XLV

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Uma semana depois o assunto sobre o possível relacionamento de Castiel comigo ainda circulava por alguns tabloides. Alguns fãs criaram páginas, tanto boas quanto ruins, alguns me amavam mesmo sem me conhecer e outros me odiavam pelo mesmo motivo. Ninguém na banda se importava mais com isso, mas Diana sabia o quanto estava sendo angustiante pra mim ter tanta atenção, não que as ofensas me afetassem, eu só não queria que essas pessoas soubessem da minha existência, mas agora já era tarde.

Eu teria que aprender a lidar com isso por quê quero viver a minha vida inteira com o Castiel e se for necessário engolir esse tanto de gente achando que sabe mais sobre a minha vida do que eu mesma, eu engulo. Ele andava nervoso com tudo isso, sabe que eu sempre fui uma pessoa discreta, acostumada a passar desapercebida pelos lugares e eu gostava disso, desse anonimato. Várias vezes o peguei me olhando com um certo receio, eu sabia o que ele estava pensando, tinha medo que eu o deixasse por conta dessa atenção repentina, mal sabia ele, que eu não sou capaz de deixá-lo por nada nesse mundo.

- Como estão as coisas entre vocês depois dessa fama repentina que você ganhou? - Diana e eu estávamos conversando enquanto comíamos algo no restaurante do hotel.

- Pra mim está tudo bem, eu não me importo com isso, só tive um choque no primeiro momento. - Ela assentiu. - Mas acho que ele tem medo que eu o deixe por causa disso.

- Não o culpo por isso. - Seu olhar pareceu ir pra longe. - É complicado para um artista ter um relacionamento amoroso bem sucedido, são muitas intercorrências.

- Você já passou por isso, não foi? - Era impossível não ver que ela falava com uma tristeza imensa sobre isso.

- Eu só tive um grande amor na minha vida, e eu a perdi mesmo fazendo de tudo para segurá-la. - Ela suspirou. - Foi no início da banda, quando estávamos no caminho do reconhecimento, muitos shows em lugares diferentes, pouco tempo para ela.

- Sinto muito por não ter dado certo.

- Nós não tínhamos tanto dinheiro como temos hoje, eu não pude fazer o que Castiel fez, sabe? Trazer ela comigo.

- Mas e agora? - Uma faísca de esperança ascendeu em mim.

- Agora? - Ela deu uma risada amarga. - Agora ela está noiva e prestes a adotar seu primeiro filho.

- Poxa Diana, é triste. - Deixei um suspiro pesado sair. - Mas você é maravilhosa, tenho certeza que vai encontrar alguém.

- Eu fico feliz por ela, essa estabilidade que ela tanto queria, mesmo que eu quisesse também, não poderia dar.

- Tenho medo que isso aconteça com Castiel e eu. - Um frio tremendo se apossou do meu estômago.

- Não tenha. - Diana sorriu. - Eu não me arrependo de ter vivido os momentos que vivi com ela e você não vai se arrepender dos seus com o Castiel. Apenas vivam, o arrependimento é o pior dos sentimentos.

- Você tem razão. - Concordei com Diana, mas esse novo medo se enraizou em mim e nunca mais saiu.

Retornei ao quarto e não vi Castiel em lugar nenhum, o quarto estava silêncio total, ele não havia saído, teria me avisado.

- Meu bem? - Chamei por ele.

- Oi gata. - Ouvi sua voz vindo de dentro do banheiro.

- Ta fazendo o quê? - Abri a porta e me deparei com a cena mais sexy do mundo, mas a que nunca pareceria sexy na minha mente. Castiel estava retocando a raiz de seus cabelos.

- Retocando a raiz

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- Retocando a raiz. - Ele sorriu.

- Por quê não me pediu ajuda? - Sentei na bacia do banheiro.

- Não te achei. - Ele sorriu e tirou as luvas de plástico.

- As vezes esqueço que você pinta os cabelos. - Admirei seus movimentos.

- Pois é amor, combina demais comigo, né? - Ele se virou e me deu um selinho.

- Ta um gato.

- Obrigada. - Ele deu um sorriso. - Adivinha pra qual país iremos depois daqui? - Ele me olhou pelo reflexo do espelho.

- Não sei. - Eu ri. - Estamos a tanto tempo viajando que já esqueci o nome dos países. - Eu gostava de viajar, principalmente por quê eu estava com ele, mas era muito cansativo ter malas como guarda roupas, não poder ficar três dias sem fazer nada. Além de que, eu queria começar a exercer minha profissão.

- Australia. - Ele riu.

- Nós vamos para Australia? - Arregalei os olhos. - Vamos sair do extremo frio pra o extremo calor.

- Vai ser legal! - Ele riu

- Sei que vai, qualquer lugar que vou é legal, desde que você esteja junto comigo.- Me animei.

- Af, você é perfeita. - Ele me deu um beijo.

- Você que é.

Fiquei animada com a viagem, eu estava um pouco desanimada com a conversa que tive com Diana, mas todas essas preocupações se esvaem quando estou perto dele, todos os problemas do mundo se tornam mínimos quando estou nos braços dele, é a paz em meio ao caos dessas viagens constantes. Castiel foi tomar banho e eu fui assistir televisão, logo ele se juntou a mim e ficamos esparramados na cama o resto do dia, pedimos serviço de quarto e curtimos o último dia frio da Islândia. Eram raros os momentos que tínhamos tempo pra ficar deitados sem fazer nada, a rotina de uma turnê era corrida demais, eu nunca imaginaria se não tivesse vindo com ele, Castiel estava cansado, os shows estavam se aproximando do fim e o cansaço já tomava conta dê todos.

Eu estava super ansiosa pra voltar pra casa, pra ver Rosalya e seu barrigão, pra dar início ao projeto do meu consultório de psicologia, pra ajudar nos preparativos do quarto do meu sobrinho. A vida viajando e conhecendo o mundo era perfeita, mas me incomodava o fato de não estar fazendo nada, nem para mim, nem para ninguém. Um ano sabático era legal, mas eu descobri que não posso passar muito tempo sem cuidar da minha própria vida, fico me sentindo uma inútil. Mas quando eu olhava para um certo par de olhos cinza incrivelmente lindos, eu percebia que valia a pena, vê-lo sorrir, estar construindo nossa relação, era a primeira vez que eu me sentia tão feliz com alguém.

Castiel era tão bobo por mim, fazia tudo que eu queria mesmo sem eu saber que queria, uma hora ele ia cansar de fazer minhas vontades, mas enquanto isso não acontecesse, eu iria aproveitar.

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