30. Despejo

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Na primeira hora da manhã, Sarah já estava na rua. Dentro do carro estacionado em uma via pouco movimentada, ela ouvia música enquanto aguardava a chegada de seus três assistentes.

– Bom dia... – murmurou Felipe, abrindo os botões do paletó enquanto se acomodava no banco da frente.

Matheus e Cristiane utilizaram as portas traseiras e entraram ao mesmo tempo.

– Seu café – alcançou Matheus ao braço estendido de Sarah .

– Já não era sem tempo – disse a advogada. – Vieram de onde? Do Japão?

Os três apenas balançaram a cabeça. Já haviam aprendido que Sarah sempre escolheria um motivo para reclamar, principalmente se não houvesse um.

– Então – Felipe esfregou as mãos para afastar o frio – qual é o plano?

– Ficar aqui e observar – respondeu Sarah .

– Certo, mas observar exatamente o quê? – inquiriu Cristiane.

– Qual foi a referência que eu dei para me encontrarem?

– O endereço do promotor – Matheus respondeu mecanicamente.

– Isso mesmo, então vamos observar a padaria da esquina... – alfinetou Sarah .

Os três bufaram ao mesmo tempo, enquanto Sarah disfarçava seu sorriso com o copo de café. Logo em seguida, ela voltou a falar:

– Esse cara tem de ter algum segredo...

– O quê? Ele? – Felipe apontou para a casa. – Meu tio disse que é a ficha mais limpa de todo o judiciário da capital!

– Bom, podemos começar por aí – disse Sarah .

– Tudo bem, digamos que a gente descubra que ele tem uma amante, que ele roubou doce de uma criança ou que ele bateu num colega de escola há vinte anos... – disse Matheus. – O que vamos fazer com isso?

Sarah se limitou a emitir um suspiro decepcionado.

– Você vai chantagear o cara??? – admirou-se Felipe, alvoroçando os outros dois.

– Eu? Claro que não! – respondeu Sarah , num tom quase ofendido. – Você vai.

Felipe deixou seu queixo cair, totalmente chocado. Pelo retrovisor, Sarah percebeu que a reação dos outros não tinha sido diferente, e mais uma vez teve de disfarçar o sorriso. Como nenhum deles conseguiu dizer coisa alguma, a advogada lembrou:

– De qualquer modo, foram avisados no primeiro dia que não precisam fazer tudo o que eu mando.

– E o que acontece se não quisermos participar disso? – Matheus perguntou.

Com um sorriso sádico, Sarah respondeu:

– Querem pagar pra ver?

Cristiane se intrometeu:

– Deixa de bobagem, Matheus... Então, Sarah , como pretende descobrir alguma coisa se a audiência está em cima da hora?

– É para isso que eu tenho vocês, oras.

– Mas... O que você almeja? – quis saber Felipe. – Tirar o cara do caso? Logicamente colocarão outro no lugar...

– Como vocês são extremistas – comentou Sarah , num tom de reprimenda.

– Nós? Quem quer chantagear o cara é você...

Ela virou os olhos.

– Chantagem é uma palavra muito forte, Felipe. Nós vamos, no máximo, mostrar a ele quem está no comando – explicou a advogada.

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora