27. Três Vértices - Parte I

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Juliette levou um susto quando a vibração do seu celular, guardado no bolso da calça, a despertou da extrema concentração com a qual assistia à aula de Direito Constitucional.

Verificando discretamente o display, ela notou que se tratava do número residencial de Sarah .

Após a noite romântica que tivera com a namorada, a garota tinha esquecido completamente da ligação que recebera de sua chefe.

Aproveitando que seu professor estava detido no quadro negro, Juliette saiu rapidamente da sala e atendeu a ligação no corredor:

– Alô?

– Ju ? Sou eu, Pocah .

– Ah, oi, Pocah . Tudo bem?

– Na verdade não. Juliette , eu preciso da sua ajuda.

– Pocah , eu estou no meio de uma aula importante – disse a garota.

– Desculpa, mas é assunto de vida ou morte.

Assustada, Juliette logo perguntou:

– Aconteceu alguma coisa com a Sarah ?

– Sim... Você por acaso falou com ela?

– Falei... Ontem à noite.

– Então já deve estar sabendo... – disse Pocah .

– Do quê? – Juliette não estava entendendo mais nada.

– Ela não contou? Como se falaram?

– Pocah , pare de enrolar e diga logo o que houve!

– Juliette , vem pra cá. Por favor!

A garota cerrou os dentes, raivosa, mas como sempre sua curiosidade falou mais alto. Rapidamente ela avisou à Pocah que estava a caminho, voltou para a sala, deu uma desculpa esfarrapada ao professor e apanhou suas coisas.

No ônibus, milhares de coisas lhe passaram pela cabeça, mas a idéia que ficou martelando seus pensamentos por mais tempo foi que Sarah tinha tentado lhe dizer algo.

Ansiosa, Juliette ligou para o escritório. Por sorte, ao invés de sua namorada, quem atendeu foi uma das outras secretárias. Conforme o esperado, a informação que ela recebeu foi de que Sarah ainda não havia aparecido no trabalho. E para completar, o celular da advogada estava desligado.

Notando a curiosidade do porteiro ao lhe avistar, Juliette se fez anunciar e subiu rapidamente, usando o elevador. Quando Pocah abriu a porta, os olhos vermelhos e inchados dela fizeram Juliette perder o pouco da calma que tinha conseguido manter até ali.

– Meu Deus, Pocah , o que aconteceu?

– Uma tragédia, Juliette !

– Cadê a Sarah ?

Juliette esquadrinhou a sala com o olhar. Nenhum sinal de Sarah , apenas os dejetos de uma noite que para Pocah tinha sido a mais longa de todas.

Aos soluços, muito atrapalhada pelas interrupções curiosas de Juliette , Pocah conseguiu contar o que havia acontecido. Benjamin passara parte da noite ali com ela, mas fora embora no meio da madrugada, pois seu turno na livraria começaria cedo.

Julgando a princípio que toda aquela história só poderia ser fruto de um delírio, Juliette ficou esperando sua mente despertar, o que logicamente não aconteceu. Não era nem sonho e nem pesadelo, embora partes distintas daquele drama pudessem fazer crer o contrário.

– Eu entendi bem? – disse Juliette . – Você traiu a Sarah descaradamente, e agora está preocupada se ela vai voltar pra cá ou não?

Pocah percebeu imediatamente que o tom de Juliette não seria nem um pouco apaziguador.

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora