32.Despejo - Parte 3

689 59 14
                                    

Beatriz saiu mais cedo de casa pretendendo passar no apartamento de Juliette antes de seguir para o trabalho. Como as duas não haviam se falado mais desde a tarde anterior, além de matar as saudades, a secretária tinha novidades para contar.

Conferindo o relógio, chegando a pensar que estava atrasada, ela estranhou não ser atendida no interfone. A única explicação que lhe ocorreu foi que Juliette havia resolvido ir mais cedo para a aula. Apanhando o celular, também não teve sucesso, já que o aparelho de Juliette aparentemente estava desligado.

Tendo perdido a viagem, a garota foi andando desanimadamente até o ponto de ônibus, quando a passagem de um carro conhecido acabou por lhe chamar a atenção. Observando com cautela, nem teve tempo de elaborar muitas conjecturas sobre o que a advogada Sarah Andrade poderia estar fazendo naquela rua, uma vez que logo percebeu que ela não estava sozinha.

Juliette ficou quase um minuto dentro do carro antes de sair, sozinha. Sarah deu a partida logo em seguida, enquanto a estagiária abria o portão.

Dividida entre voltar até lá ou simplesmente continuar escondida, Beatriz sentiu como se seus pés estivessem cimentados na calçada, e não conseguiu nem retornar nem ir adiante. Depois que Juliette desapareceu dentro do prédio, e da mesma forma o carro de Sarah se perdeu na esquina, Beatriz ficou brigando consigo mesma, muito mais por estar parada feito uma pateta na rua, do que pelo turbilhão de desconfianças que advinham do fato de sua namorada ter sido deixada em casa logo cedo por outra mulher.

Supondo que, de qualquer modo, Juliette ainda tinha seus compromissos e fatalmente teria de passar por onde ela estava, Beatriz tentou pensar rapidamente nas alternativas que tinha, e num relance percebeu que a namorada já estava deixando o prédio de novo, desta vez com sua mochila e alguns livros na mão.

Retomando a caminhada, dessa vez na direção contrária, Beatriz ficou satisfeita ao perceber o sorriso no rosto da namorada quando Juliette a reconheceu.

– Bia! – adiantou-se para roubar um beijo da namorada. – Oi! Mas que surpresa!

Deixando que um leve sorriso tomasse seus lábios, Beatriz aceitou a mão que a namorada lhe estendeu ao seguirem caminhando.

– Você saiu tão estranha ontem do escritório, tentei te ligar várias vezes, mas o seu celular caía direto na caixa postal. Fiquei com saudades.

Tentando não demostrar o nervosismo que a tomara, Juliette desviou o rosto rapidamente. Só então se deu conta de que Beatriz poderia tê-la visto saindo do carro de Sarah ainda há pouco.

Qualquer outra pessoa estaria fazendo uma cena e o fato de reconhecer na namorada a calma costumeira deixou Juliette inquieta.

– E por que você não subiu? – Questionou a estagiária.

– Acho que cheguei tarde demais para te pegar em casa.

Mais do que outra coisa, o tom de voz que Beatriz usara na última frase fez Juliette entender que não fora bem assim que as coisas aconteceram.

Beatriz parecia estar com muitas palavras engasgadas, e o teor delas Juliette não poderia adivinhar completamente.

Notando que o ponto de ônibus estava próximo, Juliette decidiu que devia respostas a Beatriz, mesmo que naquele primeiro momento a namorada não as exigisse.

– Bia, não quero que se preocupe com isso agora, mas preciso conversar com você. Aceita jantar comigo hoje à noite?

Entendo que naquele ponto elas tinham que se separar, Beatriz aceitou o convite da namorada.

Trocando mais um beijo rápido, Juliette seguiu para a faculdade e Beatriz para o escritório. A cabeça de ambas povoada por pensamentos e reflexões distintas, sem saber que no fim das contas as perguntas às levavam a um ponto em comum: Sarah Andrade.

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora