12. Vinte e Nove - Parte III

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Quando Sarah chegou, Juliette já ocupava uma mesa escolhida nos fundos do bar, longe do movimento. A passos rápidos, a advogada se dirigiu até lá.

– Conseguiu chegar antes – comentou, enquanto se sentava.

– Uma amiga deu carona – Juliette respondeu.

– Amiga? – desconfiou Sarah .

– Colega de faculdade – Juliette respondeu com seu tom de voz mais casual.

– E agora você vai complementar dizendo que estavam fazendo um trabalho de Direito Civil...

– E você vai acreditar. Aí pediremos algo pra beber e mudaremos de assunto – Juliette sorriu.

Sarah riu, balançando a cabeça. A morena definitivamente não tinha se vestido como alguém que saíra de casa para fazer um trabalho da faculdade.

O garçom se aproximou e Sarah pediu uma dose de uísque e uma água mineral. Juliette pediu apenas um refrigerante.

– Isso é pra me provocar, provavelmente – disse a advogada.

– Como assim?

– Eu faço uma piada sobre pirralhas não poderem consumir álcool e você rebate me chamando de coroa de novo. Acertei?

Juliette sorriu simpaticamente. Teria sido uma ótima idéia, mas não era esse o seu objetivo.

– Pelo seu tom ao telefone, não vai ficar só nessa dose. E alguém precisa dirigir depois, não? – explicou.

A advogada pensou por dois segundos.

– Não me diga que com quinze anos você já tem habilitação? – provocou.

– Vinte e um, Sarah . Que na sua época era a idade mínima pra dirigir, certo? – retrucou Juliette , sorrindo.

A mais alta a encarou, divertida. Juliette estava afiadíssima naquela noite e ao contrário do que poderia parecer, ela adorava isso. Sarah era uma mulher de desafios e Juliette era a primeira oponente à altura que ela já tinha encontrado.

Até que o garçom voltasse com as bebidas, as duas ficaram em silêncio. Sarah se distraiu com o cardápio – que já tinha decorado – e Juliette ficou alisando um guardanapo.

– Então...?

Sarah suspirou tristemente. Já tinha atrapalhado a noite de Juliette , não poderia ficar enrolando por horas quando estava mais do que claro que ela precisava desabafar com alguém.

– Pocah e eu – introduziu, fazendo uma careta.

– A Fabi me contou como tudo começou – disse Juliette .

– Pois é.

Ficaram em silêncio de novo, por alguns minutos. Juliette sentia sua língua coçar, mas controlou sua curiosidade o máximo que pôde. Notou que Sarah estava escolhendo bem as palavras.

– Depois de tantos desencontros, a impressão que eu tinha era que assim que ela me perdoasse pela Guta, tudo ficaria bem.

– É, a gente sempre cai nessas. Namoro é uma coisa engraçada: quem está fora, quer entrar, quem está dentro fica louco pra sair.

– Eu não estou louca pra sair! – afirmou Sarah . – Mais do que qualquer coisa, eu quero que dê certo. Mas parece que ninguém acredita que eu mudei – completou, chateada.

Juliette deu um sorriso torto enquanto elaborava sua resposta.

– Mudou mesmo?

Sarah perdeu a paciência por dois segundos, mordendo os lábios. Estava pronta para retrucar quando a morena continuou:

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora