51. Resolvendo o passado

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Pocah estava dividida entre o nervosismo pela defesa do mestrado, que se aproximava, e a necessidade de resolver finalmente todas as pendências que havia deixado para trás.

Depois de descobrir que Sarah estava comprometida com Juliette , que além de ser sua ex-namorada também, era uma de suas melhores amigas, a morena passou por diversos estados emocionais.

O primeiro, é claro, foi o de negar para si mesma que aquilo a afetava demais. Por vários dias, fingiu que era capaz de não pensar, de ignorar completamente a descoberta. Raivosa por não conseguir, acabou se isolando.

Estranhando o comportamento da filha, o pai de Pocah se preocupou. Tinha percebido claramente as mudanças de humor dela, que se havia voltado do Canadá muito animada, algumas semanas depois parecia estar entrando em depressão.

Muitas vezes tendo de forçá-la, a família se obrigou a preencher a agenda da garota com passeios, jantares, filmes, tudo que pudesse ser agregado à rotina de Pocah com a desculpa de que ela havia feito muita falta quando fizera o intercâmbio.

A única pessoa que ela tinha pensado em procurar para falar daquilo parecia estar estranhamente ocupada demais. Carla já não atendia mais ao telefone e demorava dias para responder os e-mails mais corriqueiros.

Amargurada, Pocah passou a acreditar que Carla havia encontrado alguém, e em virtude da noite que haviam passado juntas antes da viagem, estava com medo de contar a amiga que estava namorando outra pessoa.

Depois de um tempo, a morena parou com a negação, e passou a se dedicar em entender como Sarah e Juliette haviam se tornado namoradas. Não que desconfiasse das duas, pensando que o caso era mais antigo, mas Pocah demorou bastante para aceitar que o relacionamento poderia ser tão sério mesmo sendo tão recente e, não só pra ela, totalmente inesperado.

Assim, entrou na fase da barganha. Forçava-se a acreditar que se Sarah e Juliette estavam mesmo predestinadas a se amarem, não havia nada que ela pudesse fazer a respeito, mas fazer tal concessão demandava receber algo em troca, e foi em busca disso que ela procurou Sarah em seu escritório, escolhendo pensadamente o turno da manhã, para que não desse de cara com Juliette .

– Será que eu posso entrar?

Sarah se assustou ao ver quem tinha atravessado a porta. Provavelmente a secretária tinha pensado que Pocah era a cliente que a advogada estava esperando, e assim ela conseguira entrar sem ser anunciada.

– C...Claro, Pocah . Tudo bem?

A estudante sorriu, vacilante, olhou para a cadeira diante da mesa e ao perceber que Sarah não pretendia se levantar, acabou por se sentar de frente para ela.

– Não me diga que já está trabalhando no consulado aqui perto e resolveu fugir do expediente? – brincou a advogada.

– Não, ainda nem comecei.

– Você já conhecia o escritório?

O modo incerto e trivial com que Sarah fez a pergunta deixou Pocah ainda mais desconfortável.

– Não. Engraçado, né? Você passa mais da metade da sua vida aqui, e eu nunca nem tinha entrado pra ver como é.

– E gostou?

– É bem maior do que eu imaginava.

– Temos outro andar, também, há menos de um ano.

– Hum.

– Mas você não deve ter vindo para falar disso – Sarah verbalizou o óbvio.

– É...

– Aceita um café?

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora