Pensar

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Sarah Lockhart
**8 semanas**

Respiro fundo e me sento lentamente, seguro o lençol ainda contra meu corpo e olho para Manuel.

Travo meu maxilar e começo a esticar a mão, estou quase pegando a arma quando ele se remexe.

Recolho minha mão e observo ele me procurar pela cama, a covardia me toma e deito de novo deixando ele me puxar.

Comprimo meus lábios e sinto a respiração dele no meu ombro, fecho meus olhos com força e sinto lágrimas descendo pela minha bochecha.

Eu precisava colocar na minha cabeça que eu estava ali por que queria, que eu estava ali e fazia tudo por que queria.

Por que se por um momento eu lembrasse que eu não queria estar ali, que não queria fazer tudo aquilo...

Eu ia quebrar, e eu não podia quebrar, não podia quebrar por que alguém dependia de mim, agora alguém dependia de mim.

Levanto da cama tão rápido que só dá para eu colocar a camisa antes de correr para o banheiro.

Agarro a privada e começo a vomitar tudo que jantei, afasto meus cabelos e tento me acalmar depois de tudo.

Levanto a cabeça e olho para a porta Manuel está de braços cruzados e parece bem sério.

-Você está vomitando assim a duas noites.- ele fala e eu contenho a vontade de vomitar mais.

-Eu acho...

-Você está grávida.- ele completa.

Me levanto e parto para a próxima fase do meu plano, me aproximo da pia e lavo meu rosto e minha boca.

-Isso é ruim?- meu coração para.

Ele ainda fica calado e seguro a mão dele, odeio fazer isso, odeio fazer com que Andrew não seja nada nisso tudo.

Trago a mão dele até minha barriga e me aproximo, ele abaixa a cabeça e percebo que está balançando a cabeça.

-Vamos ter um filho.- assim que ele fala, eu respiro aliviada.- Vamos ter um filho, Sarah.

-Sim.- assinto.

-Precisamos...

-Na verdade, eu não quero obstetra.- já sei o que ele vai falar.- Eu quero só ficar aqui...em paz.

-Ok.- ele assente.- Vamos fazer do seu jeito.

Eu sorrio e ele me puxa para um abraço, não sei por que estou me sentindo mal por isso.

Não sei se me sinto mal por estar enganando o espanhol sobre o bebê ser dele agora.

Não sei se estava me sentindo mal por estar tirando de Andrew esse momento, esse deveria ser nosso momento.

Não sei se estava mal por estar ali a tanto tempo, iria fazer um mês, um mês e eu ainda estava ali.

Só precisava continuar sendo boazinha com ele e aquela menina dócil que ele estava acostumado.

-Ainda vamos voltar para LA, não?- levanto o rosto e o encaro.

-Sarah, não sei, com você grávida...

-Você prometeu.- digo.

-Por que quer voltar para lá?- ele se afasta.- Se está feliz aqui...

-Estar lá lembra meus pais.- tento arranjar algo.

-Ou quer ver Andrew de novo...

-Não, não, eu juro.- balanço a cabeça.- Você sabe que é você....

Ele segura meu pescoço e me coloca contra a parede, eu abro a boca tentando respirar e seguro o pulso dele.

O olhar dele muda tão de repente que medo corrompe meu corpo, desespero começa a me tomar.

-Me diga a verdade, Sarah, esse filho é meu?- ele pergunta.

-Sim...- falo rouca.

-Quer ver Andrew? Por isso quer voltar para LA?- ele me bate contra a parede.

-Não...- falo desesperada.

-Se você estiver mentindo, Sarah...

-Eu amo você.- sussurro.- Andrew não é nada.

-Repita.- ele fala sério.

-Eu amo você.- tento respirar.

Ele me solta e eu perco o equilíbrio caindo no chão, lágrimas descem pelas minhas bochechas e Manuel bate a mão na pia.

-Você não vai encontrar ele de novo!- Manuel grita.- Você é minha!

Me encolho quando ele derruba as coisas da pia e sai, ele pega as coisas indo embora, coloco meu rosto nas mãos.

Fico parada e me abraço, sinto meu corpo tremendo e tento me levantar, mas não consigo sair dali agora.

Acho que vou ficar aqui por um momento, mas a porta abre de novo e ouço os passos dele vindo na minha direção.

-Manuel, por favor...

-Levante.- ele manda.- Levante!

Ele agarra meus braços e me levanta, eu me apoio na parede e ele começa a me puxar até a cama.

Eu sento na cama e massageio o braço, ele segura meu rosto e me faz encará-lo de uma vez.

-Vamos ir para LA em dois meses, e você vai mostrar que é minha.- ele sussurra.

-Certo.- aceito.

Ele sai de novo e simplesmente deito na cama desistindo de me ajeitar na cama, deito daquele jeito e pronto.

**2 semanas depois**

Andrew Hunt

Ajudo minha avó a pegar algo em cima da prateleira e ela agradece com um sorriso enquanto vira a panqueca.

-Então....- ela olha para Laura, que está dormindo na mesa.

-Vó, ela tem acesso ao telefone.- explico.- Ela pode me ligar a qualquer momento.

-Só não quero que você perca algo importante por orgulho, Andrew.- ela fala séria.

-Ela não está grávida, vó.- me aproximo.- Você sabe o quanto todo mundo aqui é fudido nisso.

-Andrew, não admito que fale isso.- ela me encara.- Você e Sarah pareciam tão bem.

-Eu não sei de mais nada.- olho para Laura e ela ainda está dormindo.- Acho melhor focar em Lily.

-Aquele namoradinho dela está bem acampado lá no hospital.- ela sorri.- Você não precisa se preocupar com ela.

-Eu sou...

-O irmão mais velho, sei.- ela aperta meu ombro.- Andrew, eu só vou pedir uma coisa.

-Hum?- tento sorrir.

-Pegue o dia de hoje, faça algo que gosta, pense sobre tudo.- ela pede.- Vai fazer isso?

-Vou, vou fazer agora.- sorrio.- Obrigado, vó.- beijo a bochecha dela.

Passo por Laura e bagunço o cabelo dela, Laura me xinga e minha vó começa a rir disso.

Pego as minhas coisas e saio de casa, talvez eu vá para a praia, ou para o parque de diversões, talvez a roda gigante.

Passo a mão pelo rosto e entro no carro, minha avó está certa, eu preciso pensar em tudo isso que está acontecendo.

Deveres De Um Mafioso - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora