23. Caráter - Parte I

616 54 25
                                    

Juliette ficou chocada como poucas vezes na vida. A frase de Fabiana ficou se repetindo, como um eco em sua mente perplexa:

– Juliette , eu te amo...

– O que foi que você disse? – a garota tentou recapitular, como se fosse necessário.

– Que eu amo você – respondeu Fabiana, sorrindo.

O choque de Juliette só aumentou. E dessa vez, ela ficou totalmente sem fala. Depois de alguns instantes, percebendo o que se passava com Juliette , Fabiana começou a rir. E não foi um riso qualquer. Foi algo que aos poucos se tornou uma gargalhada.

– Você não achou que... – ela sequer conseguiu concluir a frase, e voltou a rir.

– Fabi, o que é que está acontecendo? – protestou a morena .

– Nada, é que... Por um segundo pareceu que você tinha entendido que...

Juliette reclamou:

– Poxa, Fabiana, você vem toda doce dizer que me ama e quer que eu pense o quê?

– Desculpa... – ela precisou de alguns segundos para retomar o fôlego e continuar falando, embora continuasse rindo. – Juro que não foi a minha intenção. Nossa...

– Argh! Francamente! – Juliette começou a se levantar da cama.

Fabiana a deteve e finalmente conseguiu controlar o riso.

– Ju , desculpa mesmo. Apesar... Disso... Eu realmente preciso lhe falar.

– Diga.

– Eu estou indo embora – contou Fabiana. – Meu pai fechou o cerco de vez, quer que eu trabalhe ou... Sei lá. Já resolvi tudo o que precisava, vou voltar para Amsterdã.

– Mas...

– Graças a Deus que eu não estava me declarando de verdade, porque a sua reação, hein? – provocou Fabiana.

– Sua chata, me pegou completamente desprevenida! – ralhou a garota.

Fabiana voltou a rir.

– Aposto que estava com a cabecinha no quarto errado, hum?

Juliette atirou um dos travesseiros sobre Fabiana.

– Nem!

– Ah, vai negar pra mim, agora?

A garota estava preparando uma resposta, mas acabou desistindo dela. Com uma expressão chateada, apenas se afundou no colchão e ficou esperando pelo interrogatório de Fabiana.

– Mas e aí? Todo esse tempo e nada ainda??

– E que remédio? – Juliette deu de ombros.

Fabiana se aproximou, puxando a garota de volta para o seu ombro.

– Passar por cima do fato de ela ter namorada não é uma alternativa para você, certo?

– Você me conhece. A resposta é óbvia – confirmou Juliette .

– Ah, Ju, mas...

– Nem tenta argumentar, Fabi. E vamos falar da sua viagem.

– Tudo bem, você que sabe...

– Por que sair do país? – inquiriu a morena .

– Estive pensando, eu posso ficar um tempo por lá, onde já conheço tudo, e dizer ao meu pai que estou procurando trabalho. Com isso eu enrolo ele por uns seis meses. Depois, digo que desisti e vou tentar em outra cidade. Mais seis meses. Outra cidade. E por aí vai – sorriu.

O triângulo Sariette - 3 temporada ( Final )Onde histórias criam vida. Descubra agora