Concertar

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Sarah Lockhart
** 38 dias de vida**

Termino de passar o hidratante e apago a luz do banheiro, saio do banheiro e fecho a porta, o quarto está gelado por causa do ar-condicionado.

Andrew está lendo alguma coisa, ele estava me ignorando esses dias, não sei por que, eu só falei que não queria ter mais filhos.

Sento na cama de frente para ele e coloco o cabelo atrás da orelha, fico esperando ele olhar para mim, mas nem move um músculo.

-Isso é ridículo, Andrew.- balanço a cabeça.

Ele fica calado e eu refiro os olhos, ele não está fazendo isso, está?

Fico de joelhos na cama e pego o livro dele, Andrew trava o maxilar e vejo que ele tenta controlar a raiva.

-Qual é o seu problema?- pergunto.- É tão difícil entender o meu sofrimento?

-Não fale isso.- ele balança a cabeça.- Eu entendo...

-Não parece.- o encaro.- Por que se entendesse, saberia o porquê que eu não quero passar por isso.

-Eu vou estar do seu lado!- ele levanta.- Eu vou estar com você!

-A minha primeira gravidez foi durante um sequestro, Andrew!- falo no mesmo tom.- Toda vez que me imagino grávida eu só lembro dele!

-Não estou pedindo um filho agora, Sarah!- ele passa a mão pelos cabelos.- Mas eu quero mais filhos!

-Não está feliz com um?- franzo as sobrancelhas.- Por que eu estou satisfeita...

-Não vire minhas palavras contra mim.- ele me encara com raiva.- Eu estou feliz com Chris, mas quero uma família maior.

-Andrew, eu não...- balanço a cabeça.- Desde o começo tudo foi difícil...

-Podemos passar por isso.- ele começa a se aproxima.- Já evoluímos tanto...

-Eu não quero mais filhos!- mexo as mãos agoniada.

-Por que?- ele grita.

-Porque eu sofri desde o início, Andrew.- limpo uma lágrima.- Eu estava dando a luz e ele quase pegou meu filho!

-Então nosso filho fez você sofrer?- ele levanta as sobrancelhas.

Minha raiva cresce na hora e eu atiro o livro nele, Andrew desvia do livro e ele bate em um abajur o jogando no chão e fazendo ele quebrar.

-Nunca mais repita isso de novo!- grito com raiva.- Nunca mais!

Ele fica calado e eu apoio minhas mãos no joelho para conseguir respirar, o que ele disse me deixou tão horrível...

-Sarah.- ele começa a se aproximar.

-Não encoste em mim.- me afasto.

-Eu não quis falar isso.- ele fala baixo.- Sei que ama ele, sei que faria tudo por ele.

-Eu fiz tudo por ele.- o corrijo.- Eu transei com quem não queria! Eu fui humilhada! Eu tive que fazer coisas que nunca faria! Por ele!

-Eu sei...

-Não me diga que ele me fez sofrer!- empurro o peito dele e Andrew deixa.- Foi ele quem me fez ficar fica todo esse tempo!- empurro ele de novo.

-Sarah...- ele fala rouco.

-Não consigo falar com você agora.- começo a ir até a porta.

-O que você vai fazer?- ele começa a me seguir.

-Eu preciso pensar.- abro a porta.

-Ok, vamos tomar uma água, comer algo...- ele me segue pelo corredor.

-Não, Andrew.- toco a maçaneta da porta do quarto de Chris.- Eu preciso de um tempo longe de você.

-E vai levar Chris?- ele parece com raiva quando eu abro a porta.

-Quem está amamentando, eu ou você?- levanto as sobrancelhas.

-E para onde você vai?- ele me observa arrumar a bolsa do bebê.

-Para algum canto.- balanço a cabeça.

-Sarah.- ele suspira.- Sarah.

-Eu não vou ouvir você agora...

-Eu vou.- ele segura meu pulso.- Não precisa sair de casa, eu vou.

Paro na hora e o encaro, ele olha então para o berço e olho junto com ele, Chris está dormindo bem pesado.

-Aqui tem tudo, não precisa ir, eu vou.- ele me observa.

-Ok.- falo baixo.

-Eu vou arrumar minha mala.- ele começa a sair do quarto.

Sento na cadeira de balanço e olho para Chris, então começo a chorar, simplesmente começo a chorar com isso.

Curvo meu corpo e cubro o rosto, estava tudo tão bem, e agora estava tudo tão mal, eu não podia acreditar nisso.

Levanto rapidamente e vou até o quarto, abro a porta do quarto e vejo ele arrumando uma mala.

-Eu venho ver ele todo dia.- Andrew informa.- Vou ficar na casa dos meus pais.

Meu coração começa a bater mais rápido e eu abaixo a cabeça quando ele fecha a mala rapidamente.

-Qualquer coisa é só chamar.- ele passa a alça pelo ombro.- Luke está lá fora.

Abraço meu corpo e ele começa a vir na minha direção, Andrew me observa e segura minha nuca, fecho meus olhos e sinto os lábios dele na minha testa.

-Eu amo você.- ele sussurra.- Amo muito você, Sarah.

-Eu também amo você.- falo baixo.

Ele passa por mim e cruzo meus braços, ouço ele descer as escadas, sento na cama e cubro meu rosto ouvido s porta fechar, agora é real, ele foi embora.

Mas eu realmente preciso disso, depois de tudo eu vim direto para ele, não tomei tempo para mim, não tomei tempo para me encontrar...

E agora ele foi embora, e eu tenho tempo.

Andrew Hunt

A porta abre e minha mãe parece surpresa por me ver, eu abaixo a cabeça e não consigo controlar minhas lágrimas, não mais.

-Ah, filho.- ela me puxa e me abraça.

-Eu falei una coisa horrível.- sussurro.- Falei para ela que...- minha voz falha.- Eu falei que ela achava que nosso filho a fez sofrer.

-Andrew.- minha mãe fala repreensiva.

-Eu sei, fui horrível.- fecho a porta atrás de mim.- Ela disse que não queria ter outro filho e eu...

-Você insistiu.- ela percebe.- Não devia ter feito isso.

-Mas eu vou mentir?- levanto as sobrancelhas.

-Não, vai entender ela.- minha mãe suspira.- Vá dormir, amanhã você pensa nisso.

-Não consigo dormir.- sento no sofá.

-Amanhã vocês conversam com mais calma.- ela começa a subir as escadas.- Fique calmo.

-Não tem como estar calmo.- deito a cabeça na almofada.

-Pare de drama, Andrew, você fez isso, pense em como concertar.- ela fala séria.- Só pense.

Encaro o teto e obedeço minha mãe, tento pensar em concertar isso, mas como falar para ela o que eu não quero falar? Eu quero ter filhos, não vou fingir que não.

Deveres De Um Mafioso - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora