79 - Pesadelos e medos

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N A R R A D O R

O corpo de ambos estava enrolado na cama, debaixo dos cobertores quentes. Os cabelos de Agnes estavam presos em um coque e Carl havia afundado sua cabeça ali, sentindo o cheiro de shampoo que vinha dele. As mãos de Carl estavam presas ao redor do corpo da mesma,  até o momento que ele retirou a mão da cintura dela e a colocou dentro do bolso, onde segurou o anel e o colocou em frente ao rosto de Agnes.

Os olhos da mulher se arregalaram.

- Achei esse em uma busca quando estávamos na cidade aquela vez. Ele é sua cara e eu queria te dar de presente. Queria um de noivado, mas...acho que é cedo demais não é?

- Sim, mas eu amei o anel! - ela diz o colocando no dedo e sorrindo ao vê-lo encaixar. - É lindo!

Carl puxou Agnes para mais perto e sorriu, a beijando antes de fechar o olho e suspirar pesado.

A dor no pé de Agnes estava amenizando, ele estava para cima sob algumas almofadas. Ela sempre o deixava no alto, tentando ou pensando que aquilo ajudaria em alguma coisa. Os carinhos de Carl em seus braços lhe fizeram cair no sono e ela dormiu.

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Agnes acordou com Anne gritando, chamando seu nome. Ela se ergueu às pressas e correu até o quarto da filha, a encontrando encolhida na cama e com os olhos fechados. Seu rosto pequeno estava molhado e escondido entre as mãos.

- Amor? Mamãe está aqui!  - Agnes abraçou o corpo da filha e a deixou sobre seu colo. - Está tudo bem! Foi só um sonho ruim. Só um sonho ruim.

O corpo de Anne tremia sem parar, ela segurava a blusa de Agnes com força, o que fez com que a mulher ficasse desesperada pela filha não falar e apenas ficar agarrada a ela.

- Aqui..- Carl se aproxima com o copo de canudo favorito de Anne e com um dos seus ursinhos em mãos. - Aqui querida!

Anne esticou suas pequenas mãos e segurou o copo. Ela bebeu gole por gole e com os carinhos da mãe, sua respiração ficou calma e ela fechou seus olhos pequenos.

- O que houve meu amor? Conta pra mamãe!

- Não quero morrer mamãe! Não quero morrer!

Agnes encarou Carl e engoliu seco.

- Você não vai morrer meu amor, olha pra mim!  Anne, olha pra mim! - a pequena encarou a mãe - Eu não vou deixar você se machucar meu amor, não vou deixar você morrer.

- Nós, não vamos deixar! - Carl corrige se sentando na cama ao lado de Agnes. - Vamos ficar com você o resto da noite, tá bom? Não vamos sair daqui.

Agnes concordou, deitando a filha na cama e a deixando entre os dois, com a cabeça da pequena apoiada em seu peito e suas mãos ao redor da barriga da mãe, a abraçando. Carl se deitou ao lado delas, puxando a coberta e se ajeitando no espaço pequeno que havia sobrado do colchão.

Quando Anne pegou no sono, Agnes encarou Carl e apertou a mão do mesmo.

- Isso foi por causa de hoje cedo. - ela diz- Não devia ter deixado ela sozinha...não devia ter deixado ela sair correndo com as crianças sem olhar as cercas antes. Os muros já eram par estarem de pé, os materiais estão no barco as pessoas só estão ocupadas com as hordas e as plantações que não vão bem.

- Ag, não foi sua culpa! Para com isso. Vou construir esses muros, vou reforçar esse lugar e até atar os mortos que eu ver nessa floresta, só pra essa pequena - ele acaricia os cabelos de Anne - possa brincar com as outras crianças em segurança. Podem dormir, eu vou ficar de olho nas coisas. 

- Eu te amo! 

- Eu também te amo!

Carl passou sua mão pela cabeça de Agnes e a fez fechar os olhos. Ele sabia do peso que ela carregava, afinal, ela havia perdido o pai da sua filha, havia se tornado líder e mãe sem apoio de quem ela queria. Ela não queria que a filha se sentisse só ou abandonada, queria que ela se sentisse segura. 

Starting Over  • ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|ˢᵉᵍᵘⁿᵈᵃ ᵗᵉᵐᵖᵒʳᵃᵈᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora