46. O plano

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Juliette abriu os olhos devagar, procurando se situar. Mirando o relógio, percebeu que havia dormido apenas três horas desde que Sarah a tinha deixado ali, dentro embora parecesse que fazia um ano.

Sabendo que o despertador só tocaria meia hora depois, Juliette teve certeza de que outra coisa a tinha despertado, e com um sorriso no rosto aceitou a resposta de seu inconsciente: era saudade. Como na tarde anterior, em que sequer conseguira cochilar.

Com o celular na mão, Juliette escreveu uma mensagem. Sarah tinha procurado desconversar, mas Juliette sabia que a reunião perdida era sobre a proposta que o dono da firma havia feito à advogada.

Não sabendo exatamente o que escrever, Juliette foi breve: "Tudo bem?"

A resposta chegou quando a morena se preparava para o banho: "O que a senhorita faz acordada?".

Juliette riu, sentindo uma palpitação gostosa no peito. Sua vontade de ligar, supondo que Sarah não estava tão ocupada já que conseguira responder, foi quase incontrolável. Era praticamente como se a morena fosse ficar sem um braço ou uma perna se não ouvisse a voz de Sarah naquele instante.

Resoluta, deixou o celular de lado e correu para o banho. A caminho do estágio, ensaiou várias vezes escrever de novo, mas se deteve. A situação já estava completamente fora de controle, e alimentar aquilo, embora fizesse bem, também desalentava Juliette de uma maneira que ela não sabia explicar a si mesma.

Na noite anterior, ela tinha prometido a si mesma que romperia o namoro com Beatriz, e só não fez isso porque acabou desmarcando o jantar em cima da hora. A namorada não deu tempo de Juliette tentar explicar o motivo, desligara o telefone sem nem ao menos se despedir.

Além de todos os problemas, a morena agora tinha que fazer as pazes com Beatriz antes de pensar em romper com o namoro.

Juliette tinha motivos mais lógicos para ficar com Beatriz do que para terminar com a garota. Mas sabia que a estava machucando e, provavelmente, a única coisa nobre que ainda poderia fazer seria dar a Beatriz a chance de encontrar alguém que a amasse devidamente.

Sabendo que se voltasse para casa fatalmente acabaria nos braços de Sarah , a estagiária resolveu sair. Tinha esticado até além do limite de suas forças já comprometidas, e mesmo assim... Bem, ela nem terminou com Beatriz, e nem resistiu à Sarah .

Com a consciência pesando mais que uma tonelada, a garota entrou no escritório e no primeiro instante percebeu que seus problemas poderiam piorar consideravelmente.

O saguão de entrada da Martelli estava praticamente deserto. A estagiária poderia ter se detido nisso, não fosse pela namorada que, aos soluços, jogava alguns poucos pertences dentro de uma caixa.

Temendo se perder nas próprias conclusões, a morena respirou fundo quando Beatriz a alcançou com o olhar.

– Hei... – disse Juliette , cochichando. – O que houve?

Por breves instantes, Beatriz a olhou como se Juliette tivesse acabado de fugir de um sanatório. Mas então fitou a porta por onde a morena entrara, finalmente compreendendo que a garota tinha acabado de chegar.

– Aquela vadia da sua "amiga" finalmente conseguiu acabar comigo.

Sentindo como se tivesse sido golpeada no estômago, Juliette mal conseguiu respirar.

– Co... Como assim, Bia?

– Agora ela é a "toda poderosa" da Martelli! Se antes já fazia o que lhe vinha na cabeça, agora ela tem meios mais claros para passar por cima de quem quer que seja!

Antes que Juliette pudesse dizer mais alguma coisa, Sandra, a chefe das secretárias, apareceu carregando uma série de pastas. Beatriz parecia alheia a sua presença, enquanto terminava de esvaziar sua gaveta. Sandra, no entanto, parecia estar completamente constrangida.

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora