22. Erros - Parte II

574 55 34
                                    

Pocah ficou segurando o telefone debilmente, totalmente incapaz de acreditar na informação de Gilberto .

– Você tem certeza? – perguntou depois de algum tempo. – Você viu eles lá?

– amiga , cai na real! A mãe do Arthur disse que foi a Sarah quem convidou...

A garota não conseguiu dizer mais nada. Tonta e confusa, sibilou alguma coisa e avisou a Gilberto que ligaria mais tarde, não tendo bem certeza de que conseguiria fazer isso.

Seu coração batia apertado no peito. Até então, todos os atritos com Sarah haviam surgido por causa de desconfianças. Quando sumiu, a primeira coisa que sua namorada fez foi procurá-la e contar tudo o que tinha feito.

Mas aquela mentira descarada sobre o final de semana em Osasco era, pela primeira vez, uma atitude digna da face de Sarah que Pocah mais detestava. Como num pesadelo, a morena foi atirada de volta ao passado, onde a advogada fazia o que queria, sem se preocupar com o impacto das suas decisões sobre o sentimento das outras pessoas.

– Se ela está achando que eu vou deixar isso barato... Ah, Sarah , você não faz idéia do que lhe espera... – disse Pocah , em voz alta, para si mesma.

Depois de um banho rápido, Pocah ligou para Carla . A garota adorou a idéia de saírem juntas e nem fez perguntas, o que Pocah apreciou, já que não estava nem um pouco a fim de tocar no assunto que enevoava sua mente.

O local escolhido foi uma boate que Carla freqüentava muito, e na qual Pocah ainda não tinha ido. Ironicamente, a paulistana só conseguiu comparar o lugar à Empire, embora a versão canadense fosse menor.

– Vai beber alguma coisa? – perguntou Carla , assim que entraram.

– O que tiver de mais forte – respondeu Pocah , com um sorriso frio.

Carla ficou analisando a amiga por alguns instantes.

– Você não está bem... – comentou.

– Pelo contrário. Nunca estive melhor! Vem, vamos dançar – foi arrastando a loira para a pista.

Uma parte de Carla queria entender o que estava acontecendo, mas outra, que naquele momento era bem mais forte, queria se deixar levar.

Ela poderia ser desligada, mas não era burra. Para Pocah ficar daquele jeito, ter pedido para sair e aceitado beber, certamente seu namoro tinha ido para o espaço. Era um comportamento típico e previsível. Mas em quais condições isso havia ocorrido, que poderiam mostrar se era definitivo ou não, Carla ignorava.

Depois que as duas cansaram de dançar, e ocuparam uma mesa pequena num canto movimentado e barulhento, Carla até tentou especular, mas Pocah soltou um categórico:

– Se vai começar com esse assunto, vou me divertir sozinha.

Assim, Carla desistiu. Quando o álcool fez mais efeito, Pocah pela primeira vez perguntou mais sobre a vida de Carla , desde o clássico "como você se descobriu lésbica?" até detalhes dos namoros da garota.

Intimidada, Carla preferiu não dar muitos detalhes. Estava em dúvida se Pocah conseguiria lembrar de qualquer coisa quando acordasse no dia seguinte.

Ver a amiga tão fragilizada deixou Carla um pouco sem rumo. Era como se a Pocah que ela conhecia, e por quem era apaixonada, tivesse dado lugar a outra pessoa. E Carla ainda não conseguia entender o que sentia por ela.

Claro, sua índole protetora não permitiu que ela se afastasse ou perdesse a paciência, mesmo quando Pocah foi ficando cada vez mais irreconhecível.

– Você não acha que está na hora de ir pra casa? Eu levo você... – propôs Carla , com cuidado.

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora