Agnes
O homem que Carl havia trago para Alexandria estava deitado sobre o chão de cimento enquanto usava uma das minhas blusas como travesseiro. Ele estava suando e dizendo coisas sem sentido, falando em outra língua, o que me levou a pensar que ele poderia ser um cidadão de outra parte do mundo e que quando o Apocalipse acabou estava nos Estados Unidos.
A luz da lanterna não estava iluminando quase nada, ela só me dava noção das coisas próximas a mim, me deixando em uma completa escuridão.
O som de passos nos dutos me fizeram levantar e segurar minha faca.
- Sou eu! - Carl diz.
O ajudo a pegar as coisas das sacolas e as coloco sobre o chão, abrindo e montando a cama logo em seguida. Seu perfume estava preso no travesseiro, o que me fez desejar cheirar a peça por alguns instantes.
Cabeça no lugar, Agnes. Cabeça no lugar.
Tento tirar todo e qualquer pensamento sobre Carl de minha mente e o que consigo são apenas mais pensamentos. A nossa noite na minha comunidade - que por mais que eu tivesse o usado - havia sido maravilhosa, nossos momentos bons quando eramos apenas dois adolescentes que não sabiam o que era amor de verdade, também haviam sido bons.
- Porra! - exclamo de forma baixa. Meu coração estava disparado e minha respiração estava irregular. - Você pode se afastar?
Carl passou para o outro lado sem expressar nenhuma reação. Ele me ajudou a colocar o homem sobre a cama e pegou a sacola com alguns remédios e água.
- Bebe um pouco! - a garrafa de água foi colocada contra a boca do homem e Carl me encarou - Vai dar para enfaixar?
- Sim, só que eu preciso de fogo pra poder...
- Isso vai mata -lo.
Pensava que em todos esses anos que se passaram Carl tivesse pelo menos aprendido alguma coisa sobre cuidados e procedimentos médicos, mas eu estava enganada, ele não tinha aprendido nada.
- Não, apenas vai deixar ele desacordado pelo choque. Ele não vai morrer.
- Onde aprendeu tudo isso?
Tento normalizar meus batimentos e encaro o azul do olhar de Carl. Aquela cor parecia ainda mais vivida com a pouca luz.
- O pai de Michel me ensinou. - respondo- Pode fazer uma fogueira ou sei lá, qual coisa que tenha chamas.
- Seu namorado, não é?
Reviro os olhos ao sentir o tom de voz que Carl havia usado. Quem ele achava que era?
- Não tenho namorado. A única coisa que eu amo é a minha filha e só. - digo vendo ele usar uma piterneira para causar faíscas sobre sua camiseta manchada de barro. Inferno. Ele só podia estar fazendo de propósito. - Agora faz esse fogo pegar. Vou pegar alguns galhos e folhas secas para não deixar ele apagar.
Caminhei pelo duto e encarei as coisas ao meu redor antes de sair de dentro do mesmo e pegar as coisas que eu precisava. Estava me amaldiçoando por estar fazendo aquilo. Estar o ajudando a salvar a vida de um cara que eu nunca tinha visto havia sido uma das coisa mais loucas que eu já havia feito, mais louca do que dizer que eu o amava dias depois de o conhecer anos atrás.
Joguei os galhos no fogo e o vi aumentar.
- Preciso que coloque isso na boca dele. - peço entregando um pedaço de pano para ele. - Você consegue Agnes, você consegue.
Carl segurou o braço do homem e me encarou concordando com a cabeça. A chama tocou a carne viva e molhada pelo sangue do homem e cheirou mau, me deixando com os olhos ardentes e querendo vomitar.
- Eu sei que o cheiro não está legal, Ag, mais respira fundo!
O encarei ignorando o fato de ter ouvido meu apelido sair de seus lábios e deixei um sorriso fraco de lado por ele ter me ajudado.
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Starting Over • ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|ˢᵉᵍᵘⁿᵈᵃ ᵗᵉᵐᵖᵒʳᵃᵈᵃ
Ficção AdolescenteCARL GRIMES FANFIC ˢᵉᵍᵘⁿᵈᵃ ᵗᵉᵐᵖᵒʳᵃᵈᵃ Uma pessoa consegue realmente esquecer aquele amor que fazia seu coração bater muito mais forte? Que fazia sua respiração ficar falha e suas pernas fraquejarem? Minha humilde opinião, não. Ninguém nunca supera, p...