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Saí do banho e tomei o maior susto quando vi Castiel deitado na cama, esse homem quer o quê de mim, Deus?  Meu susto foi maior por que eu estava só de toalha, tentava de tudo para não desorganizar as malas, já que passaria um bom tempo tendo elas como guarda roupas. 

- Nossa senhora. - Ele deixou um sorriso escapar do canto da boca. - Tira, tira. - Ele pegou a carteira e jogou uma nota de cinquenta pra mim.

- Sério isso? - O olhei com tédio, mas peguei o dinheiro do chão. - Não vou te devolver não, pra deixar de ser idiota.

- Ei. - Ele fez cara feia.

- Achei que a reunião fosse demorar. - Me agachei, sob o olhar dele, para pegar minhas roupas na mala.

- Só ajustes pequenos, nada importante demais pra tomar meu precioso tempo.

- Um homem muito importante para o mundo. - Segui para o banheiro novamente. 

- Para o mundo? - Ele riu. - Eu não me importo com o mundo. Mas se eu for muito importante pra você, ai o contexto muda.

- Talvez você seja muito importante pra mim. - Sai do banheiro.

- Então ta tudo ótimo. - Ele se levantou e me deu um beijo na bochecha. - E aí gata, quer conhecer o pessoal da banda?

- Claro. - Acho que demonstrei animação demais, pois ele me olhou com os olhos semicerrados.

- Ta animada demais, apaga esse fogo.

- Eu só quero conhecer o pessoal, não posso me animar?

- Tanto faz. - Ele deu de ombros. - Vem, vamos jantar com eles.

Passei um perfume e saímos, eu estava um pouco nervosa por conhecer os amigos do Castiel, até então, nós só tínhamos amigos em comum e agora eu terei que lidar com três pessoas novas.

Quando chegamos ao bar onde o pessoal estava nos esperando, muitos olhares se voltaram para nós, estranhei o fato de ninguém ter pedido para tirar uma foto com Castiel, mas logo depois percebi que se tratavam de pessoas ricas e ocupadas, não tinham tempo para cantores em ascensão. Quem sabe se fosse a Rihanna.

Instintivamente, ou não, Castiel segurou minha mão e entrelaçou seus dedos nos meus assim que passamos pela porta do estabelecimento, eu não reclamei, tampouco tirei minha mão da dele, eu nunca fiz isso e não é por quê estou em dúvida sobre o que sinto por ele que vou começar a fazer.

Seguimos de mãos dadas pelo salão enorme, até avistarmos, em uma mesa bem no fundo, três rostos conhecidos. Meu estômago pesou um pouco quando um pequeno alvoroço se fez presente nas três pessoas que nos esperavam, quando me viram começaram a falar rapidamente entre si, mas pelo menos estavam sorrindo.

Diana parecia entretida em uma conversa entre cochichos com Natan e Joe apenas nos observava enquanto caminhávamos até eles. Senti Castiel apertar minha mão com um pouco mais de força e puxar meu corpo para um pouco mais próximo de si, não entendi bem o motivo de tal atitude, mas algo havia aguçado seu instinto.

- Pessoal. - Castiel pigarreou quando chegamos até a mesa. Diana e Natan imediatamente se ajeitaram em suas cadeiras e tentaram disfarçar que estavam falando sobre mim com um sorriso amarelo.

- Olá! - Natan foi o primeiro a se levantar. - Imagino que a bela senhorita deva ser a tão famosa Ária. - Ele me fez uma reverência e pegou minha mão para depositar um beijo.

- Eu mesma. - Sorri com seu gesto exagerado. - Você deve ser o Natan.

- Com certeza sou.

- Oi, eu sou a Diana. - A moça linda e alta se levantou. - É um prazer finalmente conhecer você.

- O prazer é todo meu. - Apertei sua mão.

- Imagino que eu seria mal educado se não me apresentasse à bela senhorita. - Joe se levantou e parou bem em minha frente.

- Olá. - Estendi minha mão educadamente.

- É um prazer conhecê-la Ária. - Ele também beijou minha mão. - Joe Lestrange.

- O prazer é todo meu em finalmente conhecer vocês.

- Senta aí Ari, vamos beber e conversar, queremos te conhecer melhor. - Natan bateu na cadeira ao lado dele.

- O nome dela é Ária. - Castiel sentou no lugar que antes se encontrava a mão de Natan e me puxou para sentar ao seu lado.

- Não acha Ária um nome muito grande, ou formal demais? - Natan o provocou, todos na mesa exibiam sorrisos discretos, menos Castiel e eu. Eu não sabia o que estava acontecendo.

- Não. - Castiel lhe deu um sorrisinho sínico, mas seu olhar parecia querer queima-lo.

- Então Ari, o que você faz da vida? - Diana tomou a frente da conversa, antes que Natan levasse um soco.

- Eu acabei de me formar em psicologia.

- E Castiel te arrastou para viajar logo após sua formatura? - Joe perguntou em um tom um tanto quanto descrente. - Não se preocupa com sua carreira?

- Eu acho que isso não tem nada haver com você. - Diana o olhou feio. - A vida é dela, ela faz o que quer, você não conhece os motivos que a fizeram vir.

- Fica na sua. - Castiel o encarou e Joe apenas lhe deu um sorriso sínico.

- Eu vim por quê quis, Lestrange. - O encarei. - Depois eu resolvo o resto.

- Claramente, senhorita. - Ele deu um gole em sua bebida e o assunto foi encerrado.

- Vai nos acompanhar durante toda a turnê? - Natan me perguntou.

- Ainda não sei, talvez. - Sorri.

- Talvez? - Castiel me olhou confuso. - Achei que isso já estivesse decidido.

- Muitas coisas podem acontecer, aprendi a não planejar tanto meu futuro. - Dei de ombros.

- Está certíssima, não sei nem se eu mesma estarei viva até o fim da turnê. - Diana brincou.

- Pois é. - Sorri com ela.

Passamos a noite inteira conversando e sorrindo, Joe era o mais calado de todos, apenas observava nossa interação e fazia poucos comentários. Entendi o motivo de Castiel não gostar tanto assim dele, todos os seus comentários pareciam irônicos e com duplo sentido, sempre havia um sorrisinho maldoso em seus lábios e eu não me sentia muito bem sob seu olhar. Todos da banda pareciam não curtir muito a presença dele, o que me intrigava, pois poderiam trocar de membro, mas isso era um assunto pra depois.

Bebi alguns drinks junto com Diana, ela parecia muito mais legal do que Castiel descreveu. Realmente tinha uma expressão mais fechada, mas logo se podia ver o quanto era simpática, ao menos com as pessoas que ela já conhecia. Bebi tantos líquidos de cores diferentes que já estava vendo tudo colorido, Diana e eu ríamos das besteiras que Natan dizia ou fazia e, embora o olhar de Joe ainda recaísse sobre mim, eu já não me importava.

Castiel manteve a expressão séria a noite inteira, eu não entendi o motivo, ele mal bebeu, apenas respondia o que perguntávamos e só.

Parecia um velho carrancudo.

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