Nós fomos, de fato, muito felizes. Dois dias depois de ser pedida em casamento eu já estava dentro de um avião indo para o mundo e assim foi por muito tempo. Nós nos casamos em Paris, por quê foi o lugar onde finalmente ficamos juntos, foi uma coisa simples, o cartório e um jantar com o pessoal da banda. Castiel comprou uma casa para nós em Los Angeles, como havíamos planejado, mas nós não tínhamos muito tempo para ficar lá. Sempre que ele estava de férias, nós voltávamos para o meu apartamento, por causa do Dylan e dos nossos amigos.
Estávamos perdendo todo o crescimento do nosso afilhado, então sempre íamos vê-lo, em qualquer oportunidade. A rotina corrida me fez continuar com os atendimentos online por anos, eu não podia ajudar muitas pessoas, por quê casos mais complicados exigem um acompanhamento de perto e eu não podia oferecer isso. Esse fato começou a me deixar muito triste, eu não conseguia exercer minha profissão do modo que sempre sonhei. Estava perdendo o crescimento do meu afilhado e da minha carreira.
Depois de dois anos de casados, eu comecei a ver as coisas de outro modo, a vida cigana estava me deixando triste e cansada. Eu queria ter a minha clínica de psicologia, queria poder criar raízes em algum lugar e, principalmente, precisava parar. Minha mente estava a mil, por quê não tínhamos tempo pra descansar, quando saiamos de férias, o tempo parecia voar, eu não conseguia aproveitar e quando me dava conta, estávamos viajando novamente.
Me sentei com Castiel para conversar sobre isso e decidi que ficaria em nossa casa, atenderia meus pacientes e ficaria esperando ele voltar das turnês. Ele não gostou muito da ideia, mas eu não podia ficar sempre abrindo mão das minhas coisas pra seguir a carreira dele, eu precisava dar curso na minha vida. Os dois anos que se seguiram deram certo, nós criamos uma rotina e conseguimos nos adaptar muito bem, éramos felizes, até que, aos poucos, deixamos de ser.
A rotina da banda mudou, muitos compromissos, entrevistas, eventos, sessões de fotos, enfim... ele mal tinha tempo de ficar em casa e a palavra férias não existia. Nós morávamos juntos e mesmo assim mal nos víamos, foi quando eu comecei a perceber que as coisas estavam desandando. Nós ainda nos amávamos no mesmo nível, ou até mais, mas o amor não foi suficiente para manter o nosso relacionamento de pé. Quando ouvimos alguém falar que só o amor as vezes não é suficiente, duvidamos, desacreditamos, afinal, se o amor não é suficiente, o que nesse mundo poderia ser? Infelizmente eu descobri que isso é verdade e foi a coisa mais difícil que já precisei entender na vida, que só o amor não estava sendo o suficiente para manter meu relacionamento com Castiel.
Um dia nós finalmente conseguimos sentar para conversar, ele arranjou tempo em sua agenda. No fundo, acho que ele já sabia sobre o que eu queria falar, pois quando se sentou em minha frente, seus olhos estavam tristes. Quando finalmente consegui pôr para fora o que estava em mim, ele apenas assentiu e concordou com tudo que eu disse. Nós sabíamos que era o melhor caminho a seguir. Ele quis que eu ficasse na casa, afinal, ele mal pisava nela, mas eu não queria. Minha vontade era voltar para o meu apartamento, para perto dos meus amigos, do meu afilhado, da minha família.
Deixar Castiel foi a coisa mais difícil que já fiz na minha vida, me lembro de ter passado o primeiro mês chorando, mas o choro era pelo fim do que tínhamos construído com tanto amor e por saber que haviam sonhos que não poderíamos realizar, como ter a nossa filha, nossa casa na praia, fazer um festão de casamento quando completássemos dez anos de casados... tudo isso ficou nos caminhos que tivemos que percorrer. Infelizmente nós fomos nos perdendo diante deles e em um certo ponto não conseguimos mais nos encontrar.
Mesmo com tudo isso, eu não conseguia me sentir culpada. Eu sabia que havia aberto mão de muita coisa para viver o que nós vivemos, e embora eu não gostasse de pensar assim, só eu precisei abrir mão. Atrasei minha carreira, minha clínica, minha pós graduação e meu mestrado, eu abri mão de muitos projetos da minha vida para seguir com o Castiel. Não posso dizer que me arrependi, eu vivi os melhores anos da minha vida até o dia em que caiu a ficha de que eu não tinha construído nada meu. Tudo que eu vivia era de acordo com a carreira e vida do meu marido e isso começou a me deixar frustrada. Nossos feitos são nossos monumentos, eles marcam nossa passagem pela terra e Castiel estava marcando o mundo inteiro, mas eu estava parada, passando ilesa pela vida, protegida por ele e mais dez seguranças que me acompanhavam para onde quer que eu fosse e eu não podia continuar assim.
Quanto mais frustrada eu ficasse, mais infeliz comigo mesma eu seria e, consequentemente, faria o Castiel infeliz também e eu não poderia fazer isso com uma pessoa que me deu tudo. A melhor coisa a se fazer foi separar nossos caminhos, embora eu acredite que isso não seja possível, Castiel e eu somos inevitáveis um para o outro. Nós combinamos de ir para todos os aniversários do Dylan, não importando o que acontecesse, era nosso afilhado e nós tínhamos responsabilidade com ele. Ele ainda passava os natais com a minha família, ainda ia me ver quando estava de férias, precisávamos ter cuidado, por quê as vezes esquecíamos que não éramos mais um casal.
Foi como se tivéssemos retornado à nossa amizade, por quê sabíamos muito bem que não iríamos conseguir viver separados completamente, nossas vidas nunca foram separadas. Era difícil olhar pra ele e não poder lhe beijar, lidar com medo que vinha todo ano na época do aniversário do Dylan, medo de ver ele chegando com outro mulher ao seu lado. Eu não deixei de amá-lo e suspeito que nunca deixarei, era ruim ver ele indo embora, ruim saber que ia demorar para lhe ver novamente, ruim não conseguir me envolver com ninguém por quê no meu coração só tinha espaço pra ele. Mas nós estávamos seguindo, ele com sua carreira e eu começando a minha.
Com o dinheiro que consegui juntar, abri a minha clínica do jeito que eu sempre quis. Entrei em uma pós graduação e continuava me aperfeiçoando naquilo que eu amava fazer, isso me fazia feliz, ver a minha carreira decolando, meus sonhos se realizando. Mas quando eu chegava em casa, o vazio me abraçava. Ninguém me esperando, nenhum barulho além dos meus passos, era triste e solitário, mas a vida tem dessas coisas. De fato, eu não perdi Castiel, nós continuamos amigos, mas não era só isso que eu queria.

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You are the reason
FanfictionTenta não se acostumar, eu volto já, me espera. Segundo livro da série de amor doce. Por favor, leiam Back to me antes.