No dia seguinte, Juliette acordou mais cedo. Precisamente uma hora antes que o costumeiro. Em seu ritmo de sempre, arrumou-se, preparou um café, apanhou suas coisas e deixou o apartamento.
Ao invés de partir direto para a faculdade, porém, a garota resolveu tirar uma história muito séria a limpo. Não poderia permitir que Sarah continuasse com aquele julgamento leviano sobre ela.
Quando chegou na portaria, o senhor já conhecido lhe avisou que Sarah havia acabado de descer, e que se Juliette se apressasse, era capaz de pegá-la na garagem.
A garota assim o fez. E, por sorte, Sarah sequer havia entrado no carro.
– Sarah ? – chamou ela, em tom firme.
A advogada se virou, não sem demonstrar toda a sua surpresa no olhar.
– Tem um minuto?
Os pensamentos sempre rápidos de Juliette não ignoraram que era bastante cedo para Sarah estar partindo para o escritório, mas em vista da situação em que elas se encontravam, a garota preferiu não perguntar nada a respeito disso. Não de cara, pelo menos.
– Se for realmente só um minuto, ou poucos deles, eu tenho.
As duas ficaram se encarando, como que discutindo em silêncio se teriam aquela conversa ali mesmo, ou se havia tempo para encontrar um lugar mais adequado.
Os olhos de Sarah então vagaram até a mochila que Juliette trazia pendurada em um dos ombros.
– Depois daqui, você vai pra aula?
Juliette confirmou apenas movendo a cabeça.
– Entre no carro, então.
Ela obedeceu. Tinha passado as horas subseqüentes ao sonho tórrido da noite anterior prevendo infinitas possibilidades de como desenrolaria aquele assunto. Duas coisas lhe pareceram muito claras após a reflexão: primeiro, não estava disposta a insistir caso Sarah não acreditasse em seus argumentos iniciais; e segundo, jamais, em hipótese alguma, deixaria a conversa tomar o mesmo rumo daquela ocorrida apenas em seu delírio.
Não poderia admitir que Sarah sequer desconfiasse do verdadeiro efeito que tinha sobre ela.
Já dentro do carro, assim que Sarah deu a partida, Juliette tomou para a si a responsabilidade de começar:
– Definitivamente, não fui eu quem contou para a Pocah que você estava no Rio de Janeiro. Quanto a você ter se encontrado com a Guta, pra mim não passava de uma desconfiança.
Sarah suspendeu a respiração por alguns segundos, mordendo os lábios. Ter aquela conversa dentro do carro era conveniente para ambas, assim, não precisavam olhar nos olhos uma da outra.
– Você não é de mentir, Juliette . Tanto, que quando resolve criar sua própria versão dos fatos, não consegue defendê-la por muito tempo.
– Sim, eu sei disso. E repito, não fui eu. Eu havia até pensando em elencar uma série de motivos que poderiam ser citados para convencer você de que não pode ter sido eu, mas...
– Mas existem mais motivos lhe incriminando – completou Sarah .
– É, talvez. Exceto, é claro, o fato de que fazer uma coisa dessas vai contra tudo o que você sabe sobre mim. Nesse caso, a sua alegação só se sustenta em cadeia com as audiências nas quais eu lhe representei, segundo você, querendo levar vantagem.
Sarah não disse nada. Continuou dirigindo com os ouvidos atentos à conversa.
– Você não pode usar como prova de um crime uma acusação para a qual igualmente não tem provas. Até a reles estagiária aqui sabe disso.
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O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )
FanfictionFinal desse triângulo, e acreditem luazinhas. Vencemos .