IV

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No meio da madrugada senti braços fortes envolvendo minha cintura, me assustei por um momento, até que senti cheiro de licor de cereja. Me virei e Castiel me encarava, as bochechas vermelhas e os olhos brilhando, um sorriso no rosto que mais parecia que sua cara estava dormente.

- Está muito bêbado? - Acariciei seu rosto.

- Seu pai e eu bebemos a garrafa inteira. - Ele riu.

- Se vomitar em mim, eu te quebro. - Me virei de costas pra ele e fechei os olhos.

- Você me mantém sóbrio, amor. - Ele beijou minha nuca e chegou mais perto de mim.

Na manhã seguinte quando acordei, Castiel dormia igual uma pedra. Eram seis da manhã e pelo que parecia, apenas eu havia acordado. Tirei as pernas do meu amigo de cima de mim e saí do quarto, a casa estava silenciosa e fria, o céu nublado indicava que uma tempestade estava a caminho, que bom que passaríamos a semana aqui.

Desci para a cozinha com os pés congelando no chão de madeira e decidi que faria o café da manhã, já que só eu estava disposta o suficiente para acordar cedo. O bolo que havia feito durante a noite estava no forno, pra que nenhum inseto pousasse nele, o retirei da forma e pus no prato de bolos da minha mãe. Fiz biscoitos de massa pronta, mas os cortei em formato de sino e árvore de natal, leite quente adoçado com mel e canela, café forte, ovos mexidos, bacon e torradas. O cheiro do café acordou minha mãe e minha irmã.

- Castiel dormiu com você? - Minha irmã perguntou como se não fosse nada.

- Sim. - Respondi em um tom despretensioso.

- Vocês estão transando?

- Ta doida?! - Me assustei.

- Pela reação, não transaram, ainda. - Ela e minha mãe riram.

- Ele subiu pra lá de madrugada, acho que não sabia nem o próprio nome.

- Seu pai estava no mesmo estado. - Minha mãe comentou.

- Não entendo como eles dois podem se dar tão bem. - Peguei uma xícara de café.

- É inusitado seu pai gostar tanto daquele garoto. - Mamãe sorriu.

- Inusitado é a Ari dormir de conchinha com um homem daqueles e não transar com ele. - Minha irmã arregalou os olhos como se eu tivesse cometido um crime. Me pergunto qual seria sua reação se descobrisse que temos dormido assim quase todas as noites.

- Na minha época, eu não o deixaria passar ileso. - Minha mãe me olhou sugestiva.

- Mãe! - A repreendi, imagino que eu tenha ficado vermelha.

- O quê? Você não é cega Ari, ele é um pedaço de mal caminho.

- Quem é um pedaço de mal caminho? - Castiel me abraçou por trás e apoiou o queixo na minha cabeça.

- Você. - Minha irmã respondeu sorrindo. - Me pergunto como a Ária te deixa passar sem te dar uns amassos.

- É que ela tem dedo podre. - Ele apertou minha cintura, o que me causou um arrepio.

- Você não devia estar de ressaca? - O encarei.

- Eu estou. - Me deu um beijo na cabeça e se sentou na mesa.

- Toma. - Lhe entreguei uma xícara com café.

- Obrigada.

Algum tempo depois, Alex acordou e foi direto atrás do Castiel, como ele não tinha o menor jeito com crianças, deixava ela fazer o que bem entendia e ela adorava.

- Quem quer biscoitos? - Minha irmã perguntou animada, sabia que a filha amava.

- Eu mamãe! - Alex riu.

- Você fez bolo de coco? - Castiel arregalou os olhos  quando pus uma fatia de bolo no prato a sua frente.

- Fiz.

- Case comigo mulher, eu suplico. - Todos na cozinha riram.

- Você nem falou comigo antes. - Meu pai entrou no cômodo.

- Desculpa amigo, é que foi a emoção do momento. - Os dois sorriram.

- É nessa brincadeira que um dia vocês vão se ver casados. - Minha mãe comentou. Castiel me encarou por alguns momentos e deu o sorrisinho de lado, mas não continuamos o assunto.

O café da manhã correu bem, entre Castiel e Alex se sujando de glacê e minha irmã surtando que teria que dar banho na filha que estava toda grudenta.
Depois do café, os homens foram arrumar a bagunça que a casa havia ficado e as mulheres ficaram na cozinha para fazer o almoço, foi difícil manter Alex longe do Castiel, mas no final, o almoço estava servido e todos comiam felizes.

Nesses momentos com minha família, cheguei a pensar que no lugar do Castiel, poderia ser outra pessoa, mas ele não quis estar ao meu lado na vida, preferiu outra pessoa. Enquanto encarava o lindo homem de cabelos vermelhos sentado no carpete da sala brincando com minha sobrinha, pensei na sorte gigantesca que tinha em tê-lo, naquele momento e sempre. Eu só conseguia estar feliz por estar vivendo aqueles momentos com ele e minha família, mesmo já tendo tido muitos dias assim, desde o ensino médio que minha família sempre o convida para tudo que fazemos, férias, viagens, festas e foi um período difícil quando me afastei dele enquanto namorei o Nathaniel, isso fez com que minha família não gostasse muito do meu atual namorado na época e no final, estavam certos.

- Ele está muito lindo. - Minha irmã comentou quando entrei na cozinha.

- Você e a mamãe combinaram de dizer isso? - Peguei um copo com água.

- Não. - Ela riu. - Mas é notável que ele está muito mais bonito, até deixou o cabelo crescer mais.

- Ele é lindo. - Soltei um suspiro sem querer.

- Gosta dele?

- Claro que sim, ele é meu amigo.

- Além da amizade.

- Eu não sei. - Passei as mãos nos cabelos. - As vezes acho que estou sentindo algo a mais por ele, mas tenho medo de ser meu cérebro tentando superar o Nathaniel.

- Precisa ter cuidado com isso.

- Eu sei que sim. Também sei que Castiel é demais pra ser tratado como segunda opção.

- Acho que ele é louco por você. - Ela riu.

- Acha?

- Ari, desde que te conheceu que ele faz absolutamente tudo por você, nem meu marido é tão devoto assim por mim.

- Eu nunca pensei nisso.

- É mana, parece que você não pensou em muitas coisas. - Minha irmã sorriu e me abraçou. - Comece a pensar.

Ela saiu da cozinha e deixou minha cabeça fervendo. As mesmas coisas que Rosalya me falou, como posso estar tão confusa assim? Eu deveria estar decidida a não querer mais ninguém na minha vida e agora estou aqui descobrindo sentimentos pelo Castiel que eu nem sabia que tinha. Abri um sorriso ao olhar novamente para a sala e me deparar com a cena mais linda do mundo, Alex brincava de maquiar o Castiel e ele estava sorrindo igual um bobo olhando ela de pertinho, a coisa mais fofa.

 Abri um sorriso ao olhar novamente para a sala e me deparar com a cena mais linda do mundo, Alex brincava de maquiar o Castiel e ele estava sorrindo igual um bobo olhando ela de pertinho, a coisa mais fofa

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