Eu não fui ao show daquela noite, ainda me sentia meio zonza e enjoada, preferi ficar deitada esperando Castiel voltar. Ele estava bravo, assim que saímos do hospital ele fez uma ligação para o empresário deles, marcou uma reunião para o dia seguinte bem cedo e disse que dessa vez não aceitaria que providências não fossem tomadas. Acabei concordando com o que ele queria, foi um pouco demais o que aconteceu e eu ainda estava bem assustada, não queria que fotos minhas em um momento tão terrível circulassem por aí.
Quando ele voltou do show eu já estava dormindo, meu corpo pedia por mais algumas horas de descanso, parecia que uma avalanche havia passado por cima de mim. Senti seus braços rodearem a minha cintura e um beijo ser depositado em meu ombro, minha consciência rapidamente voltou para a escuridão e eu dormi. Na manhã seguinte, como ele havia dito, Castiel levantou bem cedo e foi para a reunião, eu não queria estar causando tanto transtorno e aquilo estava me incomodando.
Um tempo depois que Castiel saiu, meu telefone tocou, era um número que eu não tinha salvo.
- Alô?
- Senhorita Ária Langford? - Uma voz masculina se fez ouvir do outro lado.
- Sou eu, com quem eu falo?
- Senhorita Langford, eu me chamo Michael Pankow, sou o médico da sua amiga Rosalya, estou falando do Hospital New Amsterdã.
- O que aconteceu? - Um nervosismo tomou conta de mim e eu me sentei na cama.
- Sua amiga teve um descolamento de placenta e precisou ser interditada para que preservemos a vida do bebê, o marido dela está viajando e a senhorita é o segundo contato de emergência dela.
- Eu estou indo agora. - Me levantei apressada ainda com o celular na orelha. Pude ouvir o médico dizer algo e desligar. Enfiei as roupas soltas dentro da mala, peguei meu passaporte e dinheiro e saí.
Meu coração batia acelerado e uma vontade de chorar imensa tomou conta de mim, fiquei o caminho todo até o aeroporto tentando me convencer de que nada de ruim aconteceu com Dylan ou com a Rosa, intercorrências acontecem, é normal. Quando o táxi parou em frente ao aeroporto, paguei a corrida e enquanto descia comecei a digitar uma mensagem para avisar a Castiel, ele estava na reunião e não atenderia se eu ligasse.
"Castiel, eu preciso voltar para casa."
Quando eu estava digitando a segunda mensagem, pra explicar o que tinha acontecido, meu celular escorregou da minha mão e antes que eu pudesse pega-lo do chão, um carro passou por cima e destruiu o aparelho. Eu não tinha tempo para ir atrás de um novo, precisa encontrar um voo que me levasse pra casa. Deixei os pedaços do celular no chão onde haviam caído e corri para dentro do aeroporto. Quando chegasse no hospital daria um jeito de falar com Castiel. Eu só não imaginava que tanta coisa me esperava.
Cheguei no hospital a noite, carregando uma mala pesada e completamente desleixada, perguntei na recepção por Rosalya e fui informada de que ela estava sedada por quê havia ficado nervosa demais e que, nessa situação, como Leigh estava viajando e só chegaria depois de mim, as decisões ficaram por minha conta. Passei a madrugada inteira correndo atrás do médio da Rosa para requisitar que ele fizesse todos os exames existentes, peguei um táxi e fui para a casa dela buscar mudas de roupa e arrumar a bolsa do bebê, por quê se algo de anormal fosse revelado pelos exames, Dylan nasceria prematuro. Quando finalmente voltei ao Hospital, o dia estava amanhecendo, eu não havia comido nada desde as onze horas do dia anterior, estava acabada, com fome e morta de cansaço.
Entrei no quarto de Rosa e ela ainda dormia, então peguei um dos lençóis que havia levado, me encolhi na poltrona do visitante e apaguei. Estava tão cansada que não me lembrei que precisava das satisfações ao Castiel, não comprei um celular novo, o celular de Rosa não estava lá e provavelmente estava em seu apartamento e eu não vi. Despertei com algumas vozes no quarto, doutor Michael explicava para minha amiga que eu havia solicitado que ele fizesse uma bateria de exames para dispersar qualquer suspeita.
- Ari. - Ela começou a chorar quando me viu.
- Oi Rosa. - Me levantei e lhe abracei. - Estou com tanto medo de perder o meu menino.
- Você não vai, vocês dois vão ficar bem. - Segurei sua mão. - Vá fazer os exames e quando você voltar eu vou estar bem aqui.
O médio saiu empurrando a maca onde Rosalya estava e eu desabei na poltrona. Tantas coisas haviam acontecido em um período de tempo tão curto que a minha mente nem teve tempo de processar, eu estava no automático. Meu estômago roncou e doeu, eu estava literalmente morrendo de fome, me levantei e fui até a cantina do hospital, precisava comer alguma coisa urgente. Peguei três sanduíches e dois copos de suco de maracujá, pra ver se acalmava meu estômago e minha mente, me sentei na mesa mais próxima possível da porta, caso alguém viesse me procurar com notícias sobre minha amiga e meu sobrinho.
- Oi. - Ouvi uma voz familiar e tirei minha atenção do meu prato.
- Nathaniel, oi. - Esbocei um sorriso, ele estava de pé bem na minha frente, vestindo uma farda de policial. - O que faz aqui?
- Fiquei sabendo do que aconteceu com a Rosa e vim saber se ela estava bem, me disseram que a acompanhante dela estava aqui.
- Ela vai ficar bem. - Confirmei. - Vai ser só um susto.
- Achei que você estava viajando com o Castiel.
- Até ontem eu estava na Itália. - Ele riu.
- Vi na televisão que vocês estão namorando.
- Sim, estamos.
- Eu sempre soube que isso ia acontecer.
- Você agora é policial? - Sorri, ele ficava muito bem de farda.
- Pois é, dei um rumo na minha vida. - Ele também sorriu.
- Fico feliz por você.
- Também fico feliz por você. - Ele pareceu querer dizer mais alguma coisa, mas desistiu. - Preciso ir, minha equipe está me esperando lá fora.
- Tudo bem.
- Diz pra Rosa que eu estive aqui?
- Claro que sim. - Sorri e acenei para ele. Só então percebi que não sentia mais raiva dele por ter me traído, na verdade eu não sentia mais nada de cunho amoroso por ele. Finalmente.
Terminei o meu lanche e voltei para o quarto, imaginei que Rosa já estivesse lá, mas não estava. Então me sentei na poltrona novamente e decidi dormir de novo, estava tão cansada que mundo parecia se mover em câmera lenta, meu corpo pesava duas mil toneladas e eu estava tão preocupada com minha amiga, que mesmo dormindo, não conseguia descansar.
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You are the reason
Hayran KurguTenta não se acostumar, eu volto já, me espera. Segundo livro da série de amor doce. Por favor, leiam Back to me antes.