Tempestade - Parte 1

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Andrew Hunt

Chegamos no hospital e Sarah já estava colocando o avental de pacientes com a ajuda da enfermeira.

Coloquei as coisas em cima da cadeira e percebi que não tínhamos uma bolsa de bebê, a bolsa que eu tinha feito estava na casa em LA.

Tudo estava dando errado, não sabia como ia fazer para deixar ela calma, como eu diria a ela o que estava acontecendo.

Era simples, eu não diria.

-Vou trazer a obstetra de plantão, ok?- a enfermeira fala se afastando.

Quando finalmente estamos a sós ela amarra o cabelo e apoia as mãos na cama, com certeza é a primeira contração vindo.

Me aproximo e começo a esfregar suas costas enquanto deixo ela segurar meu braço com força, sinto as unhas dela me arranhando.

-Puta merda.- ela esconde o rosto na cama enquanto se curva.

-Tudo bem.- eu olho por cima do ombro e vejo minha mãe.- Mãe!

-Quem?- Sarah também olha.

-Ah, querida, como você está?- minha mãe começa a entrar.

-Com dor.- Sarah murmura.

-Vamos ficar lá fora.- ela me observa.- Se precisarem.

-Preciso falar com você.- começo a me afastar.- Volto logo, ok?

-Ok.- Sarah  me ignora.

Passamos pela porta do quarto e vejo que realmente estão todos ali, menos Lily e Daniel.

-Cadê Lily?- pergunto.

-Foi para o Alaska.- Laura murmura distraída.

-Longa história.- meu pai balança a cabeça.

-Luke nos contou.- minha mãe aperta meu ombro.- O que precisa de nós?

-Manuel deve estar a caminho.- explico.- Precisamos reforçar a segurança do hospital, talvez até avisar aos seguranças daqui que tem algum louco.

-Ok, podemos fazer isso.- meu pai me acalma.- Trouxe bastante gente.

-Laura, preciso que fique com Sarah.- começo a tirar o casaco.

-Como assim, Andrew?- minha mãe parece furiosa.- Você tem que ficar com ela...

-Eu vou ser mais útil ajudando a proteger o hospital.- explico e Laura começa a entrar na sala.

-Não.- minha mãe segura o braço dela.- É sua responsabilidade estar lá dentro, Andrew, você é útil ali.

-Vamos.- ela começa a levar Laura.

Meu pai coloca as mãos dentro dos bolsos e observa elas indo, então passa por mim lentamente.

-Está na hora de começar a ser responsável, Andrew.- ele fala calmo.- Você vai ser pai.

Ele então desaparece pelo corredor, o meu major medo era entrar ali de novo, ter que ver Sarah sofrer.

Minha mãe quase tinha morrido tendo Laura, não era a coisa mais normal do mundo, mas acontecia.

Me aproximei da porta e toquei a maçaneta, mas então ouvi o ruído de dor que Sarah fez.

-Pai de primeira viagem?- uma médica se aproxima.

-Sim.- falo rouco.

-Alguns conselhos.- ela limpa a garganta.- Ela sempre tem razão. Faça tudo que ela quiser. Deixe ela apertar sua mão. Tente distrai-la o máximo possível. Fale coisas boas para ela.

-Ok.- tento absorver tudo.

-Pronto?- ela abre a porta.- Parece que a madrugada vai ser longa, Sarah.

-Quem é você?- ela pergunta e a vejo andando pelos cantos.

-Sua obstetra.- ela começa a colocar luvas.- Posso ver quantos centímetros está?

-Pode fazer tudo que quiser se tirar ele daqui agora.- Sarah começa a deitar na cama e a médica sorri.

Vou até Sarah e acaricio as costas dela enquanto a médica faz o trabalho, Sarah faz uma careta e aperta minha mão.

-Ótimo, estamos no começo...

-No começo?- ela arregala os olhos.

-Isso é bom, Sarah, enfermeiros vão vir aqui de hora em hora.- ela tira as luvas e joga no lixo.- Não se preocupe.

-Claro, por que me preocuparia.- ela deita a cabeça e encara o teto.

A médica me encara e mexe a mão em direção a Sarah, então assim que ela sai eu acaricio o braço dela.

-Vai ser rápido, você nem vai perceber...

-Parece que eu estou aqui a três horas.- ela choraminga.- Sei que dizem que a cesária é só se acontecer algo ruim, mas eu não vou aguentar.

-Claro que vai.- acaricio a bochecha dela.- Se tem alguém que consegue, é você.

-Não pode fazer isso por mim?- ela fica mole.

-Eu acho que não.- não contenho o sorriso.- Mas vou estar aqui.

-E vai me dizer o que está acontecendo?- ela me encara e eu paro.- Sei que está acontecendo algo, Andrew.

-Ok, tudo bem.- começo a falar.

Sarah se senta e então começa a andar pelo quarto, talvez isso melhore as contrações, então começo a andar com ela, para acompanhar.

-Lembra da ligação?- pergunto e ela assente.- Luke soube que Manuel estava vindo.

-Ótimo.- ela passa a mão pelo rosto.- E eu tinha que entrar em trabalho de parto nesse exato momento.

-Mas vai ficar tudo bem.- eu a acalmo.- Não precisa se preocupar.

-Não preciso me preocupar com um cara que quer me matar e pegar meu bebê?- ela fala em um só fôlego.

-Minha família vai resolver isso.- toco o ombro dela.- Não vai acontecer nada com vocês.

-Eu acho que não queria saber.- ela abaixa a cabeça.- Merda.- ela geme de dor e agarra meus ombros.

Olho para a janela enquanto deixo ela me usar de apoio durante a contração, olho para o estacionamento e vejo carros chegando.

Começo a acariciar as costas dela a acalmando e então sei que são nossos homens, eles estão se acumulando.

Respiro aliviado, mas não é tudo, uma chuva grossa começa a cair e eu percebo que vai vir muito mais que isso.

-Se quiser, pode ir.- ela ergue a cabeça e me encara.- Eu vou ficar bem.

-Passamos meses separados, e não tem nenhum lugar que eu queria estar mais que aqui.- explico.

-Está chovendo.- ela muda de assunto.- Minha mãe dizia que a chuva dava azar em dias importantes.

-Não vai dar, nesse dia não.- a encaro de verdade.- Só precisa se preocupar com....

-O bebê.- ela assente respirando fundo.- Vai ter que ficar me lembrando disso, por que eu estou quase surtando aqui, Andrew.

-Eu sei.- não contenho a risada.- Estou aqui para acalmar você.

-E me servir - ela lembra.

-Começando agora.- beijo os lábios dela.- O que você quer?

-Eu queria alguma coisa para morder.- ela murmura.

-Gelo.- começo a me afastar.- Eu vou pegar gelo, ok?

-Ok.- ela assente.

-Ótimo, fique aí e grite se precisar.- abri a porta.

Começo a andar rápido e vejo que as pessoas estão calmas, mas logo elas não vai estar, e eu não quero adiantar as coisas.

Então tudo que tenho que fazer e buscar o gelo e voltar para o quarto, era um dia normal e sem azar, era só um dia normal, ou eu faria ser.

Deveres De Um Mafioso - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora