CarlAgnes estava abaixada ao meu lado, tampando seus ouvidos para diminuir o som das explosões que nos estávamos causando. Haviam outras pessoas ao nosso redor, moradores de Alexandria e da comunidade de Agnes, todos com armas e granadas em mãos, apenas esperando o momento certo para jogá-las.
O rádio em minha cintura não parava, alguns momentos apenas xiados em outros vozes cortadas de moradores de Alexandria dizendo que estavam no meio dos caminhões matando os Salvadores que estavam vivos e que não haviam fugido.
As chamas alaranjadas atrás de nós me causavam dor. Minha casa, a casa de pessoas da minha família estavam sendo destruídas pelas chamas e iriamos perder tudo que tivemos tanta dificuldade pra reconstruir depois de anos.
Não havia mais quem matar ali, tinha acabado. Estava tudo acabando em chamas, em balas ou explosões.
- Temos que ir! - Agnes responde se levantando e pegando as armas dos Salvadores mortos que estavam dentro da comunidade. - Podemos ficar presos aqui senão sairmos antes do fogo se espalhar.
Recolhemos nossas armas e seguimos até as placas, onde abri a tampa do bueiro e pulei dentro dos túneis. Alguns moradores se levantaram e nos ajudaram com armas. Meu pai estava ao fundo ao lado da minha mãe e das crianças.
Anne correu por entre as várias pessoas e abraçou a mãe, me fazendo encarar a cena com um sorriso bobo no rosto. Eu nunca tinha pensado naquilo, sabe, no fato de querer ter uma família ou alguém que eu podia chamar de filho ou filha. Anne era especial, ela transmitia alegria e uma paz grande em mim.
- Mamãe, tem um cachorrinho aqui! - Anne assobiou, me deixando bobo por ela conseguir. - Olha como ele é lindo!
Agnes passou a mão nos pelos do cachorro e pareceu não reconhece - lo. Ela sorria enquanto fazia carinho no mesmo e falava com a filha sobre elas terem um.
- Você não está o reconhecendo, não é? - questiono.
- Deveria?
- Você deu o nome a ele, você cuidou dele e o salvou.
Agnes encarou o cachorro mais uma vez e sorriu, o chamando pelo nome. Anne parecia não entender, ficando encarando a mãe e a mim.
- A mamãe era dona dele, meu amor! - ela diz à filha- Mamãe salvou ele anos atrás. Jax!
As lambidas do cachorro fizeram Anne rir e por sua simples risada alguns dos moradores de Alexandria que estavam sentados um pouco à frente de nós sorriu, aliviando a tensão que existia ali.
- Temos que sair daqui e ir para Hilltop! - digo. - Juntem suas coisas, temos que partir.
- Antes de irmos - Michonne diz - Temos que resolver um problema.
Passo pelas pessoas e viro o corredor, dando de cara com Tara, que por sua vez tinha sua mão envolta em um pano ensanguentado.
- Ela teve um corte feio na mão e não sabemos o que fazer, não dá pra sair assim com ela.
- O médico?
- Eles saíram com seu pai para limpar as redondezas.
Lembrei de Agnes e a chamei, vendo ela caminhar com a filha para perto de nós.
- Ela se cortou, pode limpar e costurar? - peço- Eu vou ver como Siddiq está. Por favor, não podemos sair com ela sangrando.
- Não posso fazer milagres, não sou um deus ou santa pra isso. S3 o corte foi fundo o sangramento pode não parar e acabar causando uma hemorragia.
- Por favor! - peço me aproximando dela e colocando minha mão em seu ombro - Apenas tente.
Agnes engoliu seco e desceu a filha do colo, pedindo para ela se sentar ao lado da moça e ficar olhando para o chão. Os cabelos cacheados de Agnes foram amarrados em um coque e ela respirou fundo antes de abrir a maleta de primeiros socorros e segurar a mão de Tara.
Uma coisa que eu havia percebido durante o certo tempo que Agnes havia reaparecido, era que em alguns momentos ela não mantinha contato visual com a maior parte dos moradores de Alexandria. Ela sempre olhava para outro lado ou apenas abaixava a cabeça. Ela não se sentia confortável com aquilo.
- Morde isso.
Tara mordeu o pano e esperou pela dor. Seus gemidos saíram abafados e em segundos pequenas mãos seguraram a sua e ela abriu os olhos, e mesmo com a visão turva ela viu Anne segurando sua mão boa e fazendo carinhos. Eu amava aquela pequena criatura. Agnes estava sabendo criar aquele pequeno ser humano da maneira mais perfeita do mundo. Sua bondade parecia brilhar ao seu redor e ela trazia paz.
- Pronto! - a mão de Tara estava limpa e enfaixada segundos depois. - Temos que ir!
- Vou ver como Andrew está...
- Já devia ter ido. - Agnes responde juntando as coisas. - Amor, pode pegar sua mochila?
Caminhei ao lado de Anne até virar o corredor e trocar de direção, indo para perto de Andrew, que por sua vez estava sentado em sua cama improvisada e bebia água enquanto comia um sanduíche.
- Sua irmã que me deu.
- Ela sempre foi assim. - digo- Você consegue caminhar? Temos uma jornada longa até a outra comunidade.
- Consigo.
_
As estradas estavam a poucos metros de nós enquanto andávamos pela floresta em total silêncio e prontos para o que pudesse acontecer. Mas foi rápido demais, os Salvadores surgiram atirando de dentro de seus carros e todos se separaram.
Siddiq que estava ao meu lado foi levado para longe e alguns dos homens de Agnes começaram a revidar enquanto se escondiam atrás das árvores.
- Agnes! - exclamo vendo ela ser jogada pelo barranco abaixo com um Salvador sobre ela.
- Fica aí cara. Ela sabe se virar - um dos homens dela diz puxando minha camisa - Precisamos levar eles à salvo pra essa comunidade que você disse.
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Starting Over • ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|ˢᵉᵍᵘⁿᵈᵃ ᵗᵉᵐᵖᵒʳᵃᵈᵃ
Teen FictionCARL GRIMES FANFIC ˢᵉᵍᵘⁿᵈᵃ ᵗᵉᵐᵖᵒʳᵃᵈᵃ Uma pessoa consegue realmente esquecer aquele amor que fazia seu coração bater muito mais forte? Que fazia sua respiração ficar falha e suas pernas fraquejarem? Minha humilde opinião, não. Ninguém nunca supera, p...