33° - Literalmente cego, né meu querido!

1.4K 119 88
                                    

Carl Grimes

As pessoas estavam seguras em Hilltop, todas menos uma, Agnes. Tínhamos que levar as pessoas para um lugar seguro e os homens dela disseram que ela se virava e que com toda a certeza chegaria em Hilltop perfeitamente bem. Mas ela não havia chegado.

Minhas armas estavam carregadas e com silenciadores. Os facões e facas estavam presos em minha cintura e a mochila com alimentos, uma roupa de frio, um isqueiro, água e alguns remédios e curativos.

Estava pronto para ajudar ela a voltar para casa. Pronto para salvá - la.

Deixei Hilltop à pé seguindo pelas estradas que havíamos vindos e tomando o cuidado para não deixar que os Salvadores me vissem. O sol estava esquentando, afinal, tínhamos ficado uma noite toda dentro dos túneis e andando pela floresta. Agnes não podia estar tão longe quanto eu imaginava, por isso iria voltar para onde tínhamos nós separado e procurar por pistas que me levassem até ela.

Seus homens estavam procurando Salvadores aos arredores de Hilltop e disseram que ela sempre voltava sozinha, que sempre havia conseguido e que era forte. Mas e se ela não conseguisse voltar dessa vez? E se ela estiver presa em algum lugar nas mãos daqueles malditos.

Foram umas duas horas ou mais, o suor já molhada minha roupa mais do que o sangue dos mortos que havia matado. Os primeiros sons vieram de dentro da mata, gemidos humanos e alguns tropeços. Caminhei por entre a vegetação e sorri ao perceber que era realmente ela e que...merda!

- Agnes! - corro até o corpo recém caído no chão e a ajudo a levantar. - Sou eu, Carl!

Suas mãos estavam presas e ela estava com um corte no rosto e com sua calça manchada de sangue.

- Eu estou bem - ela tosse - Preciso cuidar sa minha filha! Meu povo precisa de mim também.

- Ela esta bem. Anne está com Michonne e Maggie em Hilltop, todos estão seguros. Só falta você pra ficar tudo melhor ainda .- a respondo pegando a caixa de primeiros socorros e me sentando em sua frente. - Vamos cuidar dos seus machucados primeiro.

O som dos zumbis se aproximadando me fez encarar as coisas ao meu redor e jogar o que eu tinha em mãos dentro da mochila. Peguei Agnes no colo antes que ela pudesse dizer alguma coisa e caminhei pela floresta, tentando encontrar o carro que estava no meio da mesma horas atrás.

Mato o zumbi que estava lá dentro e a coloco sentada no banco de trás. A caixa de primeiros socorros foi retirada de dentro da mochila mais uma vez e procurei os machucados de Agnes por seus braços e rosto, partes cobertas por sangue quase seco ou que ainda fluía um pouco do líquido avermelhado.

- Os mortos! - ela exclama se abaixando.

Tiro meu chapéu e fico com meu olhar preso no dela, apenas encarando seus olhos caramelos e cheios de...dor. Não era dor de sofrer por causa dos machucados, era dor de ter sofrido e passado por coisas demais.

Os primeiros mortos bateram no carro e passaram reto, outros que eram mais atrasados batiam no mesmo e ficavam contra o vidro por alguns segundos antes de voltarem a caminhar sem rumo.

Agnes gemeu quando um dos seus cortes tocou contra a parte do encaixe do cinto. Peguei as faixas e o que os algodões com álcool e passei sobre o mesmo, com cuidado para não fazer nenhum barulho.

_

- Podemos conversar? - exclamo parando em frente à ela. - Agnes, precisaremos ter essa conversa em algum momento, então pode ser agora?

- Não, minha filha está esperando por mim.

Minha mão segurou seu pulso e ela parou a centímetros de mim. Seus olhos ficaram no meu, me fazendo engolir seco e desejar que estivéssemos em um lugar melhor e não no meio do mato com uma horda de zumbis a alguns metros de nós.

- Não vou falar com você, ok? Eu sinto nojo só de olhar para você. Tenho vergonha de dizer que um dia eu te chamei de namorado.


- Eu estava cego Agnes. Cego e...

- Da pra perceber, né meu querido. - ela aponta pra faixa sobre o que havia sobrado do meu outro olho e solta sua mão. - Não vamos ter essa conversa aqui, não vamos ter essa conversa em lugar nenhum e em nenhum momento. Eu nem queria ter me reaproximado de vocês, não queria ter descoberto que vocês estavam vivos. Eu tinha paz.

- Agnes, eu sei que você...sei que tudo mudou, sei que vacilei com você, que eu menti pra você,  mas eu mudei. - digo - Não sou mais o mesmo garoto de antes. Sou um homem agora, um que ainda te ama e que sabe o que fez de errado.

- Não. Me. Importo.

Os passos desengonçados e rápidos dela a fizeram se afastar de mim.

- Merda.

Starting Over  • ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|ˢᵉᵍᵘⁿᵈᵃ ᵗᵉᵐᵖᵒʳᵃᵈᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora