Depois de ver Sarah passando pela sala como se ele nem existisse, Gilberto se apressou em procurar por Pocah . Sua amiga estava na entrada do quarto, com o olhar ainda perdido em algum ponto qualquer da parede oposta.
– Meu Deus, amiga, o que aconteceu?
– Ela ouviu tudo... – balbuciou a garota.
– Que droga! Mas o que foi que ela disse?
– Nada! Simplesmente saiu, e pediu para eu tirar as minhas coisas do apartamento.
Gilberto não conseguiu disfarçar seu horror. Apesar de saber que uma expressão de incredulidade não ajudaria a acalmar Pocah , ele estava chocado demais para reagir. Na verdade, ambos estavam.
– Você não disse que ela ficaria no fórum até de noite? – perguntou o rapaz.
– Ela me disse isso.
– Será que ela já estava desconfiada e armou tudo isso?
Ao mesmo tempo, os dois olharam ao redor, e ao invés de possíveis indícios de que a advogada tivesse acabado de sair de uma audiência, o que viram foi talvez ainda mais aterrador, pelo menos para a morena .
– São... Flores... – Gil comentou o óbvio.
O torpor de Pocah finalmente se transformou em lágrimas.
O cenário não deixava dúvidas que Sarah realmente havia armado algo, mas o que ela pretendia estava longe de ser um flagrante. Era uma surpresa, um engodo romântico do tipo que Pocah definitivamente não esperava, e que lhe teria desarmado completamente, caso tivesse dado certo.
Ali, muito mais do que em qualquer outro momento, Pocah percebeu estar diante de uma prova genuína de como tinha conseguido ter Sarah para si, do jeito que sempre sonhou.
– O que é que eu faço agora, Gil ? Eu estraguei tudo!
Em resposta, Gilberto enterrou as duas mãos nos bolsos frontais da calça, e procurou desencontrar o olhar da amiga. Mesmo ele, tão esperto para essas coisas, não fazia idéia de como ajudar.
Com frases feitas, ele até tentou fazer com que Pocah recobrasse a razão, mas nenhum de seus clichês surtiu efeito.
Não era hora para fórmulas prontas. Não era hora de citar exemplos. A morena tinha cometido o maior erro da vida dela, e Gilberto , silencioso, ficou pensando que aquela era uma das raras situações da existência de alguém em que nem o tempo serve de remédio.
Sarah jamais os perdoaria.
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Juliette passou em casa apenas para trocar o conteúdo da sua mochila e logo voltou para a rua. Verificando pelo celular que Beatriz já estava a sua espera, a garota tomou um táxi e apanhou a namorada a uma quadra do escritório.
