Starting Over • ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|ˢᵉᵍᵘⁿᵈᵃ ᵗᵉᵐᵖᵒʳᵃᵈᵃ

64 - Seja o porto seguro

NARRADOR 

Não houve febre ou qualquer sintoma de uma suposta transformação. Os batimentos de Agnes estavam normais, assim como antes, sua pele ainda tinha a cor de alguém vivo e sua respiração estava compassada. Carl estava revezando entre a casa de Agnes para poder cuidar de Anne e das coisas que precisavam ser resolvidas e ficar com Agnes na enfermaria. 

Os enfermeiros estavam de olho a cada segundo naquele ferimento que havia sido feito pela lâmina da faca, mas também estavam de olho nos outros que a mulher tinha em todo o seu corpo, cortes feitos pelos salvadores em suas sessões de tortura. Sessões que Carl presenciou e ainda as vias durante a noite quando fechava os olhos.

Negan também estava lá, ainda desmaiado, assim como a filha. Mas, seu estado era pior que o da filha, bem pior. As facadas e os tiros haviam sido em locais que poderiam causar uma morte a qualquer instante. Por isso, ele também usava algemas, assim como a filha.

- Carl! - Michel o chama -  Pode me ajudar a descarregar um caminhão que chegou de outra comunidade e carregar ele com coisas que temos aqui? Precisamos de ajuda.

Carl se levantou, saindo do lado de Agnes e caminhou para fora da enfermaria com Michel ao seu lado. O homem de pele morena tinha os olhos presos no chão e o olhar longe. Ele estava sem dormir desde o dia que o pai havia morrido, procurando por quem havia lhe feito aquilo e tentando achar alguém para poder culpar do que havia acontecido com ele.

- Ei, cara! - Carl para Michel - Olha, eu sei que não nós damos bem, muito menos que vamos com a cara um do outro, mas você precisa parar. Você não tem dormido, não tem se alimentado direito e as mulheres da enfermaria tem dito que você está procurando por Salvadores lá fora, pessoas para poder se vingar. Isso não vai te levar a lugar nenhum que não seja a morte, então, eu te peço, pare! Pare não só por você,  mas pela mulher que te ama, pelas pessoas que te conhecem. Por Agnes e Anne que tem um carinho grande por você.

Michel engoliu seco e encarou as coisas ao redor.

- Você tem feito bem pras duas. Virou um homem de verdade, diferente do que está nos livros e nas histórias que Agnes contava sobre você.

- Eu percebi meu erro e mudei. Percebei que Agnes sempre havia sido a pessoa que eu havia amado de verdade, que eu não devia ser aquele cara possessivo e idiota que eu era. Na verdade eu nem era um cara, era uma criança, uma pessoa infantil que fazia ela sofrer mesmo com tudo que ela havia passado. Não digo que foi foi eu que errei, ela também errou, todos nós erramos. Mas fazer ela chorar, fazer ela viver longe, sofrendo por perder quem ela amava, sofrendo por não ter ninguém foi o pior. Se ela amou o Benjamin na mesma intensidade que me amou, ou se amou ainda mais, foi por que eu aposto que ele foi o homem de verdade que ela merecia ao lado dela.

- O tempo é necessário para nós mudar! - Michel diz olhando ao seu redor e engolindo seco - Meu pai dizia isso.

- E ele estava certo.

-  Faz ela feliz cara, sério. Se Agnes levantar daquela cama e quiser viver com o homem de verdade que você se tornou, faz ela feliz, cuida dela como Benjamin cuidava. Em vez de tirar lágrimas tire sorrisos e gargalhadas, não quero mais ter que ver aquela mulher chorando as escondidas e acordando no meio da noite por causa de pesadelos, seja o porto seguro dela, se...

O grito de um homem chamou a atenção de Carl e Michel, ele estava perguntando se eles iriam ajudar ou apenas ficarem parados encarando as coisas ao redor em vez de agir.

- Será que ela vai contar aos outros sobre as comunidades? - Carl questiona pegando uma caixa - Daryl ouviu alguém falando sobre uma vez e contou para o resto do grupo.

- No tempo dela sim. No tempo dela.

Carl entendia que Agnes era a líder da comunidade e como líder, faria o que fosse de melhor para todos. Ele sabia também que as comunidades que ela tinha essa aliança ou que havia ajudado a fundar, estavam todos muito bem preparadas. Mas o que ele não sabia era o que Agnes havia feito para manter tudo aquilo de pé, o que ela escondia debaixo do tapete.