XLVI

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Austrália é um país lindo, embora eu estivesse morrendo de medo dos insetos gigantes, me mantive plena. A banda faria dois shows no país, foi um dos lugares onde mais ingressos foram vendidos, então abriram outro dia na agenda. O primeiro show aconteceu já na primeira noite em que chegamos, uma euforia enorme tomou conta de todos por que o púbico era enorme, um dos maiores que eu já havia visto. Castiel subiu ao palco muito feliz e saiu de lá mais feliz ainda, mas essa felicidade só durou até o momento em que descemos no hotel. Inúmeras pessoas se aglomeravam no portão principal, entre fotógrafos e fãs, vários flashs disparavam em nossa direção, pessoas perguntando sobre nós, puxando nossos braços e tentando tirar uma foto diferente do momento.

Eu fiquei atordoada, senti braços ao meu redor e quando olhei para cima não era Castiel, era Joe, ele me abraçou com força e me lançou um sorriso reconfortante. Quando finalmente conseguimos entrar no hotel, Castiel correu em minha direção e, um pouco grosseiramente, afastou Joe de mim.

- Você ta bem? - Ele passava as mãos por meus braços e me olhava assustado.

- To sim, Joe me ajudou. - Eu segurei seus braços tentando fazê-lo ficar quieto. - Joe me ajudou. - Ele parou e moveu seus olhos de mim para Joe.

- Obrigada. - Joe apenas fez um aceno com a cabeça e se afastou.

- Me desculpe por isso. - Seus olhos preocupados voltaram para mim.

- Você não precisa pedir desculpas por algo que você não controla. - Segurei suas mãos.

- Eu não sabia que a entrada do hotel estaria desse jeito. - Ele suspirou.

- Ta tudo bem, calma. - O puxei para um abraço.

- Gente, que loucura é essa? - Diana chegou perto de nós, estava assustada.

- Se acostumem com a fama amores! - Natan parecia ser o único animado com a situação.

- Você viu como aquelas pessoas puxaram a Ária? - Castiel perguntou irritado.

- Isso só aconteceu por quê não tínhamos segurança, não estamos acostumados com isso ainda. - Natan tentou acalmar ele.

- Eles estão curiosos, se vocês assumirem o que tem publicamente, vai passar. - Joe voltou pra perto de nós.

O burburinho foi dispersado pela polícia e pelos seguranças do hotel, o empresário da banda gritava com o gerente por causa da falta de segurança em um hotel tão famoso, Diana tentava acalmar Castiel por quê eu já havia desistido, ele gritava com os seguranças por não terem fechado um cerco ao meu redor, estava tão nervoso que chamou até as camareiras de incompetentes.

- Você viu como aquelas pessoas puxaram ela? - Ele repetiu. - E eu não consegui fazer nada para protegê-la.

- Já foi, já passou! - Diana falou alto. - E não vai acontecer de novo.

- Eu to bem. - Me aproximei dele. - Ta vendo? To inteira, não falta nem um pedacinho.

- Eles podiam ter machucado você. - Ele me abraçou.

- Mas não machucaram e eu sei que você não permitiria que isso acontecesse.

- Eles me afastaram de você como se eu não fosse nada. - Ele disse com um olhar baixo.

- Não estávamos preparados pra isso. - Beijei sua bochecha. - Ta tudo bem agora, vamos para o quarto.

Castiel assentiu e sem dizer mais nada me seguiu até o elevador, eu sabia que aquilo estava perturbando muito ele, mas não podia fazer nada, quando a raiva tomava conta, era difícil lidar com ele. A noite foi um pouco complicada, Castiel estava nervoso, não conseguia dormir, ficamos horas conversando sobre inúmeras coisas até ele esquecer um pouco do que havia acontecido mais cedo.

- Sabe, acha mesmo que Ariel é um bom nome pra nossa filha? - Percebi que falar do nosso futuro o deixava mais tranquilo, então apostei nisso.

- Se for uma menina, sim. - Ele sorriu.

- E se for menino?

- Não sei. - Ele fez uma cara de dúvida. - O que você acha de Camaron ou Jacob?

- São bonitos.

- Nomes fortes.

- Se forem rebeldes como você, vão me dar muito trabalho.

- Eles vão ser muito amados pelos pais, diferente de mim, não vão precisar usar a rebeldia.

- Não fale assim, sua mãe é louca por você. - Tentei animar a situação.

- É mesmo? - Ele deu uma risada amarga. - E onde ela esteve minha vida toda?

- Certo. - Suspirei. Eu não tinha argumentos pra isso. - Onde vamos morar?

- Los Angeles. - Ele respondeu rapidamente. - Se torna perto de tudo se levar em conta a minha carreira.

- É verdade. - Sorri, mas um frio na barriga se fez presente para me lembrar do fato que estava planejando um futuro com alguém que ganhava a vida viajando.

- Vamos construir uma casa legal, com dois andares e uma piscina no teto.

- Você é meio extravagante. - Ele riu.

- Quero construir o melhor para as pessoas que eu mais vou amar na vida.

- Eu amo você. - Eu disse sem pensar, mas era tudo que se passava no meu coração. Castiel abriu bem os olhos e ficou parado, me olhou estático por alguns segundos e então abriu o sorriso mais lindo que eu já vi.

- Eu te amo mais. - Ele se inclinou sobre mim e me beijou.

Finalmente ele se acalmou e nós conseguimos dormir, eu sabia que no dia seguinte ainda haveriam muitos comentários sobre isso, principalmente por quê haveria outro show. Castiel dormiu, mas dormiu inquieto, se mexeu o tempo inteiro, me acordou várias vezes. Minha mente também estava inquieta, eu tinha medo por ele, que essa pressão pudesse atrapalhar sua carreira. Pensei várias vezes em voltar para o meu apartamento e esperar até que a turnê terminasse, aí nós resolveríamos com calma o que fazer e esse caos se afastaria de nós. Mas tinha medo de ir embora e ele ficar desnorteado, que interpretasse de outra maneira, que achasse que eu o estava abandonando.

Castiel sempre carregou o peso da falta de afeto dos pais, o que ele viveu foi quase como um abandono e isso afetou seu comportamento com as pessoas durante toda sua vida, eu sabia que ir embora poderia causar péssimas lembranças nele e eu não queria isso. Preferi ficar e enfrentar o que quer que fosse ao seu lado, principalmente por quê ele estava disposto a passar por tudo isso segurando minha mão, eu não poderia soltar a dele.

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