36. Subentendido

625 52 12
                                    

Juliette entrou em casa procurando fazer o mínimo de barulho. Percorrendo a sala e a cozinha, certificou-se de que Sarah ainda não havia acordado, e então apanhou o bilhete que deixara para ela preso aos ímãs da geladeira.

Tendo saído da cama em cima da hora, a garota acabou indo para a faculdade com o carro da advogada, já prevendo que Sarah não usaria o veículo até que ela conseguisse voltar, no horário do almoço. Procurando evitar ter de dar explicações, a morena amassou o bilhete e jogou fora. 

Depois de preparar uma bandeja caprichada, Juliette finalmente entrou no quarto. Sarah continuava adormecida, na mesma posição que estava da última vez que a estagiária tinha ido checar, antes de partir, de manhã.

Pousando a bandeja sobre o criado mudo, a morena se sentou sobre a borda livre da cama e acabou se reservando alguns instantes de contemplação, antes de finalmente despertar Sarah .

Com afagos singelos que variavam entre o rosto e a nuca, Juliette aguardou pacientemente até que Sarah voltasse à consciência. Ela sabia que aquilo não seria nada fácil, mas depois do que acontecera, acordar a advogada de supetão não fazia o menor sentido.

– Hei... – chamou, assim que percebeu algum resultado.

Antes de abri-los, Sarah ainda apertou os olhos. Nitidamente, a ressaca seria proporcional ao abuso insano cometido.

– Ju ?

– Uhum... – confirmou a garota. – Ainda não foi dessa vez que você partiu para uma melhor.

Sarah finalmente abriu os olhos, encarando o sorriso brando de Juliette .

– Bom dia! – saudou com uma expressão aberta, que lhe custou uma pontada dolorida na cabeça, fazendo o sorriso desaparecer por um segundo. – Ai!

Juliette riu, voltando a lhe afagar a nuca.

– Calma, eu vim preparada.

Esticando-se, Juliette apanhou dois comprimidos que deixara no canto da bandeja, e também um copo de água trazido para acompanhá-los.

– Tenta sentar e tomar isso aqui. Vai ajudar – prometeu a garota.

Não sem dificuldade, Sarah fez conforme o indicado. Talvez por ainda estar zonza, e também por ter acabado de acordar, sua mente não parecia perfeitamente capaz de processar os acontecimentos. Seus olhos encaravam os de Juliette como se buscassem uma pista, um sinal mais claro do que havia acontecido, mas não obtinham sucesso.

Juliette estava cada vez mais afiada em imitar o olhar neutro que Sarah sustentava quando precisava esconder suas emoções.

– Que horas são? – perguntou a advogada, depois de engolir o remédio.

– Meio dia – Juliette informou. – Olha, eu sei que provavelmente você planejava passar o dia todo nessa cama, e até entendo, mas, infelizmente...

Sarah estreitou os olhos. A morena continuou:

– Não quero que você fique preocupada, está bem? – ressalvou Juliette , antes de tudo. – Mas eu tenho uma audiência daqui a pouco, e o Antenor não poderá me acompanhar.

Depois de uma careta nem um pouco feliz, Sarah respondeu:

– Diga que não é nada complicado...

– Claro que não – assegurou a estagiária . – Já tenho tudo esquematizado, só preciso que alguém me acompanhe. O caso já está comigo desde o começo.

– Hum, menos mal.

– Então... Eu sugiro que você coma alguma coisa – Juliette apanhou a bandeja.

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora