O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )

44 - O Tempo Contra Elas

Juliette estava terminando de se arrumar quando ouviu Sarah chegando em casa. Imaginou logo que os planos dela de ficar até mais tarde no escritório haviam naufragado, o que a garota confirmou ao vê-la em pé, na sala, com uma ruga de expressão decorando sua testa.

– Tarde difícil? – comentou para quebrar o gelo.

Sarah arqueou as sobrancelhas e suspirou longamente. Tinha acabado de discutir com Figheira e não tinha uma boa perspectiva sobre o resultado da briga. Antes de responder à morena , atirou sua bolsa sobre o sofá.

– Muito! – confirmou.

Instantes depois, a advogada pareceu se situar. Sem ser discreta, observou Juliette mais atentamente.

– Vai mais cedo pra aula? – sondou.

– Ah, é... A folga veio a calhar, mas eu devo estar tão bitolada com a agenda repleta que cansei de não fazer nada assim que consegui respirar.

Sarah respondeu com um sorriso compreensivo. Sabia exatamente do que a estagiária estava falando. Quando o organismo se acostuma a uma rotina apertada, qualquer alteração estressa tanto ou mais do que a manutenção dos compromissos.

– Devia ter aproveitado para dormir um pouco – comentou.

– Bem que tentei – respondeu Juliette . – Mas não achava jeito de me acomodar na cama.

Por menos um segundo, um sorriso malicioso brotou no canto da boca de Sarah . Ela o disfarçou virando o rosto com a desculpa de mirar a cozinha.

– Já comeu?

– Ataquei um pacote de biscoitos assim que cheguei – revelou Juliette . – Acho que eram seus. Devolvo na próxima compra.

Sarah deu de ombros.

– Comida de verdade, nem pensar, né?

A morena estava abrindo a boca para contar que iria jantar depois da aula, mas se conteve a tempo. O jantar era com Beatriz, e Sarah teria adivinhado isso só pelo tom de voz da garota.

– Como se você fosse super saudável – disse, por fim.

Obviamente, Sarah não tinha argumentos para rebater aquilo.

Depois da última frase de Juliette , as duas amargaram um silêncio mútuo e constrangedor. De repente não sabiam mais nem para onde olhar.

Muito tempo depois, Sarah perguntou:

– E a sua mochila?

– Que mochila?

– Você não estava indo para a aula?

– Ah, é... Deixei no quarto.

Outra pausa silenciosa.

– Vou pegar – disse a morena , ao que Sarah assentiu movendo a cabeça.

Quando a garota já havia dado cinco ou seis passos, parou e se virou de novo:

– Educadamente me pedindo pra sair da sala? – perguntou Juliette , desconfiada.

– N...não. Eu...

A morena riu. Sarah riu também.

– Estranho, né? – disse Juliette .

– Bastante.

– Foi bom você falar da mochila, porque eu estava a poucos segundos de ir pra aula sem ela.

– Que coisa! Melhor não lhe dar mais folga... Virou sua cabeça.

– É... – disse a estagiária , sem convicção alguma. – Quem diria isso... De uma simples folga...