Juliette afivelou o cinto com pressa. Sarah deu a partida no carro com a mesma destreza de sempre, e um olhar estranho. Era terça à noite, e as duas haviam trabalhado o dia todo.
– Seus pais chegaram bem de viagem? – perguntou Juliette , para quebrar o gelo.
– Uhum.
– Uma pena que não puderam ficar mais...
– É...
– E você, pelo visto, não está a fim de conversa...
A advogada respirou fundo, fazendo uma careta.
– Desculpe, Ju– forçou um sorriso. – Tive um dia estafante.
– Imagino...
– Bom, acho que ainda não lhe agradeci formalmente pelo final de semana – disse a advogada.
– Quem precisa agradecer sou eu – disse Juliette . – E não é só por ter me divertido ao ver você em maus lençóis. Não entendo como você pode se sentir tão incomodada com eles... A sua irmã é adorável e os seus pais... Eles são indescritíveis. São amáveis, são inteligentes, descontraídos, divertidos e desafiantes. Eles são perfeitos!
Sarah riu sem graça.
– Eu sei – comentou, timidamente.
A morena ficou encarando a amiga até que ela completasse:
– Esse é exatamente o problema.
– Não sei por quê...
Mais uma vez, Sarah tomou fôlego vagarosamente, como se precisasse de força para continuar aquela conversa:
– Você deve ter percebido que eu sou a "ovelha negra" no meio deles.
Juliette riu simpaticamente.
– Você é a ovelha negra em qualquer lugar, Sarah .
Como resposta, a advogada deixou um sorriso contido brotar. Juliette continuou:
– Mas a sua família não parece se incomodar com isso. Acho que eles sempre souberam que você é assim.
– Assim?
– É, assim... Tão... – Juliette ficou pensando. – Nossa, como é difícil definir você!
– Não se sinta mal. Eles tentam fazer isso há vinte e nove anos e ainda não conseguiram.
– Eu discordo. Não acho que eles fiquem buscando uma definição. O que eu vi nesse final de semana foi uma porção de provas de que eles desistiram disso há muito tempo. Eles lhe aceitam. E curtem com a sua cara por causa disso. Então, na minha humilde opinião de jeca, a pessoa que mais se incomoda com uma possível definição de Sarah Andrade é você mesma. E, sabe, você não deveria fazer isso.
– E deveria fazer o quê?
– Aceitar.
– Achei que estivesse fazendo isso há muito tempo – argumentou Sarah .
– Não. Eu estou falando de realmente não se importar. E não de fingir, que era o que você fazia.
– Hum.
– De qualquer modo, foram dois dias maravilhosos. Lembra-se da conversa que tivemos sobre os meus pais?
– Sim.
– Eu estava errada. Eles não roubaram as minhas recordações. Eu é que estava perturbada demais para visitá-las do modo correto. Eu é que estava me punindo, inconscientemente.
– Por que pensa assim?
– Ah, sei lá. Mas vendo você e a Roberta com os seus pais, eu me dei conta de que estava analisando a relação de vocês. Percebi que eu ainda tenho uma bagagem bem grande não só de lembranças, mas de considerações sobre isso, e de alguma forma eu estava me negando a usá-las.
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O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )
Fiksi PenggemarFinal desse triângulo, e acreditem luazinhas. Vencemos .