Castiel LeBlanc
Eu estava nas nuvens. Finalmente havia conseguido pôr pra fora tudo que estava preso dentro de mim e a melhor parte é que ela correspondeu. A sensação que estou carregando no meu coração é indescritível, saber que a mulher que eu amo a tanto tempo também sente algo por mim. Acho que falar de amor ainda é cedo, eu a amo e tenho certeza absoluta disso a anos, mas ela amava outra pessoa até pouco tempo, suspeito que ainda ame, mas eu estou disposto a ir devagarinho, eu já consegui muita coisa, não vou me apressar agora.
Ontem a noite, tê-la na minha cama foi surreal. Não que ela nunca tenha estado na minha cama, é só que, nunca sem roupas, ou gemendo o meu nome. Puta merda, só de pensar fico excitado. Ela não recuou quando amarrei seus pulsos, pelo contrário, parece que isso a deixou com mais vontade, o que foi uma surpresa pra mim, já que tenho a mania de vê-la como uma garotinha frágil. Ontem eu tive uma mulher selvagem na minha cama e eu fiquei ainda mais louco por ela.
Acordar e vê-la ao meu lado também não era algo novo, mas saber o que aconteceu durante a noite e como as coisas estão entre nós me fez sorrir quando a vi deitada de costas pra mim. Por um momento eu me permiti apenas apreciar o momento, abrir os olhos e ter ela comigo, realmente comigo, sem estar triste ou chorando por outro cara, por que ela estava comigo agora. Mas a melhor parte foi quando ela se virou e sorriu, aqueles olhinhos cor de mel pequenininhos de sono, a pele branca combinando perfeitamente com a nova cor de cabelo. Ária parecia uma escultura perfeita.
E, de repente, vê-le sorrir, andar, respirar... ver ela fazer qualquer coisa perto de mim me causava uma felicidade imensa. Sempre fui feliz em compartilhar meus momentos com Ária, na verdade, a amizade dela me salvou de mim mesmo. Eu era um cara solitário e não era de um jeito bom, existe um abismo gigantesco entre estar sozinho e ser sozinho. Ela era irritante quando a conheci, simplesmente não reagia as minhas grosserias igual a todas as pessoas, eu jogava uma pedra na cabeça dela e ela pegava a pedra, fazia uma pintura e me entregava como um presente. Isso me deixava possesso.
Quando ela me apresentou a sua família, foi um choque. Algo totalmente novo, eu não convivia com meus pais ou qualquer outro membro da minha família, fazer parte da dela foi como um consolo. Eu gostava dos almoços de domingo quando eles me convidavam, o pai dela me ensinou muita coisa que meu pai ausente nunca se importou em fazer. Eu me apaixonei por ela sem perceber e foi somente por isso que a perdi para o Nathaniel, ele teve o timing perfeito, eu deixei o tempo passar. Mas, no final, parece que as coisas realmente só acontecem quando tem que acontecer, por quê agora ela está comigo, como sempre devia ter estado.
O show daquela noite foi diferente pra mim, eu queria cantar pra ela e só. Não conseguia tirar meus olhos de onde ela estava, vê-la sorrir por estar ali, eu podia sentir a alegria dela por mim e isso me enchia de energia. Ária sempre foi a única pessoa que tratava as minhas conquistas como se fossem dela, era incrível como ela sempre me impulsionava pra frente. Eu pensava nela o tempo inteiro, passei muito tempo temendo assumir esse sentimento, eu tenho uma vida corrida, vivo viajando, nunca passo muito tempo em um lugar a não ser que esteja de férias e eu sei que Ária merece mais tempo do que isso. Por isso não me intrometi quando ela começou a se envolver com Nathaniel, mesmo que isso partisse meu coração, ele poderia oferecer mais atenção e cuidado com ela, bem, foi o que pensei, até ver que ela estava sofrendo.
Joguei tudo para o alto quando não pude mais conter o que se passava dentro de mim, parece que o fim do relacionamento deles dois foi como um impulso para meus sentimentos tomarem conta de mim. Eu mal podia estar perto dela sem sentir vontade de agarrar seus cabelos e lhe beijar, isso começou e me consumir de uma maneira que não dava pra lidar. Quando a convidei para me acompanhar na turnê, não esperei um sim, eu já estava acostumado a lidar com a falta de disponibilidade dela quando se tratava de viagens. Mas ela aceitou. Deus queira que ela não tenha percebido que eu fiquei alguns segundos tentando processar quando a resposta foi positiva.
- Pronta pra Portugal? - Perguntei quando ela estava distraída olhando pela janela do avião.
- Claro. - Ela me deu um lindo sorriso. - Posso gritar nas ruas pra eles devolverem o ouro brasileiro.
- O quê? - Eu ri. Essa mulher é louca.
- Se bem que eu precisaria ter feito isso na Espanha também e na França. - Ela disse mais para ela do que para mim. - Nós vamos voltar pra França? - Finalmente sua atenção retornou para mim.
- Vamos sim.
- Mas não posso gritar com eles também, por quê não gritei com os espanhóis. - Ela suspirou. - Nossa, perdi a chance.
- Você é maluca, sabia?
- Eu não sou maluca, eu adoto causas. - Ela ergueu a cabeça orgulhosa.
- De toda forma, acho que devo agradecer a essa sua loucura.
- Por quê? - Ela perguntou, mas depois me olhou feio. - Eu não sou louca.
- Haha, peguei você. - Ela revirou os olhos. - Mas, sério, preciso mesmo agradecer a essa sua insistência em adotar causas.
- Boa escolha de palavras. - Ela deu dois tapinhas em meu ombro. - Mas ainda não entendi.
- Se não fosse essa sua insistência, eu teria te afastado como sempre afastei todo mundo da minha vida e não estaríamos aqui hoje.
- Bem, é verdade que você era um pé no saco. - Ela pareceu ir buscar suas memórias da época da escola. - Mas, eu sempre que você valia a pena.
Devo dizer que isso me desconcertou inteirinho, na verdade, é só o que ela faz comigo.
- Sempre soube?
- Sim. - Ela sorriu. - Embora as vezes eu quisesse te atropelar com um ônibus, eu já sabia que você seria importante pra mim. E eu não errei.
- Não? - Ela me olhou fixamente.
- Com certeza não. - Então eu a beijei, por quê tenho vontade de fazer isso o tempo inteiro.
- Ainda bem que você é teimosa. - Ela sorriu e me deu outro beijo.
Se não fosse essa teimosia, eu não estaria tão estúpidamente feliz agora. Ainda bem que você é teimosa, Ária. Eu amo isso em você.
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You are the reason
FanfictionTenta não se acostumar, eu volto já, me espera. Segundo livro da série de amor doce. Por favor, leiam Back to me antes.