75 - Livre de pressão

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Quando Carl se ergueu, Agnes estava passando por ele com uma faca em mãos e com o arco e flecha nas costas, ela desceu do caminhão com apenas um salto e gritou ao ver o amontoado de mortos no meio da estrada, saindo da floresta bem no meio daquela curva fechada.

Ela matou o primeiro zumbi usando uma flecha que havia acabado se a pegar de dentro da aljava, ela a puxou de dentro só cérebro podre do zumbi e avançou para cima dos mortos.

Eles não tinham tempo, não daria para passar com o caminhão por cima daquela horda enorme e muito menos matar um por um, tinha que ter outra alternativa. E Daryl a encontrou, ele pegou um lança - foguetes, colocou a munição e a colocou sobre seu ombro, se preparando para o impacto que ele sabia que viria segundos depois.

- Agnes! - Carl a grita, entrando no meio dos corpos e puxando a mulher para baixo do caminhão, ele a abraçou e segundos depois como o previsto, a explosão aconteceu.

- Entrem no caminhão!

Carl se ergueu e puxou Agnes para perto dele, a vendo olhar as coisas ao redor com o olhar assustado. O cheiro de carne podre queimada parecia não incomodar a mulher de cabelos cacheados, já que ela estava parada olhando o estrago que havia sido causado pela explosão.

- Vamos!

Agnes subiu no caminhão e se sentou no mesmo lugar de antes, segurando um algodão com álcool, ela segurou a mão de Carl e limpou o corte na testa do mesmo, o ouvindo reclamar e se afastar um pouco do toque molhado do objeto. Ele a encarou comum fino sorriso no rosto e abaixou a mão da mesma.

- Vai dar certo! Vamos conseguir salvar as coisas da sua comunidade, vamos conseguir sair de lá com tudo em perfeito estado.

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Minutos mais tarde, quando o caminhão parou em frente a estrada, a nuvem de fumaça densa e preta encobria toda a parte da estrada, fazendo com que as pessoas descessem ali mesmo e seguissem a pé pela estrada e entrando no meio da fumaça. O caminhão era guiado pelas pessoas, evitando passar por cima do fogo para não causar uma outra explosão.

- Toma cuidado! - Carl exclama beijando os cabelos da mulher em sua frente.

- Você também!

Carl correu para o outro lado da vegetação, vendo as pessoas fazerem uma linha em sua frente enquanto acertavam o fogo com pedaços de lona e água.

Grunhidos vieram em meio a fumaça e quando Agnes viu, os zumbis já estavam em cima deles, alguns pegando fogo e outros apenas avançando pelas partes onde não havia fogo.

- Como essa merda começou? - Agnes exclama matando um morto e vendo o homem que antes ficava de vigia no lugar aparecer ao seu lado.

- Foi eu... mas foi sem querer. - ele diz - Estava fumando e os mortos vieram em uma horda, o cigarro caiu no chão enquanto eu tentava me salvar.

Agnes soltou um palavrão e disse que depois conversava com o homem, que aquele não era um bom momento para a conversa que precisava ser dialogada.

Os olhos arregalados, os gritos, o desespero, o medo de perder tudo e de se perder por causa de mortos e fumaça. Agnes avançou por entre o mato que pegava fogo e encarou o caminhão de combustível que ficava parado do lado de fora do balcão. Ela abriu a porta e pegou as chaves dentro do porta luvas.

A chave virou, mas nada veio, o caminhão não estava pegando. Agnes olhou pelo retrovisor e viu que a traseira do caminhão estava sobre o mato, enquanto sua parte dianteira estava sobre a parte cimentada.

- Preciso de homens atrás de cada um dos caminhões. - ela grita descendo do mesmo e pisando sobre o chão quente - Temos que empurrar eles pro cimento, sem deixar nem uma gota de combustível cair no chão por causa do solavanco.

