XII

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No dia seguinte o sol me acordou sem dó, não é todo dia que o sol em Nova York brilha tão forte. Me levantei por que batidas incessantes na minha porta não me deixaram em paz.

- Bom dia. - Castiel sorriu quando abri a porta.

- São oito da manhã, você não tem o que fazer?

- Agora não. - Ele entrou no quarto e se jogou na cama. - Já tomou café da manhã?

- Você acha?

- Preguiçosa.

- Vai se catar. - Deitei perto dele.

- Ta chata. - Ele se virou de bruços na cama e passou seu braço por cima de mim.

- To com fome.

- Vamos tomar café lá em baixo? - Castiel levantou a cabeça e me olhou atento. Seus olhos ainda sonolentos me fitavam, ele estava próximo demais, sua cabeça estava apoiada em uma de suas mãos e ele parecia ter se perdido em seus pensamentos.
Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas foi como se a terra tivesse parado no momento em que seus olhos focaram nos meus, ele mesmo parecia surpreso com isso, pois sua boca estava entreaberta, como alguém que se depara com algo pela primeira vez e fica chocado com isso.

Nosso momento foi interrompido por outra pessoa batendo na minha porta. Me levantei da cama antes que atacasse Castiel.

- Oi! - Sorri ao ver Diana do outro lado. Estava feliz por vê-la e agradecida por ela ter aparecido na hora certa.

- Eai gata! - Ela me abraçou.

- Entra. - Dei espaço pra ela entrar, mas ela parou no meio do caminho.

- Ta fazendo o quê aqui? - Diana perguntou a Castiel.

- Vim buscar a Ari pra tomar café da manhã. - Ele deu de ombros e pareceu não perceber o quão surpresa Diana estava com o fato de tê-lo encontrado no meu quarto.

- Sinto muito bonitão, mas eu vim chamar ela pra sair.

- Sério?! - Não contive minha alegria. Seria uma ótima oportunidade pra interagir mais com ela.

- Ei, eu cheguei primeiro. - Castiel fez cara feia.

- Mas eu tenho preferência por que sou mulher.

- Eu vou cobrar isso depois. - Castiel passou por mim e puxou meu cabelo antes de sair do quarto.

- Então, ta pronta? - Diana me olhou curiosa.

- Deixa eu tomar um banho. - Corri pro banheiro e ela ficou me esperando.

Tomei um banho rápido e vesti uma roupa qualquer, quando sai, Diana estava de pé observando a rua pela janela do quarto.

- Vamos? - Ela sorriu.

- Claro! To morrendo de fome.

Seguimos conversando besteiras até sairmos nas ruas agitadas de Nova York. Eu não havia entendido muito bem o fato de Diana me convidar pra sair, mas estava adorando. Sentia falta de sair com Rosalya e ter outra mulher para conversar estava sendo uma maravilha.

- E então, o que há entre vocês? - Diana perguntou quando sentamos em um café.

- Vocês quem?

- Você e o Castiel.

- Somos amigos. - Agradeci ao garçom que pôs uma xícara de café na minha frente.

- Só isso? - Ela riu. - Não acredito.

- É sério. - Sorri também. - Nossa relação sempre confundiu as pessoas.

- Bem, se todas as pessoas ouviram ele falar de você do jeito que eu ouvi, não é de se admirar que fiquem confusas.

- Como assim? - Tentei disfarçar meu entusiasmo e minha curiosidade.

- Sempre que a banda estava reunida, ouvíamos Castiel falar por pelo menos uma hora sobre você. - Ela deu um gole em seu café e me observou atentamente.

- Eu não sabia disso. - Escondi minha timidez atrás do cardápio.

- Ouviu a música que ele compôs pra você? - Eu assenti. - Eu fiz os arranjos do baixo, fui a única que viu a letra antes do resto da banda.

- O que achou?

- Que ele te pediria em namoro.

- O quê? - Me engasguei com o café.

- Você não? - Ela me olhou como se esse fosse o único pensamento que alguém poderia ter ao ouvir a música.

- Na verdade, não. - Ela riu.

- Acho que está levando a sério demais o papel de se fazer de besta. - Diana me encarou sorrindo, mas seus olhos deixavam claro que estava falando sério.

- Não acho que Castiel e eu tenhamos futuro com algo além de amizade.

- Sério? Por que eu acho que nunca encontrei duas pessoas que combinassem tanto.

- Você acha?

- Claro que sim. Por que acha que fizemos aquele alvoroço todo quando os vimos ontem?

- Pensei que estivessem falando de mim.

- Ari, nós já te conhecíamos antes mesmo de te ver. - Ela pegou um croissant. - Estávamos falando sobre vocês dois, não reparou em como o Castiel ficou tenso?

- Reparei que ele ficou nervoso, mas não sabia o porque.

- Todos nós sempre dissemos a ele, que ele precisava dar um passo mais a frente e tentar algo a mais com você.

- Acham que o Castiel gosta de mim de outra maneira? - Fiquei nervosa ao fazer a pergunta, mas eu precisava de uma confirmação antes de me iludir totalmente.

- Eu diria que sim, mas que ainda está em processo de aceitação desse fato. - Diana sorriu ao ver minha reação. - Você gosta dele, digo, a mais do que só amizade.

- Digamos que eu ainda esteja em processo de aceitação. - Suspirei. - Acabei de sair de um relacionamento turbulento, fui traída.

- Sinto muito por isso.

- Não sinta, eu não ando sentindo muita coisa. - Dei de ombros. - Mas, depois que isso aconteceu, comecei a ver Castiel com outros olhos, mas tenho medo que seja um engano.

- Primeiro lide com o término, depois você pensa nisso. Mas sempre tenha você mesma em primeiro plano. - Diana falou como alguém que já esteve no lugar em que estou agora.

- Você tem razão. - Sorri e dei um último gole em meu café. - Eu estou mudando.

- Sabe o que consolida a mudança de uma mulher? - Diana me olhou sorrateira.

- Não.

- Uma mudança nos cabelos.

- Mudar meus cabelos? - Sorri com a ideia.

- Parece que gostou da ideia.

- Eu nunca fui de mudar muito. - Comecei a pensar no total de zero mudanças que fiz em mim mesma desde o colegial. - Eu topo.

- Sério? - Diana sorriu animada.

- Sério! - Também me animei. - Mas vamos logo antes que eu perca a coragem. 

- Vamos. - Diana levantou e eu a segui até o balcão do café para podermos pagar a conta. - Tem um salão de beleza próximo daqui, podemos ir caminhando até lá. Sempre trato meus cabelos lá.

- Estou ficando com medo. - Minhas mãos estavam suando.

- Então vamos andar mais rápido. - Ela segurou minha mão e apressou o passo. - Acho que com o que tenho em mente, você vai ficar ainda mais linda.

- Tudo bem. - Naquele momento eu estava feliz. Uma euforia crescia em meu estômago, estava nervosa com a pequena mudança que estava chegando, mas estava feliz com isso.

Saí para tomar café da manhã e vou voltar com o cabelo mudado, só não sei o quanto.

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