Dias depois, Matheus e Cristiane estavam ficando apreensivos com o estado de nervos de Sarah . Os três estavam trancados na sala da advogada, aguardando a chegada de Felipe, que deveria trazer um cliente importante consigo.
A dupla chegou quando Sarah já havia consumido a terceira xícara de café e fumava um cigarro na janela.
– Sente-se – ordenou ela ao cliente, sem nem ao menos cumprimentá-lo.
– Como vai, doutora? – saudou ele, com extrema polidez.
O sujeito era professor. Além dos bons modos e do semblante tranquilo, tinha nas costas uma acusação bem pesada: o estupro de um aluno.
– Espero que tenha aproveitado muito bem a sua primeira semana em liberdade de novo. Pode ter sido uma das últimas da sua vida, a julgar pelo seu comportamento na audiência – observou Sarah .
– Eu sinto imensamente se de alguma maneira atrapalhei o seu trabalho, doutora – desculpou-se ele.
Sarah se sentou em sua poltrona, lançando ao cliente um olhar de desafio que deixava claro que ela não poderia ser enganada pelo comportamento falsamente dócil dele.
– Eu consegui o seu habeas corpus – citou Sarah .
– Realmente, foi formidável, doutora. Uma apresentação memorável diante do juiz. Sinto que o meu caso não poderia estar em melhores mãos.
– Claro... Mas eu citei isso por causa do nosso acordo. Está lembrado?
Pacientemente, o cliente encenou uma clássica expressão de quem consultava a memória.
– Não sei exatamente do que está falando, doutora. Pode ser mais específica?
– Posso e serei. Mediante a revogação da previsão preventiva, você prometeu fornecer mais detalhes sobre o caso.
– Ah, sim, isso – ele se mexeu sobre a cadeira que ocupava.
– Sou toda ouvidos – disse Sarah .
Outra vez, ele se mexeu nervosamente na cadeira. Ao redor do cliente, Matheus, Felipe e Cristiane pareciam estar montando guarda. Seus olhos miravam a face do cliente quase sem piscar.
– Doutora... Será que... Seria pedir muito para termos essa conversa... Você sabe... A sós...?
– Os três ficam – Sarah respondeu de imediato. – Agora fale.
– Doutora... Procure ser um pouco razoável, veja que eu...
– Eles fazem parte da defesa. Agora nos poupe de uma discussão extensa que certamente você não vai ganhar, e fale de uma vez.
– Não vejo como eu poderia me sentir à vontade aqui. É como se eu estivesse sendo interrogado de novo.
– Vai ser ainda mais constrangedor diante do juiz. Minha paciência está acabando...
– Desculpe, mas eu não sou obrigado a passar por isso. Não depois de... Eu passei meses preso!
– E vai passar muitos anos ainda, se não responder algumas perguntas – Sarah estava quase perdendo a paciência.
– Posso pelo menos pedir um copo de água? Eu mal tive tempo de tomar café...
Sarah por pouco não bufou, mas recobrando a calma, encarou Felipe.
– Traga água, café e alguma coisa para ele beliscar. Pelo visto a conversa vai ser longa. E não precisa se apressar – orientou a advogada.
Na verdade tudo aquilo já havia sido ensaiado pelos quatro. E Felipe sabia que deveria esperar por um sinal de Cristiane para voltar até a sala. A garota estava com o telefone celular preparado, oculto no bolso do casaco.
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O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )
FanfictionFinal desse triângulo, e acreditem luazinhas. Vencemos .