Beatriz não precisava saber ao certo a data da primeira audiência do processo que Juliette movia contra os pais... Bastava observar o comportamento da namorada para perceber o quanto aquele assunto mexia com os nervos dela conforme a data se aproximava.
Ela lamentou ficar presa no trabalho durante a tarde em que a audiência aconteceria. Mas para a sua surpresa, a namorada estava em sua sala, na firma, quando a secretária voltou do almoço.
– Linda, você não vai se atrasar? – questionou Beatriz, logo depois de fechar a porta para que ninguém ouvisse a conversa.
– Eu já disse que não vou, Bia.
– Mas...
– O Peçanha vai me dar todos os detalhes depois. É só uma audiência de conciliação.
Beatriz continuou encarando Juliette com curiosidade, ao que a garota explicou:
– Significa que o juiz vai querer saber se há interesse em um acordo. Como não há, o processo segue e uma nova audiência é marcada.
– Hum, entendi. Mas, sabe... Se você quiser, eu vou lá com você... – ofereceu a namorada.
Juliette não empregou tempo algum em pensar naquela possibilidade:
– Bia, eu realmente não quero ir. E se você ficar insistindo nisso, só vai conseguir deixar meu humor pior.
Surpresa com a reação da outra, Beatriz sibilou qualquer coisa e deixou a sala. Só depois de terminar sua leitura, Juliette começou a pensar que talvez tivesse sido dura demais, porém o mal já estava feito, e a estagiária preferiu deixar para pedir desculpas uma outra hora, em outro lugar.
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Os pais de Juliette tinham quase a mesma estatura - ambos altos – e ele andava com o braço por trás das costas da esposa. Os dois tinham escolhido suas melhores roupas para aquela viagem até São Paulo porque sabiam que passariam o dia no fórum.
Estavam muito ansiosos porque não tinham qualquer noção de trâmites legais além daquela dada pelo advogado, e também porque tinham certeza que veriam a filha de novo, depois de muito tempo.
O advogado do casal que era processado se sentou ao lado deles na fila de espera do fórum, que era imensa. Conversaram mais algumas coisas sobre Juliette , sobre como ela tinha mudado depois que se fora da cidade onde eles ainda viviam e como poderiam proceder para que ela voltasse para a família.
Não reconheceram ninguém por ali, nenhum sinal da garota e mesmo que a audiência já estivesse atrasada em quase duas horas, continuaram esperando.
Foram chamados finalmente, e notaram que um homem sisudo de terno preto e gravata vinho se levantou ao mesmo tempo que eles. Ele estivera na mesma fila por tanto tempo e nada comentara.
