50. Tirando a limpo

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Com a aproximação do final do segundo semestre, Juliette se viu ainda mais atarefada do que o normal. Apesar de ter dito muitas vezes que jamais cederia àquela alternativa, acabou permitindo que Sarah redigisse alguns dos seus trabalhos para a faculdade.

Na verdade, a advogada tinha repassado às tarefas aos seus assistentes, e apenas revisava as versões finais. Juliette preferiu fingir que não sabia a ter de se cansar mais ainda iniciando uma extensa discussão.

No escritório a rotina de todos estava mais agitada. Sarah sabia que precisaria aumentar o quadro de funcionários se quisesse continuar aceitando praticamente todos os clientes que procuravam a firma, mas tinha se prometido que cuidaria disso apenas no ano seguinte. Por hora, estava satisfeita em poder se vingar de Figheira sutilmente, designando a ele tanto trabalho que o experiente advogado andava fazendo serão praticamente todos os dias.

Elias tinha aceitado continuar no seu cargo indefinido e fundamental apenas sob a promessa de ter o salário dobrado. As secretárias, que perderam a ajuda de Beatriz, haviam sinalizado que também pretendiam ganhar mais. Juntando a isso a primeira parcela do décimo terceiro salário de todos os funcionários, Sarah acabou se detendo mais nas questões administrativas e contábeis do que no Direito. E, sobrecarregados, seus três "mosqueteiros" também estavam merecendo uma bela promoção, ou acabariam sendo atraídos para outros escritórios, desperdiçando o trabalho de treinamento de um ano inteiro.

Apesar de tudo isso, Sarah encontrava tempo e paz de espírito para desfrutar de seu namoro com Juliette do jeito que sempre havia sonhado. Não tinha mais conseguido cancelar as aulas dela, mas marcava jantares, cinema, passeios e outros programas para mais tarde, ou quando possível, para os domingos.

Fora isso, era uma grande sorte que já morassem juntas, porque havia dias em que Juliette e Sarah só conseguiam se encontrar na hora de dormir.

Resistindo à pressão da advogada , Juliette havia teimado em manter seu próprio quarto, e vez ou outra acabava dormindo lá mesmo. Claro que Sarah sempre aparecia no meio da noite, com uma desculpa qualquer, e mesmo quando não faziam amor, acordavam com os corpos tão entrelaçados que mais pareciam uma massa só.

Era exatamente isso que tinha acontecido na noite anterior, quando Juliette acordou toda abobalhada ao ver que Sarah havia preparado uma bandeja com café da manhã reforçado e levado até a cama, para ela.

– Você não existe, meu amor! – agradeceu a garota, com um sorriso enorme decorando o rosto ainda inchado de sono.

Sarah se acomodou ao lado dela e respondeu com um beijo estalado. Quando ela não usava palavras, Juliette já sabia que o mimo teria um preço... Nada que ela também não estivesse louca para pagar, fosse em quantas parcelas a namorada quisesse...

Falsamente detida no jornal, Sarah aguardava até que Juliette terminasse seu sanduíche.

– Sabe se aconteceu alguma coisa com os novatos? – perguntou a advogada.

– Por quê? – Juliette estranhou aquele assunto aleatório, inesperado.

– Achei que eles estavam meio estranhos, ontem.

– Ah – Juliette percebeu do que se tratava. – Nada demais. A Cris e o Matheus dormiram juntos depois de uma noitada, e agora ela está fingindo que nada aconteceu.

– Pelo visto não era isso que ele estava esperando – disse Sarah .

– Não mesmo.

Pousando o jornal no colo, Sarah buscou o olhar de Juliette :

– É alguma espécie de ritual de vocês daquela sala?

– O que você está querendo dizer com isso?

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora