57. O Triângulo - Parte III

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No meio daquela crise, pela primeira vez desde que tinha começado a namorar Sarah , a garota saiu com Thaís .

Sua colega já estava a par da situação por causa das conversas entre elas nos intervalos das aulas. Por isso antes do jantar chegar, Juliette mais ouviu do que falou. Thaís andava passando por maus bocados também... Depois do término com o ex-namorado, seus pais haviam lhe dado um tempo de paz, mas passados tantos meses, começavam a desconfiar da rotina da garota.

– Você acha que eu devo contar? – perguntou Thaís .

Juliette refletiu por alguns segundos.

– E o que exatamente você iria contar?

– Ah, Ju ... Você sabe...

– Não, eu não sei. Da última vez que tocamos no assunto você estava firme na ideia de que eu fui uma experiência e a professora foi uma diversão.

– É... Eu sei – admitiu a garota. – Mas sei lá... Talvez eu seja, no mínimo, bissexual.

– Atravessando uma fase bem lésbica, não? – Juliette riu.

– Totalmente lésbica – confirmou Thaís .

– De qualquer modo, é cedo para meter seus pais no assunto. Se for mesmo uma fase, um dia vai passar, e você terá vivido um drama enorme por nada – aconselhou Juliette .

– Não sei...

– Bom, eu não sou a melhor pessoa para falar disso, Thaís . Minha experiência pessoal no assunto é a pior possível, lógico que eu temo por todo mundo.

– É, eu sei, amiga. Mas por isso mesmo queria saber a sua opinião.

Juliette sorriu. Logo em seguida, Thaís mudou completamente de assunto, pegando a garota de surpresa:

– Você não acha arriscado deixar uma mulher como a Sarah sem sexo?

Chateada, Juliette desviou o olhar.

– Eu pensei nisso... Mas não adianta... Não consigo! Naquela noite eu me senti meramente um pedaço de carne, entende? E sem que eu consiga controlar, acabo lembrando disso o tempo todo. Foi horrível, degradante, vazio...

– Lamento...

– Parece que alguma coisa entre a Sarah e eu se quebrou naquele momento.

– Ah, Ju , não tem chance mesmo de você perdoar ela?

– Eu já perdoei – disse a garota. – Eu sei que ela viu o quanto errou... Só que parece que tem alguma coisa dentro de mim que me impede de ir em frente, de lidar com isso. É uma trava muito forte. Eu quero confiar nela de novo, quero isso mais do que qualquer coisa. Mas entre querer e conseguir... – Juliette fez um gesto vago, chateada.

– Será que isso não tem alguma coisa a ver com a sua primeira namorada? Pode até ser coincidência, mas é muito estranho que você tenha desenvolvido uma aversão involuntária à Sarah exatamente no dia em que a Beatriz voltou para a sua vida.

Juliette negou com veemência:

– Claro que não! A Bia não tem nada a ver!

– Ela foi a sua primeira decepção – disse Thaís . – Você se apaixonou, se entregou, fez mil planos os quais ela esmagou da pior maneira possível ao rejeitar o seu amor. É natural que isso deixe o seu coração em alerta. A volta dela é a volta da memória, e a volta da memória é a volta da dor.

Depois de um bufo, Juliette comentou:

– Você está levando Psicologia do Direito muito a sério.

– De fato é minha matéria preferida, mas não mude de assunto! Como eu ia dizendo, a volta da dor é a volta do medo, e a volta do medo é-

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora