LVII

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Um ano se passou desde que me tornei madrinha da coisinha mais linda do mundo. Eu me tornei a madrinha mais bobona e trouxa, fazia tudo que Dylan queria, bastava ele balbuciar qualquer coisa que eu nem entendia.

- Você vai estragar ele. - Castiel brigou comigo quando comprei um sabão especial para fazer bolhas no banho dele. 

- Sou eu que quero dar uma guitarra à uma criança de um ano?

- Ele precisa criar afinidade com o instrumento.

- Você nem sabe se ele vai gostar de rock.

- O quê? - Ele pôs a mão no peito.

- Deixa de drama e vamos logo. - Revirei os olhos e peguei minha bolsa. Hoje seria o aniversário de um ano do Dylan e nós iríamos ajudar a Rosa com a organização.

- Nathaniel vai estar lá? - Ele perguntou quando entramos no carro.

- Provavelmente sim. - Dei de ombros.

- Que saco.

- Deixa de chatice, já passou tanto tempo.

- E mesmo assim ele ainda está solteiro. - Castiel cismou que Nathaniel ainda gostava de mim. - Quase dois anos que nós estamos juntos e ele ainda não arrumou ninguém.

- Mas eu já achei alguém. - Olhei feio pra ele. - Deixa de ser chato.

- Deixa de ser chato. - Ele imitou minha voz.

Chegamos na casa de Rosa e vimos o jardim todo decorado. Dylan amava piscinas e bolhas de sabão, então esse seria o tema da festinha dele. A piscina estava cercada de bolas, boias e bolhas, o cheiro de cachorro quente já tomava conta do lugar.

- Titio. - Castiel pegou Dylan no braço. Ele ainda não falava, balbuciava coisas como mamãe e papai, mas demonstrava com seus gestos, ele amava Castiel.

- Tão novinho e já tem preferência. - Revirei os olhos e Rosalya riu.

- Também, olha o que o Castiel faz. - Ela apontou para eles, Castiel jogava Dylan pra cima e o bebê ria a todo fôlego. 

- Eu trouxe um sabão que faz muitas bolhas. - Entreguei o saquinho à Rosalya, achei que poderia usar na piscina.

- Vamos testar. - Ela se animou. Pegamos um balde e enchemos com água. Colocamos um pouco de sabão e as bolhas começaram a subir.

- Dylan vai enlouquecer quando ver isso. - Leigh apareceu carregando várias caixas.

- Todas as crianças vão quando colocarmos isso na piscina. - Sorri.

- Vão encher a piscina de bolhas? - Lysandre apareceu atrás dele carregando mais caixas. - Genial.

- Olha titio. - Castiel apareceu com Dylan nos braços. - Bolhas! - O bebê bateu palminhas e riu. - Você quer ir pra lá? - Dylan inclinou o corpinho em direção ao balde.

- Vamos ver a reação dele. - Rosalya levantou e tirou as roupinhas, deixando ele de fralda.

- Oi titia. - Peguei Dylan no braço e ele levou sua boquinha banguela até meu nariz. - Você quer tomar banho de bolhas? - Beijei a barriguinha dele e ele riu.

Coloquei Dylan dentro do balde e esperei um pouco até soltar ele, logo ele se agarrou nas bordas e começou a sorrir estourando as bolhas. Era tão fofo que eu mal podia me aguentar.

 Era tão fofo que eu mal podia me aguentar

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- Já não preciso dar banho. - Rosalya levantou e foi abrir as caixas que os meninos tinham trazido.

- Olha só, ele amou. - Castiel sorriu. - Ao menos nisso você acertou.

- Ridículo. - Dei língua pra ele e recebi um selinho.

- Vou ajudar com as caixas. - Ele avisou. - Cuidado com ele.

- Acha que ta falando com quem meu filho? - Ele apenas riu.

Fiquei um tempão com Dylan até Rosalya vir pegar ele para pôr uma roupa, os convidados já estavam chegando. Dylan estava feliz da vida com as decorações da sua festinha, queria pegar os bichinhos e estourar todas as bolhinhas, para uma criança de um ano, ele era muito ativo e esperto.
A festa foi incrível, as crianças enlouqueceram com as bolhas e os carrinhos de algodão doce. Dylan ganhou tantos presentes que nem sabíamos de onde tinham vindo. Nathaniel foi, assim como todos os nossos amigos, Dylan era louco por ele, não podia vê-lo, queria pegar os brincos da sua orelha. Castiel tinha um pouco de ciúmes, mas se controlava e esquecia quando Dylan esticava os bracinhos gordinhos pra ele. No final da festa, somente nós dois ainda estávamos no jardim, esperando as pilhas do bebê acabarem, mas ele não parecia nem um pouco cansado. Dylan engatinhava de um lado para o outro e nós corríamos atrás dele.

- Obrigada pela ajuda. - Rosalya nos abraçou quando estávamos indo embora.

- Amanhã eu volto pra comer bolo. - Eu ri.

- Vamos estar te esperando. - Rosa pegou a mão de Dylan e acenou.

- Tchau titio. - Castiel deu vários beijos nele.

- Tchau meu amor. - Beijei sua mãozinha. - A titia volta amanhã.

Nos despedimos deles e entramos no carro, eu estava morta, acabada. Castiel carregava uma sacola cheia de doces e salgados, passaria o dia no estúdio e queria levar lanche, pra ele e pra o resto da banda. Eles estavam prestes a sair em turnê novamente, eu estava muito feliz por ele, era sua segunda turnê mundial, mas também estava com medo. Era essa a vida que nos esperava, de ficar separados por um tempo, correria, despedidas. Eu amava Castiel e meu coração se partia todas as vezes que nós precisávamos nos despedir. Ele também sofria com isso, mas não tínhamos outra opção. Curtíamos o máximo de tempo que tínhamos juntos, já estávamos namorando a quase dois anos e quase nunca brigávamos, essa seria a primeira vez que ficaríamos separados desde que ele voltou, eu estava triste, mas não podia fazer nada além de lhe dar apoio.

- Vou sentir sua falta. - Ele me abraçou quando nos deitamos pra dormir.

- Ainda temos uma semana.

- E uma vida toda. - Ele me beijou. - Mas ainda sentirei saudades.

- Isso é bom, não é? - Sorri. - Saudades é bom.

- Não quando eu estou tão longe. - Ele suspirou.

- É a sua carreira, nós precisamos lidar com isso da melhor maneira.

- Eu sei. Só estou cansado também.

- Como assim?

- Eu amo tocar, cantar, compor, gosto de ver o crescimento da banda, mas as coisas não estão como eu queria.

- Com não? Você finalmente alcançou a fama, o reconhecimento.

- A fama não é tão legal, ela nos escraviza. Tira o brilho das conquistas, nós estamos engessados e eu não gosto disso.

- Eu não imaginava que você estava se sentindo assim. - Acaricei seu rosto.

- Acredito que seja só eu. - Ele riu. - O pessoal tem amado essa fama toda.

- Talvez seja só uma fase. - Tentei amenizar as coisas. - Vai passar.

- É, pode ser. - Ele fechou os olhos e suspirou.

Não gostava de ver ele triste assim, mas de uma coisa eu sempre tive certeza: Castiel era um espírito livre e nunca ficou muito tempo em nada que o limitasse.

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