.

- Oi! - Enid diz parando em frente a Carl com um copo em mãos - Que bom que acordou. Pensei que você fosse virar a Bela Adormecida.

- Vai se fuder! - ele responde se levantando e se sentando na cama. - Onde estão os outros? Agnes?

- Os outros estão lá fora jantando. Agnes saiu cedo e ainda não voltou, o que aparentemente é normal dela fazer, disseram que tem vezes que ela volta três dias depois. Quer alguma coisa? Posso chamar o médico e...

O cheiro de fumaça chamou a atenção de ambos e Enid caminhou até a janela, a qual ela abriu e viu a pilha de madeira pegando fogo.

- É só a pilha de madeira pegando fogo. O que é estranho. - Carl diz - Eles não tinham o cortado aquelas árvores para construir as casas?

- Tin...

A fala de Enid foi cortada quando um tiro foi ouvido e o caos se tornou mais forte. As pessoas correram para dentro da enfermaria e pegaram algumas armas que estavam lá dentro, outras foram dos postos avançados até o meio da comunidade distribuindo armas e arcos e flechas.

- O que está acontecendo lá fora?

- Estamos sendo atacados e a filha de Agnes junto com mais duas crianças e uma senhora de idade foram sequestradas.

Carl vestiu sua camisa enquanto corria para fora da enfermaria, passando pelas pessoas e pegando uma das armas do carrinho.

A casa de Agnes estava cercada, quem quer que estivesse lá dentro, não teria como sair.

- O que você está fazendo? - Rick questiona parando o filho que avançava sem parar em direção a casa. - Não pode entrar assim, pra te falar a verdade você nem devia estar de pé.

- A filha da mulher que eu amo está dentro de uma casa, junto com mais algumas pessoas e um desgraçado que pode machucar ela sem pensar duas vezes. Eu não vou deixar nada e ninguém machucar ela.

- Não é só a Anne - Michonne diz apertando o colar - O R.J também está lá.

Carl passou pelo pai colocando a alça da arma ao redor de seu pescoço. Ele ignorou a dor que surgiu e subiu na árvore, que por sua vez tinha pedaços de madeira que formavam uma escada.

Era para aquela árvore ser um dos postos de vigia,  antes deles desistirem e fazerem os mesmos ao redor dos muros.

Carl subiu em silêncio e encarou a varanda pequena que dava para o quarto de Anne, pulando na mesma depois de se equilibrar nos galhos.

As pessoas no chão, disfarçavam seus olhares, tentando não comprometer o que Carl estava tentando fazer.

Michel por sua vez, retirou todas as armas e caminhou em direção a porta de entrada, tentando conversar com o homem que estava dentro da casa com as crianças.

- Não chega perto da casa ou eu atiro e mato todas elas. - o homem grita aparecendo com um menino na mira da arma em frente a janela. - Eu vou atirar.

- Só me diz o que você quer?

- O que eu quero? Eu quero Agnes Castiel. Eu quero o sangue dela em minhas mãos.

- Ela não está na comunidade, ela saiu bem cedo sem dizer para onde ia. A gente pode conversar,  eu sou parte do conselho e quase um vice-líder. - ele mente - Venha aqui pra fora e deixe as crianças aí, não precisa ser assim. Podemos conversar e...

- Não, eu quero Agnes Castiel!   Quero a desgraçada que matou minha mulher e meu filho. A matou os dois sem pensar duas vezes.

Todos do lado de fora se encararam e os murmúrios aumentaram. Todos sabiam que Agnes já havia matado pessoas, mas não que ela já havia matado a sangue frio, como senão se importasse com o outro.

- Ela não levou o rádio, eu não consigo falar com ela, mas um carro vai sair para a procurar e - ele mente mais uma vez, sabendo que ao longe da confusão uma das guardas tentava falar com Agnes. Deixa as crianças.

- Já disse que não.

Michel engoliu seco e encarou os outros. Ele tinha que agir rápido.

Carl por sua vez estava no andar de cima da casa, andando pelos corredores em busca de algo que lhe pudesse ajudar. O quarto de Agnes apareceu e ele entrou, abrindo a gaveta do criado e encontrando algumas facas, camisinhas, remédios, uma  granada de fumaça e uma algema presa em um cinto.

- Que isso não seja usado pra isso. - ele diz em um sussurro pensando nas possibilidades que Agnes havia usado o objeto.

Ele abriu a mesma e a colocou presa no cinto, vendo pingos de sangue nas argolas metálicas. O alívio cortou o espaço que existia o questionamento de segundos atrás e ele seguiu para fora do quarto, em silêncio, tentando não fazer e nem causar nem um barulho que pudesse fazer com que o homem machucasse as crianças.

O homem estava no escritório de Agnes e Carl não sabia ao certo o que fazer. Ele apenas passou em frente a porta aproveitando um minuto de distração do mesmo e viu as crianças sentadas e amontoadas com os olhos e rostos molhados e assustados.

Anne viu Carl e sorriu de lado, disfarçando o olhar. Quando o homem se virou de costas para eles, ela encarou Carl e piscou algumas vezes. Código Morse. Michel havia ensinado com a ajuda da professora.

" Ele tem uma arma. " "Não quero morrer, tio Carl"

O peito de Carl doeu e ele disse em silêncio, apenas movimentando os lábios que não deixaria ela morrer.

Starting Over  • ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|ˢᵉᵍᵘⁿᵈᵃ ᵗᵉᵐᵖᵒʳᵃᵈᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora