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Um ano se passou desde que nos separamos. Estava mais fácil lidar com a ausência dele, embora sempre estivesse presente. Ele teve uma reação engraçada quando pintei meus cabelos de preto, tive a impressão de que segurou várias coisas que teria dito se estivéssemos juntos e isso aqueceu o meu coração, mas me deixou triste ao mesmo tempo. Eu resolvi meus problemas com Nathaniel, na verdade, acho que nem posso chamar de problemas, resolvemos nossas pendências. Ele é muito presente na vida do Dylan, acredito que por ser sozinho igual a mim, Nath agora é policial e nos tempos livres ensina boxe ao Dylan, que chama ele de tio. Muitas vezes eu mesma vou levar o Dylan para as aulas e nós tomamos sorvete depois, é engraçado como a maturidade e o apesar do tempo resolvem as coisas, anos atrás eu não poderia nem olhar na cara do Nathaniel sem sentir raiva ou tristeza, hoje em dia nós somos amigos de novo e passamos por perrengues juntos, como quando perdemos o Dylan no shopping.

Um dia ouvi Dylan contando ao Castiel sobre as aulas de boxe e as vezes que saiamos juntos, vi a expressão enciumada no rosto dele, uma besteira na minha opinião. Eu não sinto mais nada pelo Nathaniel, nós somos amigos, como éramos antes de tudo e talvez até um pouco mais, mas é só isso. Não consigo mais vê-lo de outro jeito e uma vez só já serve pra aprender a não repetir os erros.  O dia seria agitado, era aniversário de seis anos do Dylan e Castiel estava vindo, o menino pulava de um lado a outro dentro do meu apartamento, animado com a vinda do padrinho que tinha prometido uma guitarra nova, por quê sim, Dylan ama instrumentos musicais. Ao contrário das festas que Rosalya amava fazer, Dylan havia escolhido algo pequeno, alguns amigos dele viriam ao meu apartamento para um dia de jogos, filmes e besteiras. Os únicos adultos permitidos foram os que ele acha legais, o tio Nathaniel, pra ensinar boxe, o padrinho guitarrista, e mãe por quê era a mãe, o tio Lysandre por quê era estranho e as crianças gostavam dele, Alexy por quê maquiava as meninas, Kim, por quê batia no Nathaniel e eu, que era a dona da casa e ele não podia me expulsar. Infelizmente Leigh estava em uma convenção de moda e não poderia estar presente.

- Tia Ari olha só! - Dylan tirou minha atenção dos cupcakes.

- Que lindo! - Ele me mostrava os passarinhos que pousavam nas plantas que pus em minhas janelas. 

- O tio Nath chegou. - Ele pulou do sofá com o celular na mão.

- Abre pra ele meu bem. - Rosa gritou lá da varanda.

Rosalya estava montando a mesa de jogos na varanda e uma mesa de carpintaria estava montada na sala, eles fariam casas para os passarinhos que chegavam na minha janela.

- Ele trouxe a Branca! - Dylan gritou feliz.

- Ela não vai comer meus passarinhos, vai? - Perguntei.

- A Branca só come ração de qualidade, Ari. - Ele riu e soltou a gatinha no chão.

- Tio, olha a mesa de carpintaria. - Dylan puxou Nathaniel pela mão.

- Que legal cara. - Ele riu e se sentou junto com ele.

- Oi Branca. - Passei a mão nas costas da gatinha.  Ela correu para perto de Nathaniel quando terminei de fazer carinho nela.

- Ela lembra de você. - Nathaniel me olhou e sorriu. Uou, espero que esse olhar não seja o que to pensando.

- Acho que o bolo ta pronto! - Rosa entrou na sala gritando e eu agradeci mentalmente. - Me ajuda Ari?

- Claro. - Larguei os cupcakes e corri atrás dela.

- O que foi aquilo na sala?

- Você percebeu também? Achei que era coisa da minha cabeça.

- Não foi. - Ela me olhou séria. - Cuidado.

- Sabe que meu coração é de outra pessoa. - Sorri sem graça.

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