Daryl bateu suas mãos nas barras de suas próprias calças quando as chamas incendiaram o tecido, e avançou para a frente do caminhão ao lado, o desengatando e vendo que as pessoas estavam ajudando a empurrar o caminhão.

O caminhão pipa não conseguiria chegar onde eles estavam sem derreter todas suas rodas, sem que o fogo consumisse as borrachas velhas de seus pneus. Agnes estava desesperada e quando o caminhão que ela ajudava a empurrar andou um pouco, ela sorriu largo e incentivou os outros a continuarem.

- Agnes! - seu nome foi chamado e ela se virou, vendo o fogo avançar pela linha de gasolina que escorria pela lataria do caminhão ao seu lado.

Suas mãos ágeis tamparam o buraco na lataria e ela tirou sua garrafa de água que estava em sua cintura, jogando o líquido sobre as chamas e as vendo desapareceram.

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Carl subiu no caminhão e encontrou a mulher sentada dentro do mesmo, com seus olhos fechados e cabelos esparramados pelo apoio da cabeça. Seu rosto estava manchado pelo sangue dos mortos e tinha fuligem ali também, principalmente sobre suas bochechas gordas. Ele retirou seu chapéu e o deixou sobre o joelho sobrado.

- Obrigada por ajudar sem fazer as perguntas que eu sei que você quer fazer. - Agnes diz - É muita coisa acontecendo e vocês acabaram de chegar dentro dos meus muros, não dá pra vocês saberem de tudo de uma só vez.

- Tudo bem amor! - ele acaricia as mãos de Agnes - É sua comunidade, são suas regras, suas coisas. Você não precisa contar sobre tudo que tem só porque estamos morando na sua comunidade, não precisa que...

- Vocês dois - Brandon chama - Temos que ir.

- Vocês podem ir na frente - Agnes diz erguendo sua cabeça e encarando o homem fora do caminhão - Tenho uma coisa pra resolver. Você pode vir comigo, Carl?

O homem concordou e desceu do caminhão, seguindo com Agnes para dentro do grande depósito. Ela tinha os olhos fixos no chão sujo pelo barro e pelas cinzas que caíam.

- É aqui que as coisas são distribuídas e organizadas a cada chegada de suprimentos, é aqui que nossa esperança se renova a cada novo dia de busca. É aqui qu...

- Ag, não precisa me falar sobre sua comunidade ou sobre as coisas que vocês fazem. Não precisa achar que eu tenho que saber de tudo so por que vi uma coisa, isso eu posso entender com o tempo. Você tem tentando me contar as coisas por se sentir, sei lá, pressionada por estar juntos, nas não precisa ser assim. Sua comunidade, suas regras, suas coisas.

Carl sabia que estava ficando repetitivo o fato de sempre "atrapalhar" Agnes enquanto ela tentava lhe contar sobre sua comunidade, mas a questão ali era que ela parecia estar se sentindo pressionada por uma coisa que não devia. Ele queria que ela soubesse que estaria do lado da mesma, a qualquer momento sem precisar sentir medo. Livre para fazer o que fez nos 5 anos longe.


Agnes suspirou aliviada e segurou as mãos de Carl, ouvindo ele deixar uma risada fraca escapar. Ela tocou seu rosto e limpou o mesmo com a ponta dos dedos, tirando a fuligem presa em seus cabelos e em sua barba.

- Eu te amo!

- Te amo porquinho! - ela diz beijando os lábios de Carl de forma rápida e encarando as coisas ao redor deles logo em seguida. - Melhor a gente ir embora, tem muito chão pela frente e eu tenho uma reunião com uma pessoa ainda.

- Ei - Carl a chama - Quero levar você e Anne para Oceanside, se lá ainda estiver em pé.

- Elas estão bem. - Agnes responde fechando a porta pesada.




Starting Over  • ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|ˢᵉᵍᵘⁿᵈᵃ ᵗᵉᵐᵖᵒʳᵃᵈᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora